Por Es.Col.A entrevistado por Passa Palavra

 

O Passa Palavra publicou um artigo acerca do Projecto Es.Col.A. e vários documentos na secção Movimentos Em Luta, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Passa Palavra: Como é que tudo começou? Porquê naquele bairro e não noutro?

fontinha-3Es.Col.A: Já há muito alguns companheir@s sentiam a necessidade de ocupar e criar um centro social autogestionado no Porto; depois de muitas conversas e planos um grupo começou a criar-se e entre companheir@s, grupos de afinidades, amig@s e conhecid@s; éramos mais de 70 no dia em que, em ambiente de festa, se decidiu entrar na abandonada Escola do Alto da Fontinha. Pela afinidade de bastantes das pessoas envolvidas com esta zona da cidade, pelo abandono visível daquele bairro e as recentes notícias de vandalização do espaço, o local pareceu o ideal.

PP: Uma grande parte da ocupação de casas pós-PREC [Processo Revolucionário Em Curso, ou seja, os anos de 1974 e 1975] parte essencialmente da procura da reprodução de uma identidade, muito ligada à cultura punk e anarquista. Em que medida é que a vossa iniciativa se resume ou não a esta mesma reprodução?

E: As ideias centrais no Es.Col.A são o caminhar para a autogestão e eliminar todas as formas de hierarquias e esse é um conceito partilhado também por (anarcho-)punks e anarquistas, mas é também assim que tod@s gerimos a nossa vida quando estamos entre amig@s, fora dum local competitivo e autoritário como o trabalho ou uma sociedade capitalista, e por isso abrange muito mais do que a mera reprodução da cultura punk ou anarquista. A ideia do Es.Col.A passa por devolver este espaço à comunidade.

PP: Qual o papel da população do bairro no projecto? Participativos ou meros vizinhos?

E: O projecto Es.Col.A nasceu no bairro e para o bairro, com a comunidade e para a comunidade. A participação das pessoas da Fontinha é um objectivo primordial, sendo que desde sempre sentimos o apoio da maioria dos seus residentes, especialmente depois do processo de desocupação. Diariamente, pessoas de todas as idades frequentam o Es.Col.A, seja para usufruir das actividades e do espaço como para participar na sua construção. Apesar de todo esse apoio, gostaríamos que a participação fosse maior e mais frequente, e por isso temos vindo a reflectir e a agir para que tal aconteça.

PP: A resposta à invasão policial e desocupação ficou marcada pela adopção de tácticas raramente partilhadas, digamos, por uma cultura de ocupações mais ortodoxa: diálogo com os media [mídia], participação numa assembleia municipal e, no final, estabelecimento de um acordo com o município. Internamente, entre o grupo, e externamente, quais foram as consequências da adopção dessa postura?

fontinha-2E: Todas as medidas adoptadas foram resultado de decisões consensuais provenientes das assembleias realizadas. As pessoas que estão com o Es.Col.A (interna e externamente), apesar de terem ideologias e convicções distintas, nutrem do mesmo espírito solidário e da mesma força libertária que fizeram nascer este projecto.

PP: Qual a situação actual da Es.Co.La e os seus planos futuros?

E: Actualmente o Es.Col.A mantém as suas actividades e continua a receber novas propostas. Este é um processo que não se esgota por aqui e que desejamos manter por muito tempo. Não havendo uma grande definição em relação ao futuro, pelo menos podemos garantir que iremos manter os princípios da autogestão e do consenso, trabalhando para que haja cada vez mais participação e interacção entre o bairro no sentido de criar um melhor vida para todos na Fontinha.

Extractos de uma banda desenhada por José Smith Vargas

fontinha-6

fontinha-1

fontinha-5

3 COMENTÁRIOS

  1. Esta banda desenhada está disponível on line, procurando pelo nome do autor. Aqui só estão reproduzidas três páginas. Tal como dissemos no artigo, são apenas extractos.

  2. É por meio dos conselhos e organizações autogestionários que os portugueses podem contribuir para os povos saírem do atoleiro capitalista.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here