Carta Aberta ao Magnífico Reitor da UNESP,

Herman Jacobus Cornelis Voorwald

Magnífico Reitor,

A Reitoria da UNESP sustentava a postura de não negociação, acompanhando as decisões das Reitorias da USP e UNICAMP. Alegava o Magnífico Reitor de nossa universidade que, somente dialogaria mediante o fim de nosso pacífico e legítimo movimento de ocupação do Prédio de Aulas. Os três setores da universidade, ao contrário, sempre estiveram abertos ao diálogo, particularmente estudantes e funcionários, que não são levados em conta nos processos decisórios e de gestão da universidade, ao menos não se considerarmos sua importância — pois são tão fundamentais ao funcionamento da universidade quanto os distintos doutores. Nem tocaremos no fato de funcionários e estudantes somarem número mais de dez vezes superior àquele dos professores.

Diante da falta de ânimo da reitoria em discutir conosco, a greve tornou-se o último recurso, o grito de desespero. Mas, em greve ou não, com ocupação ou não, estamos sempre abertos ao mais franco diálogo, seja com as direções e reitoria, seja com o Governo do Estado. É que entendemos ser impossível a construção de uma universidade democrática sem a participação igualitária de todos que a compõem, do mesmo modo que uma sociedade não pode reivindicar-se democrática sem que todos seus membros participem igualitariamente de sua construção, em todos os sentidos que isto pode tomar.

Consideramos como avanço mínimo, por parte da Reitoria, aceitar receber uma delegação dos estudantes grevistas e ocupados da FFC-UNESP/Marília, bem como um delegado do Diretório Central dos Estudantes da UNESP-FATEC, órgão representativo da totalidade do corpo discente unespiano e fatecano, legitimamente constituído de acordo com a necessidade e vontade política dos estudantes destas universidades em suas instâncias de organização e decisão.

O Comando de Greve dos Estudantes da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP campus Marília, vem a público solicitar esclarecimento sobre os motivos que levaram Vossa Magnificência a alterar a data da Reunião de Negociação marcada primeiramente para a segunda-feira dia 15 de junho — segundo a Diretora de nossa Unidade, profª Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita — para a quinta-feira, dia 18 de junho, às 8 horas e 30 minutos, na sede da Reitoria, em São Paulo. Neste sentido, o avanço já apontado foi claudicante.

Não sabemos quanto a Vossa Magnificência, mas, de nossa parte, estamos candentemente interessados em discutir nossas reivindicações, especialmente pelo fato de não termos sido consultados, enquanto estudantes, sobre as ações mais recentes da Reitoria; ao menos não como gostaríamos de.

O adiamento da supracitada reunião faz-nos crer que nosso movimento grevista com ocupação agrada a Reitoria desta universidade. Ao corpo estudantil, enfatizamos, ela não agrada. Mas, agrado por agrado, nos descontenta com maior veemência o fato de não sermos levados em conta na gestão, nas decisões e no planejamento que afeta a UNESP de modo global.

Desta feita, esperamos resposta de Vossa Magnificência. Esperamos aclarar nossas idéias e bem saber as reais intenções da idiossincrática Reitoria desta universidade.

Eis a acepção na qual deve-se tomar esta missiva.

Sem mais,

Saudações,

Marília, 11 de junho de 2009, QG (Sala 48 ocupada)

Comando de Greve dos Estudantes da FFCE-UNESP/Marília

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