Carta Aberta à População de São Paulo

Moradores da Favela do Sapo, na  Água Branca,  sofrem ameaça de remoção

Desde o dia 14 de julho de 2009, quando centenas de Moradores da Favela do Sapo, na Comunidade da Água Branca,  ocuparam a MarginalTietê na Zona Oeste da Cidade de São Paulo, gerando uma enorme repressão por parte da policia militar, toda a cidade e várias regiões do país tomaram conhecimento das ações violentas da Prefeitura na bilionária obra viária de ampliação das marginais e seus verdadeiros objetivos na denominada Operação Urbana Água Branca, que visa atrair o capital imobiliário para a região.

No local moram 455 famílias, porém, segundo a Secretaria de Habitação, apenas 87, caso tenham renda, teriam direito à moradia, as demais, cerca de 380 famílias, deveriam se contentar com um “cheque despejo” de 5 mil reais, uma verba para compra de barraco em outra favela, albergue, cesta básica ou ainda uma passagem para retornar à sua cidade de origem.

Tais propostas da prefeitura lembram muito as gestões autoritárias do passado, com mais requinte de perversidade.

Como tal procedimento já teria ocorrido em outras quatro remoções de favelas nas marginais, os agentes da Secretaria de Habitação, imaginaram que não teriam qualquer dificuldade em remover ou expulsar mais 455 famílias.

Mas se enganaram. O povo da Favela do Sapo – Água Branca resistiu, e não aceitou a remoção imposta pela Prefeitura de São Paulo.

A Defensoria Pública de São Paulo interpôs uma Ação Civil Pública, que tramita na 14º Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Processo 053.09.024680-5, no sentido de tentar impedir a expulsão forçada das famílias.

O Povo Favelado está cansado de ser empurrado para lá e para cá. E, cansado de tantas as ameaças e humilhações, está lutando para dar um basta nesta forma medíocre e perversa de atendimento, em que famílias que recebem , 1500 ou 5 mil reais, têm que ficar migrando de favela em favela e de viaduto em viaduto.

Os Moradores defendem que todos sejam atendidos em moradias populares na região, na própria Operação Urbana, e desafia a prefeitura a dizer a verdade sobre a remoção das favelas das marginais, que nada mais é, que expulsar os pobres e excluídos das regiões mais caras da cidade para entregá-las sem favelados ao grande capital imobiliário.

A classe rica desta cidade odeia gente pobre, favelado, morador de rua e sem teto. Portanto, para os ricos, quanto mais longe os pobres ficarem, melhor.

Sabemos que o aumento da ocupação da Favela do Sapo no Complexo Água Branca, nada mais é, que o resultado das remoções das Favelas próximas das Pontes da Anhanguera e do Viaduto Julio Mesquita, onde estavam instaladas as Favelas da Paz e Aldeinha.

A Prefeitura precisa ser transparente e explicar ao povo de São Paulo seus verdadeiros objetivos, a quem serve estes processos de remoções, associados aos grandes interesses imobiliários resultantes da ampliação das marginais, das novas pontes estaiadas, e da Operação Urbana Água Branca.

Os Moradores da Favela do Sapo exigem e moradia digna. Enquanto morar for privilégio, ocupar será um direito!

São Paulo, 26 de Julho de 2009.

Comissão de Moradores da Favela do Sapo – Água Branca

Associação dos Trabalhadores Sem Terra da Zona Oeste e Noroeste

União dos Movimentos de Moradia de São Paulo.

Central de Movimentos Populares

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