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Documentário sobre execuções sumárias no Rio de Janeiro teve pré-estréia mundial em Coimbra

O documentário Luto como Mãe, do cineasta brasileiro Luís Carlos Nascimento, que relata casos de execução sumária de cidadãos por polícias no Rio de Janeiro, foi apresentado em 29/06 em Coimbra, em ante-estreia internacional.

O filme, que seguidamente irá entrar no circuito dos festivais, é apresentado no âmbito de um projecto de investigação do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, e conta com a presença de uma mãe que viu dois filhos e um sobrinho executados por agentes policiais.

Luís Carlos Nascimento, realizador da obra, disse à agência Lusa que o filme retrata os movimentos espontâneos ou organizados de mães, irmãs e esposas que reclamam justiça e recolhe alguns depoimentos delas a contar as histórias pessoais e familiares.

Segundo o autor, o documentário, com a duração de 70 minutos, aborda três casos emblemáticos de execuções sumarias, um deles o Caso de Via Show, de 2003, uma casa de espectáculos em que foram executados dois irmãos, um primo e um amigo. A mãe dos dois irmãos, Elizabeth Paulino, esteve em Coimbra para participar no debate que se segue à exibição do filme.

Os outros dois casos que são abordados com mais pormenor são os conhecidos por Chacina de Acari, de 1990, em que 11 jovens desapareceram, «havendo evidências claras de execução sumária», e o «maior caso de homicídio por polícias», registado em 2005 na Baixa Fluminense, referiu o cineasta.

Como retaliação contra as medidas de luta contra a corrupção no seio das forças policiais, 11 polícias atiraram indiscriminadamente contra pessoas na Baixa Fluminense e mataram 30.

Segundo Luís Carlos Nascimento, alguns dos polícias envolvidos nas execuções sumárias estão detidos, outros a aguardar julgamento, e o filme procura captar essa luta pela justiça na cidade do Rio de Janeiro, que é palco frequente de execuções sumárias e arbitrárias cometidas por agentes do Estado.

Luto como Mãe centra-se nas histórias de sobreviventes, mães, irmãs e esposas, que perderam os seus familiares em actos de violência armada urbana e que por essa razão lidam com o trauma diário da desarticulação familiar, das dificuldades financeiras e do estigma.

Neste filme conhecem-se essas mulheres de força, persistência, vontade de justiça e de mudança e os seus percursos de passagem do Luto à Luta; mulheres que procuram agora lutar por justiça e pela visibilidade, refere uma nota de divulgação.

Luto como Mãe resulta de um desafio lançado pela investigadora do CES Tatiana Moura, e agora é apresentado no Teatro da Cerca de S. Bernardo com o envolvimento do Núcleo de Estados para a Paz e do Observatório sobre Género
e Violência Armada daquele centro de investigação da Universidade de Coimbra.

Source: Agência Lusa (PT)

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