Dividos em duas colunas, no último sábado (9/8), 850 Sem Terra do Mato Grosso do Sul (MS) iniciaram a marcha que chegará dia 14/8 à capital Campo Grande. Com o lema “Terra, Trabalho e Soberania”, a VI Marcha Estadual do MS alerta sobre necessidade da Reforma Agrária para a construção de uma alternativa à crise econômica.

A Coluna Dorcelina Folador, que saiu de Nova Alvorada do Sul, chegou hoje à cidade de Anhandui e na manhã desta terça-feira segue a Posto Jaú. Já a Coluna Geraldo Garcia, que iniciou marcha na manhã desta segunda-feira (10/8) no acampamento Sete de Setembro, em Terenos, segue nesta terça-feira em direção a Indubrasil.

A marcha é uma das ações incluídas na Jornada Nacional encabeçada pelo MST e outras organizações de trabalhadores, que acontece em todos os estados simultaneamente até o dia 14/8.

Os Sem Terra do Mato Grosso do Sul exigem:

1. Revisão dos índices de produtividade da terra em nível nacional;
2. Disponibilização de terra para assentamento de todas as famílias acampadas no Estado, e no Brasil (90 mil só do MST);
3. Aumento e Reposição do Orçamento da Reforma Agrária, que sofreu corte de 30%;
4. Liberação de linhas de crédito para a implantação de agroindústrias nos assentamentos;
5. Ampliação do programa para assistência técnica nos assentamentos;
6. Resolver o problema do endividamento das famílias assentadas;
7. Criação de programas ambientais nos assentamentos;
8. Ampliação do quadro de funcionários e melhores condições de trabalho e infra-estrutura para INCRA-MS;
9. Que o governo do Estado crie política agrícola voltada a agricultura camponesa com foco na produção de alimentos;
10. Infra-estrutura para os assentamentos: estrada, energia, água, casa e escola;
11. Demarcação das terras Indígenas;
12. Demarcação das terras Quilombolas.

A seguir, leia o manifesto da Marcha Estadual do MST-MS:

A Reforma Agrária como saída para a crise

A reforma agrária é uma forma de combater a concentração da propriedade da terra nas mãos de poucos. Defendemos a distribuição da terra que é um bem de todos, para quem nela trabalha, possibilitando a produção de alimentos e a redução da pobreza.

O agronégocio não tem nenhum interesse em dar emprego e moradia para os trabalhadores rurais. Ao contrário, trata de usar máquinas e contratar o menos possível, apenas nos períodos de safra. Podemos citar o exemplo da grande Usina de Rio Brilhante, que prometeu centenas de emprego e agora todo o trabalho é mecanizado. Com isso, é gerado desemprego no campo e êxodo rural, e o povo brasileiro precisa migrar para as cidades. Basta percorrer as grandes cidades e seus bairros e ver que todo dia chega gente do interior.

Não podemos aceitar que o dinheiro público continue servindo para salvar aqueles que não tem compromisso social, como os bancos, as transnacionais, usineiros, frigoríficos, que ganham lucros, abrem falência, não pagam impostos e demitem os trabalhadores, não respeitam seus diretos, como no caso do Frigorífico Independência. Em conseqüência disso houve corte de 30% no Orçamento da Reforma Agrária, e o trabalhador brasileiro que não
tem nada haver com a crise, esta pagando com o desemprego, com a calamidade dos serviços públicos e perda dos direitos sociais.

A necessidade da Reforma Agrária

Nestes 25 anos de lutas do MST em Mato Grosso do Sul, conquistamos terra para mais de 8 mil famílias, em 41 projetos de assentamento, perfazendo uma média de 15ha por família, que antes serviam para criar boi e para plantação de soja para exportação. Hoje esta servindo para resgatar a dignidade, trazendo possibilidade de melhores condições de vida.

A terra que é um bem da natureza e esta diretamente ligada com a soberania de um país virou mercadoria, diversas empresas estrangeiras, como as usinas, estão se apropriando de imensas quantidades de terra para fazer especulação sem nenhum compromisso com o meio ambiente e o País, e o Governo Federal não tem nenhum controle sobre esta situação. Enquanto isso milhares de famílias não tem moradia e nem onde produzir seus alimentos.

A forma como esta sendo tratado a demarcação das terras indígenas em nosso Estado é uma vergonha. O compromisso de ajustamento de conduta feito pelo Ministério Público Federal e a FUNAI para a realização do estudo e identificação das terras indígenas sofre forte repressão da classe latifundiária e alguns órgãos públicos que ameaça impedir com o uso de violência.

Defendemos uma política voltada para a agricultura, que possibilite a geração e desconcentração de renda, o desenvolvimento dos municípios, a criação de empregos, valorizando as diversas culturas do nosso Estado.

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