Por Ateneu do Cerro

[Texto original em castelhano no final]

Como outras vezes, a maioria do comércio dos bairros Cerro y La Teja amanheceram com as portas fechadas; era 1º de Maio. Era esta data que se mantém na memória coletiva de grande parte dos trabalhadores e que nos fala de lutas, conquistas, sofrimentos, de sangue de trabalhadores derramado e de sonhos que se mantém.

Era meio dia, um grupo de 50 pessoas caminhava pela Rua Grécia até o lugar de concentração: a Curva da Grécia. Iam com faixas e bandeiras de organizações sociais. Havia-se anunciado possíveis chuviscos e, todavia, um sol morno trazia um pouco de calor e de otimismo. “Da forma como o dia está, podemos esperar boa participação”, comentava um dos presentes.

Em poucos minutos foram chegando à Curva da Grécia, de diferentes pontos do bairro, gente que vinha participar da marcha. O carro de som tocava o Tango 1º de Maio e a Internacional, e dizia quais eram as questões sociais priorizadas neste encontro popular.

Esta era a 26ª marcha, nas ruas desde um pouco antes da queda da ditadura, e daquele momento até o presente. Ininterruptamente caminhamos estes quase 10 quilômetros até o Ato Central, reivindicando um passado, necessidades do presente e uma utopia que segue pulsando nos corações dos trabalhadores.

Já há alguns anos dois breves atos são realizados neste trajeto: um na Praça Mártires, da indústria frigorífica, no limite do Cerro, e outro na Praça 25 de Maio, lugar em que há uma placa que recorda queridos companheiros que tombaram na luta, “desaparecidos”, todos por lutar por um mundo melhor, por justiça e liberdade.

Comunicado da indústria frigorífica, lido na Praça Mártires pelo militante do Cerro, Omar García.

Companheiras e companheiros:

Mais um ano realizamos aqui um ato para homenagear os companheiros mártires da indústria da carne. Nas breves palavras que se pronunciam aqui no Cerro, sempre se menciona uma parte de nossa história operária, sejam as do início do século ou dos finais, mais recentes, como a de Colagel, que recordamos e homenageamos no ano passado. Este ano queremos insistir fortemente na necessidade de trabalhar nos problemas que nossa classe trabalhadora possui, aqueles que dia a dia vemos em nosso bairro. Os problemas da educação com sua falta de recursos e a desistência dos jovens, as graves faltas de atenção na saúde, a precariedade e a falta de trabalho, os problemas de moradia, a droga como um castigo a mais para os de baixo.

Os meios de comunicação tratam destes temas, mas poucas vezes dão atenção a outros culpados, senão nós mesmos, os de baixo. A insegurança e a guerra de pobres contra pobres parecem não ser analisadas por quase ninguém nos meios de comunicação; ninguém fala do sistema que produz marginalidade, que sustenta e impulsiona o consumo a qualquer custo, que precisa cada vez menos da mão-de-obra, mas que quer gerar consumidores.

Por isso devemos apostar mais uma vez no esforço de nos unirmos e fortalecermos os espaços que permitam resistir aos golpes deste cruel sistema, lutando pelo resgate dos valores da classe, lutando por nossos direitos. Participando, fortalecendo e nos aproximando das lutas sindicais, dos centros de educação, das coordenadorias e comissões de bairro; as organizações sociais.

Recorrendo mais uma vez à nossa rica história operária, que legou a nós sua experiência e sua dedicada vida, podemos dizer que, sem dúvida, devemos fazer desta uma história nossa. Para seguir adiante, levantando as mesmas bandeiras de construção e de luta.

Pela construção de um bairro forte e solidário!
Por um 1º de Maio classista e combativo!
Salve os Mártires de Chicago!
Porque recordar suas lutas é sinônimo de seguir na construção de uma cultura de dignidade, luta e esperança para nosso bairro e para a classe trabalhadora em geral!
Salve os Mártires da indústria da carne: salve Spala, salve Muñoz, salve Motta, salve Paleo!
Salve o 1º de Maio. Salve o Cerro. Arriba los que luchan!

No trajeto que vai do Cerro à Praça 25 de Maio mais gente foi se somando. O grupo maior havia se concentrado na própria praça. Um grande cartaz com um rosto destacava-se em uma coluna, recordando Tabaré, e ali estava seu rosto, de um querido militante de La Teja morto recentemente.

Neste breve ato falaram dois companheiros: Adriana Fernández, do Ateneu do Cerro e do Centro de Assistência do Sindicato Médico do Uruguai (CASMU), e Fábio, do Ateneu Carlos Molina e do sindicato dos metalúrgicos.

Abaixo o comunicado que foi lido por eles.

Companheiros trabalhadores, desempregados, aposentados, estudantes, comerciantes. Vizinhos.

Mais um Primeiro de Maio estamos juntos, unidos nesta coluna que é expressão de resistência e de luta. Que expressa suas reivindicações, suas denúncias, seus desejos de um futuro melhor, possível para a classe trabalhadora.

Este ano começou anunciando que o desemprego baixava a níveis nunca vistos, mas sabemos que o certo é que os empregos que são gerados agora são os mesmos que hoje se encontram nos jornais: empresas de segurança, serviços, todos pagando salário mínimo ou menos. Precários, com poucos ou nenhum direito. Histórias que nestes bairros bem conhecemos: gastar parte do pequeno salário em transporte, nem falar de comer. Estes são os empregos que aqui podemos ver e ter.

Em relação ao trabalho autônomo, temos que saudar e nos solidarizar com a luta que sustentam aqueles que trabalham com a classificação e reciclagem de materiais, por melhorias de condições e para que aquilo que são as fontes de seu trabalho não seja fechado.

Falando de empregos e de perda de direitos, nos solidarizamos com os trabalhadores do CASMU, que têm resistido, lutando contra a diminuição de salários proposta pelo governo, contra as ameaças de ficar sem emprego e as indignas declarações de dirigentes do sindicato médico. Os trabalhadores que não recebem não comem, e a maioria não tem conta no banco para colocar ou aplicar o salário. Esta luta não aceita a proposta de essencialidade[1], dizia o cartaz que levavam as companheiras do CASMU há alguns dias. Para comer o salário é imprescindível.

Outras lutas sindicais por recursos trabalhistas e melhorias de vida do trabalhador foram levadas a cabo pelos companheiros metalúrgicos.

A mesa regional da União dos Trabalhadores Metalúrgicos e Ramos Afins (UNTMRA) aqui presente conta que este ano é muito importante para a luta pela defesa da organização sindical dos furiosos ataques das patronais reacionárias; que, alegando que chegou a crise, tomam medidas unilaterais que atropelam os trabalhadores como: demissões; obrigação de os trabalhadores aceitarem o seguro por interrupção de trabalho ou desemprego[2]; terceirização dos processos de produção; violação dos contratos coletivos, acabando com a regulamentação do trabalho e das relações trabalhistas, empurrando centenas de companheiros à marginalização e à pobreza por perderem suas frentes de trabalho.

Exemplo disso são as empresas: SOMIL (NORDEX), MOTOCICLO, JASPE, BADER, SENDA (BRANA), TEXTILES e outras. Diante desta situação, os trabalhadores vêm desenvolvendo medidas de paralisação e de mobilização; para resistir a este golpe patronal, para que os trabalhadores não paguem pela crise:

1.) redução da jornada sem perda de salário
2.) que se respeitem os contratos coletivos
3.) rotação do seguro por interrupção de trabalho ou desemprego[3]
4.) capacitação dos trabalhadores com recursos do “fundo de recuperação do trabalho”[4]

A luta também é para fortalecer a organização e fazer de cada centro de trabalho um baluarte de unidade em que essas patronais quebrem a cara em suas tentativas de despojar os trabalhadores de seus direitos.

A droga e a prisão são alguns destinos cruéis para as novas gerações que provêem de nossos bairros. Prisões abarrotadas de gente jovem e pobre são uma das perversas caras de um sistema que tem gente demais. As prisões de nosso país, tristemente famosas, são exemplos de violações de direitos humanos, em quase sua totalidade superpopuladas.

Quantas alternativas reais existem hoje? No setor educativo, podemos escutar as denúncias de docentes agremiados de nossa região, que falam que a nova lei de educação tira a pouca autonomia que havia, sendo que agora o setor dependerá mais ainda das orientações neoliberais dos organismos internacionais de crédito. Lembramos que seguem sendo processados os quatro companheiros que resistiram à repressão no parlamento. Que os pagamentos estão abaixo de 25% da cesta básica e outra coisa que podemos ver: mais de 40 e 50 garotos por classe nas escolas, sem salas nem condições dignas para estudar. A desistência no estudo deveria ser um problema e não algo a estimular, mas ninguém vai querer ficar em um lugar onde claramente parece sobrar.

Do mesmo modo, podemos nos referir a nossa escola pública: classes superlotadas, problemas de violência cotidiana entre as crianças e docentes mal pagos.

Por isso devemos estar ali, defendendo a educação de nossos filhos, assim como a saúde e todos aqueles direitos que sempre são dizimados e atacados pelos de cima.

Este ano de eleições está cheio de campanhas milionárias de publicidade, de promessas de pouca duração que parecem brincadeiras com a miséria e a precariedade. Sobram discursos e os políticos parecem descobrir no último minuto os problemas dos de baixo. Cada qual põe seu coração onde quer, mas é necessário que, para além de todas as bandeiras, os de baixo, os trabalhadores, estejam trabalhando, lutando por seus direitos, a partir dos espaços próprios, a partir das organizações comunitárias, a partir dos sindicatos, em volta da criançada no bairro, buscando abrir espaços para a cultura, a autogestão, o apoio mútuo, em que se resista ao despojo dos de cima e à criminalização da pobreza.

É necessário, e a situação requer, que lutemos para que o individualismo e o desinteresse não tomem conta de nós. Que defendamos o que acreditamos, que não tenhamos vergonha de denunciar a contaminação[5], a venda dos recursos que são de todos, a má distribuição de renda, a impunidade dos poderosos.

Esta impunidade que se quis legitimar, e a qual nosso povo uma vez mais combate, dizendo aos impunes assassinos que não há esquecimento e nem perdão, que nossas organizações populares redobrarão esforços para que, em novembro, anulemos a lei de caducidade.

Nossos bairros têm uma valiosa história de solidariedade e dedicação, de luta e de esperança da classe, uma história que nos obriga a não nos rendermos, a não nos entregarmos e a nos comprometermos completamente.

Antes de seguir caminho, companheiros, homenageamos àqueles que nunca esqueceremos, àqueles que levamos conosco, àqueles que entregaram sua vida com sua contribuição cotidiana de luta e não de falta de firmeza. Sabemos que é levantando suas bandeiras e continuando sua luta que faremos justiça a eles. Salve: Alberto Pocho Mechoso, Plomito Adalberto Soba, Julio César Rodríguez, Ari Cabrera, Asunción Artigas de Moyano, Laureano Montes de Oca, Graciela Basualdo, Gustavo Goicochea, Walter Zanzo, Carlos Flores, Mario Robaina, Tito “Quique” Casialdi, Gauchito Idilio de León, Justo Pilo e, em seus nomes, os de todos os lutadores sociais.

• Por um 1º de Maio classista e combativo!
• Por independência de classe!
• Salve Cerro! Salve Teja! Salve o 1º de Maio!
• Salve os Mártires de Chicago!

Antes de seguir seu trajeto, a coluna colocou-se de frente à figura de Tabaré Ledesma e, do alto-falante, disseram algo simples, mas muito sentido pelos presentes: “Tabaré estará sempre entre nós!”.

O sol não diminuía muito, os quilômetros percorridos esquentavam um pouco os corpos e mais gente se somava à coluna. Ao chegar a Arroyo Seco, já próximo do Palácio Legislativo e da Praça Mártires de Chicago, os companheiros da Tendência Sindical esperavam para incorporar-se também à marcha. Tinham realizado um ato horas antes e estavam ali concentrados.

Com as características músicas, Tango 1º de Maio e Internacional, além das próprias palavras de ordem, acordadas na coordenação de organizações sociais organizadoras, a Coluna entrou pela avenida que conduz ao ato. As pessoas aplaudiam-na, pessoas que conheciam o esforço por ela realizado, os quilômetros percorridos. Havia entre três e quatro quarteirões de gente quando a marcha tomou contato com o Ato Central. Este contava com uma quantidade de gente aproximadamente semelhante.

E coisas que importavam colocavam-se no sentimento e fora deste espaço concreto: as lutas dos trabalhadores, os Mártires de Chicago, nossos mártires populares, as oito horas, a esperança de uma sociedade diferente que esta data tanto simboliza.

Notas do tradutor:

[1] Limitação dos direitos de greve, quando trabalhadores de setores considerados “essenciais” devem trabalhar ainda que haja greve.

[2] Quando uma empresa entre em crise ou fecha as portas, os trabalhadores recebem por seis meses somente meio salário. Apesar de ter sido uma conquista do movimento popular, estes seguros refletem o prejuízo das classes exploradas em tempos de crise, pois as empresas alegam dificuldades e empurram os trabalhadores para o seguro, com objetivo de conter custos.

[3] Reivindica-se que não haja demissões em empresas em crise e que nestes casos se faça um rodízio para que o trabalhador não perca seu emprego.

[4] Fundo do Estado para recuperar empresas que não têm possibilidade de continuar em funcionamento ou empresas que fecharam as portas e que podem funcionar de outra forma, com produção reduzida ou com menos trabalhadores.

[5] Contaminações realizadas por indústrias em regiões comunitárias em que hoje vive grande parte da população pobre.

[Tradução: Felipe Corrêa]

→ Texto original em castelhano:

Como otras veces la mayoría de los comercios de los barrios: Cerro y La Teja amanecieron con las puertas cerradas, era 1º de Mayo. Era esa fecha que se mantiene en la memoria colectiva de gran parte de los trabajadores y que nos habla de luchas, conquistas, sufrimientos, de sangre obrera derramada y de sueños que perduran.

Eran las doce, el mediodía, un grupo de 50 personas camina por la calle Grecia hacia el lugar de concentración: la Curva de Grecia. Iban con pancartas y banderas de organizaciones sociales. Se había anunciado posibles lloviznas y sin embargo un sol templado regalaba un poco de calor y optimismo. “Como está el día se puede esperar una buena concurrencia” comentaba uno.

A la Curva de Grecia fueron llegando en pocos minutos, de diferentes puntos del barrio, gente que venía a participar de la Marcha. El carro-parlante pasaba el tango 1º de Mayo y la Internacional e iba diciendo que cuestiones sociales prioriza este encuentro popular.

Era esta la Marcha número 26, en la calle desde un poco antes de la caída de la dictadura y de aquel momento hasta el presente. Ininterrumpidamente se han caminado esos casi 10 kilómetros hacia el acto central, reivindicando un pasado, necesidades del presente y una utopía que sigue latiendo en los corazones obreros.

Desde hace algunos años dos actos breves se realizan en este trayecto: uno en la Plaza Mártires de la industria frigorífica en el límite del Cerro y otro en la Plaza 25 de Mayo, lugar donde hay una placa que recuerda a queridos compañeros caídos en la lucha, “desaparecidos”, todos por pelear por un mundo mejor, por justicia y libertad.

Proclama leída en la Plaza Mártires de la industria frigorífica, por el militante del Ateneo del Cerro, Omar García.

Compañeras y compañeros:

Un año más hacemos un alto aquí para homenajear a los compañeros mártires de la carne. En las breves palabras que se pronuncian aquí en el Cerro siempre se menciona una parte de nuestra historia obrera, sean las de principio de siglo o sean de fines, más recientes, como la de Colagel a la que el año pasado recordábamos y homenajeábamos. Este año queremos hacer fuerte hincapié en la necesidad de trabajar en los problemas que nuestra clase trabajadora tiene, los que día a día vemos en nuestro barrio. Los de la educación con su falta de recursos y la deserción de los jóvenes, las graves carencias en la atención de la salud, la precariedad y la falta de trabajo, los problemas de vivienda, la droga como un flagelo más para los de abajo.

Los medios de comunicación toman estos temas pero pocas veces enfocan otros culpables que no seamos nosotros mismos, los de abajo. La inseguridad y la guerra de pobres contra pobres parece no ser analizada por casi nadie dentro de los medios, nadie habla del sistema que produce marginalidad, que sostiene e impulsa el consumo a toda costa, que necesita cada vez menos de la mano de obra pero que si requiere generar consumidores.

Por eso debemos apostar una vez más al esfuerzo por unirnos y fortalecer los espacios que nos permitan resistir los embates de este sistema cruel, luchando por rescatar los valores de la clase, luchando por nuestros derechos. Participando, fortaleciendo y rodeando las luchas sindicales, los centros educativos, las coordinadoras y comisiones barriales, las organizaciones sociales.

Apelando una vez más a nuestra rica historia obrera, que nos lega su experiencia y su vida entregada que sin dudar nosotros debemos hacerla nuestra Para seguir adelante, levantando las mismas banderas de construcción y de lucha.

• Por la construcción de un barrio fuerte y solidario
• Por un 1º de mayo Clasista y combativo
• Salú mártires de Chicago
• Porque evocar sus luchas es sinónimo de seguir en la construcción de una cultura de dignidad, pelea y esperanza para nuestra Villa y clase obrera en general
• Salú mártires de la Carne: salú Spala, salú Muñoz, salú Motta, salú Paleo,
• Salú 1º de mayo. Salú CERRO ¡¡ARRIBA LOS QUE LUCHAN!

En el trayecto que va del Cerro a la Plaza 25 de Mayo se fue sumando gente. El grupo mayor se había concentrado en la propia Plaza mencionada. Un gran cartel que tenía una cara se destacaba en una columna, se recordaba a Tabaré y allí estaba su cara, un querido militante de La Teja muerto recientemente.

En este breve acto hablaron dos compañeros: Adriana Fernández del Ateneo del Cerro y el sindicato del Casmu y Fabio del Ateneo Carlos Molina y el sindicato metalúrgico.

Va a continuación la proclama allí leída.

Compañeros trabajadores, desocupados, jubilados, estudiantes, comerciantes. Vecinos.

Un primero de mayo más nos encuentra juntos, unidos en esta columna que es expresión de resistencia y de lucha. Que expresa sus reivindicaciones, sus denuncias, sus anhelos de un futuro mejor, posible para la clase trabajadora.

Este año comenzó anunciando que el desempleo bajaba a cifras record, pero lo cierto es que los empleos que sabemos se generan son de los mismos que hoy se encuentran en los diarios: empresas de seguridad, servicios, todos con salario mínimo o menos incluso. Precarios, con escasos o nulos derechos. Historias que en estos barrios conocemos: gastar parte del magro salario en el transporte, ni hablar de comer. Esos son los empleos que por aquí nos toca ver y tener.

El trabajo por la cuenta, en ese sentido tenemos que saludar y solidarizarnos con la lucha que lleva adelante la unión de clasificadores y recicladores, por mejoras de condiciones , y porque no se cierren lo que son las fuentes de su trabajo.

Hablando de empleos y de pérdida de derechos nos solidarizamos con los trabajadores del Casmu, que han resistido luchando la rebaja salarial propuesta desde el gobierno y las amenazas de quedarse sin trabajo, las indignas declaraciones de dirigentes del sindicato médico. Los trabajadores que no cobran no comen, y la mayoría no tiene cuenta en el banco para suplir el salario, la lucha por el mismo no acepta esencialidades diría la pancarta que llevaban compañeras del casmu hace unos días, para parar la olla es imprescindible el salario.

Otras muestras de luchas sindicales por fuentes laborales y mejoras de la vida del trabajador se han dado en los compañeros metalúrgicos.

La mesa zonal del UNTMRA aquí presente cuenta que este año que transcurre es un año muy importante desde el punto de vista de la lucha por la defensa de la organización sindical de los furibundos ataques de las patronales reaccionarias; que aduciendo que llego la crisis toman medidas unilaterales y de atropello a los trabajadores como; despidos, seguro de paro, tercerización de los procesos de producción, violación de los convenios colectivos, desrregulando el trabajo y las relaciones laborales; empujando a cientos de compañeros a la marginación y a la pobreza al perder sus fuentes de trabajo.

Muestra de esto son las empresas; SOMIL (NORDEX), MOTOCICLO, JASPE, BADER, SENDA (BRANA), TEXTILES Y OTROS. Ante esta situación los trabajadores vienen desarrollando medidas de paro y movilización; para resistir este embate patronal, para que la crisis no la paguen los trabajadores. A su vez también proponemos una serie de medidas para una salida a esta crisis:

1) reducción de la jornada sin perdida de salario
2) que se respeten los convenios colectivos
3) rotación del seguro de paro
4) capacitación de los trabajadores con recursos del fondo de reconversión laboral.

La lucha es también por fortalecer la organización y hacer de cada centro de trabajo un bastión de unidad donde esas patronales se partan los dientes en sus intentos de despojar de sus derechos a los trabajadores.

La droga y la cárcel son algunos destinos crueles para las nuevas generaciones que provienen de nuestros barrios. Cárceles atestadas de gente joven y pobre son una de las caras perversas de un sistema al que le sobra gente. Las cárceles de nuestro país tristemente celebres son ejemplo de violaciones a los derechos humanos, superpobladas casi en su totalidad.

¿Cuántas alternativas reales hay hoy? En el sector educativo podemos escuchar las denuncias de docentes agremiados de nuestra zona, hablan de que la nueva ley de educación quita la poca autonomía que se tenía siendo que ahora dependerá más aún de los lineamientos neoliberales de los organismos internacionales de crédito. Recordamos que siguen procesados los cuatro compañeros que se resistieron a la represión en el parlamento. Que los sueldos están por debajo del cuarto de canasta familiar y cosa que podemos ver: más de 40 y 50 gurises por clase en los liceos, sin sillas ni condiciones dignas para estudiar. La deserción en el estudio debería ser un problema y no algo a estimular, pero nadie va a querer quedarse en un lugar donde claramente parece sobrar.

Del mismo modo podemos referirnos nuestra escuela pública, clases superpobladas, problemas de violencia cotidiana entre niños, y docentes mal pagos.

Por eso debemos estar allí, defendiendo la educación de nuestros hijos, así como la salud y todos aquellos derechos que desde arriba siempre son diezmados y atacados.

Este año de elecciones se puebla de millonarias campañas de publicidad, de promesas de poca duración que parecen tomarle el pelo a la miseria y a la precariedad. Los discursos abundan y los políticos parecen descubrir en el último minuto los problemas de los de abajo. Cada cual pone su corazón donde quiere pero es necesario que más allá de todas las banderas, los de abajo, los trabajadores estemos trabajando, luchando por todos nuestros derechos, desde los espacios propios, desde las organizaciones barriales, desde los sindicatos, rodeando a los chiquilines en el barrio, buscando abrir espacios de encuentro, para la cultura, la autogestión, la ayuda mutua donde se resista el despojo de los de arriba y la criminalización de la pobreza.

Es necesario, la situación lo requiere, que luchemos porque no nos gane el individualismo y el desinterés. Que nos metamos a defender lo que nos parece, que no sintamos vergüenza de denunciar la contaminación, la venta de los recursos que son de todos, el mal reparto de la riqueza, la impunidad de los poderosos.

Esa impunidad que quiso legitimarse y a la cual nuestro pueblo una vez mas le da pelea, diciéndoles a los impunes asesinos que no hay olvido ni perdón, que nuestras organizaciones populares redoblaremos esfuerzos para que en noviembre anulemos la ley de caducidad.

Nuestros barrios tienen una valiosa historia de solidaridad y entrega, de lucha y esperanza de la clase, una historia que nos obliga a no rendirnos, a no entregarnos, a comprometernos de lleno.

Antes de seguir camino compañeros, homenajeamos a quienes no olvidaremos nunca, a los que llevamos con nosotros, a quienes entregaron su vida con su aporte cotidiano de lucha y no claudicación. Sabemos que es levantando sus banderas y continuando su lucha que les haremos justicia. Salú: Alberto Pocho Mechoso, Plomito Adalberto Soba, Julio César Rodríguez, Ari Cabrera, Asunción Artigas de Moyano, Laureano Montes de Oca, Graciela Basualdo, Gustavo Goicochea, Walter Zanzo, Carlos Flores, Mario Robaina, Tito “Quique” Casialdi, Gauchito Idilio de León, Justo Pilo y en sus nombres los de todos los luchadores sociales.

• Por un 1º de mayo clasista y combativo
• Por independencia de clase
• Salú Cerro. Salú Teja. Salú 1º de Mayo
• Salú Mártires de Chicago.

Antes de seguir su trayecto la columna se puso de frente a la figura de Tabaré Ledesma y desde el parlante se dijo algo sencillo pero muy sentido por los presentes: ¡Tabaré, estarás siempre entre nosotros¡

El sol no entibiaba tanto, pero los kilómetros recorrido calentaron un poco los cuerpos y más gente se sumaba a la columna. Al llegar a Arroyo Seco, ya cerca del Palacio Legislativo y la Plaza Mártires de Chicago, los compañeros de la Tendencia Sindical esperaban para incorporarse también a la Marcha. Habían tenido un acto horas antes y estaban allí concentrados.

Con las características musicales clásicas: Tango 1º de Mayo e Internacional más consignas propias, acordadas en la coordinación de organizaciones sociales organizadoras, entró por la avenida que conduce al acto. Gente aplaudía a la columna, era conocedora del esfuerzo por esta realizado, los kilómetros recorridos. De tres a cuatro cuadras de gente había cuando la Marcha toma contacto con el Acto Central. Este contaba con una cantidad aproximadamente semejante.

Y cosas que importaban se colocaban en el sentimiento y fuera de este espacio concreto: las luchas obreras; los Mártires de Chicago; nuestros Mártires populares; las 8 horas; la esperanza de una sociedad distinta que tanto simboliza la fecha.

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