As analogias em matéria de política não costumam ser uma boa idéia, normalmente despolitizam e dão mais espaço para equívocos do que para esclarecimentos. Mas, no caso do julgamento da extradição de Cesare Battisti, ocorrida em 09 de Setembro de 2009, foi impossível não compará-la a uma partida de futebol. Não, não por ser um possível Brasil e Itália, com os seus executivos em campos opostos. Também não foi por ter vontade de xingar as mães dos juízes, tal qual fazemos com os árbitros (ainda que ali houvessem muitos juízes passíveis de serem xingados, ao menos a metade… ah, se “Vossas Excelências” estivessem numa arquibancada…). Mas não, o que mais me lembrou um jogo de futebol foi o sentimento de espectador, que neste momento só poderia torcer para que a tal justiça tirasse as vendas e, com ao menos um dos olhos, enxergasse o absurdo de um judiciário que se dá o direito de governar para conservar o pêndulo à direita. Voto após voto, perdendo logo de saída, depois a virada e a esperança de que a “justiça seja feita”, e novamente o placar desfavorável numa decisão em que não estava em jogo um clássico ou um campeonato, mas a liberdade de um homem perseguido pelo fascismo de ontem que é democracia hoje. Inteligentemente foi pedido “tempo”, o que evitou o apito final da Excelência das fazendas e dos banqueiros. “Tempo” para que a justiça, talvez, tenha uma vista mais justa. A decisão foi para prorrogação. Será possível influir na balança política da justiça para além de mero espectador? Passa Palavra

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