Lançamento do livro «Virgilio Gomes da Silva: de retirante a guerrilheiro»

    Lançamento do livro

    Virgilio Gomes da Silva: de retirante a guerrilheiro
    de Edileuza Pimenta e Edson Teixeira
    112 páginas – Plena Editorial / Núcleo Memória
    Dia 3 de outubro 2009 – sábado – Memorial da Resistência – São Paulo
    Largo General Osório, 66 – Luz – a partir das 14 horas
    será exibido o filme Hercules 56 do diretor Sílvio Da-rin,
    seguido por um debate com Manoel Cyrillo de Oliveira Netto
    um dos participantes do sequestro do embaixador americano.

Este livro dedica-se a recuperar a trajetória pessoal e política de Virgilio Gomes da Silva, cuja biografia transcende sua morte porque sua história faz parte das lutas históricas do povo brasileiro contra a miséria e a opressão. Virgilio começou vencendo a miséria. Retirante, saiu do sertão do Rio Grande do Norte nos anos 50 para tentar a vida em São Paulo, onde, por meio das lutas sindicais, adquiriu consciência política e tomou contato com as idéias do Partido Comunista Brasileiro. Após a institucionalização da ditadura, processo iniciado a partir do golpe civil-militar de 1964, Virgilio passou a assumir posição destacada na luta contra a opressão, tornando-se um guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional, organização cujos fundadores e líderes foram Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira. Menos de um mês após ter comandado uma das ações mais espetaculares da luta de resistência contra a ditadura, o seqüestro do embaixador americano, Virgilio, o “Jonas” da ALN, foi brutalmente assassinado sob torturas na sede da famigerada Operação Bandeirantes, em 29 de setembro de 1969, e se tornou o primeiro desaparecido político brasileiro

 

Apresentação feita por Mamoel Cyrillo de Oliveira Netto

Soube da morte do Jonas de cabeça pra baixo, pendurado em um pau-de-arara, na Operação Bandeirantes.Diante de paredes e pisos manchados pelo seu sangue, entre dezenas e dezenas de perguntas e afirmações simultâneas, em meio a muita pancada, chutes e choques, registrei a triste notícia:

– Tá vendo este sangue, é do Jonas, é o sangue de um brasileiro, o filho da puta tá morto!

Na véspera de minha prisão, no dia 29 de setembro de 69, o Estado brasileiro havia assassinado o companheiro Virgílio naquela mesma câmera de tortura.

Hoje, o Virgílio está mais vivo do que nunca. Cresceu. Perpetuou-se. Fez história. Diferentemente, os seus algozes, os vivos e os mortos, estão encurralados em uma câmera do inferno, sofrem, torturam-se – são uns pobres-diabos.

Parabéns à Edileuza e ao Edson, historiadores de ótima cepa, que fizeram uma pesquisa e um trabalho maravilhosos. Virgílio Gomes da Silva: De retirante a guerrilheiro passa a ser uma referência. É um livro que, praticamente, nasce como um clássico, de leitura obrigatória. E, o melhor, o trabalho também é uma mostra de que está em andamento o fim do reinado do revisionismo subserviente na historiografia do período. Virgílio Gomes da Silva: De retirante a guerrilheiro revela-nos o seu personagem central, o nosso Jonas, como um homem, como gente e, nunca, como o anti-herói ou o vilão, como retratado no filme O que é isso, companheiro?

Ao longo da narrativa, descobriremos a bela trajetória pessoal e política do Virgílio, um cidadão que não desceu de pára-quedas para comandar a ação de captura do embaixador Elbrick. Também nos depararemos com capítulos e episódios duros e cruéis, retratos do que era a vida do país naquela época. E, no final, o resultado será gratificante e saberemos melhor prezar o esforço e a resistência do Virgílio, um brasileiro.

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