Uma vez, no Bairro Alto, em Lisboa, assisti à porta de um bar a uma cena de pancadaria entre um branco grande e gordo e um negro pequenino e magro. Caídos na calçada, o branco mal deixava ver o negro que, não sei como, conseguiu inverter a situação e passar de vencido a quase vencedor. Precisamente nesse momento apareceu a polícia. Ofereci-me para testemunha do negro, um amigo que estava comigo fez o mesmo e o porteiro do bar também, e lá seguimos para a esquadra [delegacia], polícias, pugilistas e testemunhas. Pelo caminho fui conversando com um dos polícias acerca do racismo. «Olhe», disse-me ele, «racista é que eu não sou. Assim como bato em pretos, bato em brancos». Compreendi então o significado da igualdade perante a lei. Passa Palavra

1 COMENTÁRIO

  1. Eu já apanhei de um negro grande, e que fazia uma tarefa policial privada. Curiosamente tive que ser eu a opor-me a um racismo latente que despertou em vários dos meus defensores, desde os paramédicos a gente de família. Noutra ocasião foi em mim que despertou esse racismo reconhecendo no agressor um sotaque estrangeiro. Foi um amigo que tentou amainar com o meu irracionalismo defendendo a origem alentejana do sotaque. Curiosamente nessa ocasião, um polícia oficial contratado por privados assistindo à agressão não se mexeu nem atendendo às minhas súplicas de defesa. Quem pagava não era o Estado. Acho até que se sentiu livre em não ser obrigado a defender o interesse geral.

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