Protesto e repressão na favela Pavão-Pavãozinho

Na madrugada do dia 08/02, moradores da favela Pavão-Pavãozinho (Copacabana, juntamente com o Cantagalo as últimas a serem ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora no Rio) revoltaram-se e protestaram contra a truculência da PM “comunitária”. Indignados com a arbitrária interrupção de uma festa e com a agressão contra um morador, apenado que cumpre condicional, moradoras e moradores ergueram barricadas, enfrentaram os tiros da polícia e ainda continuaram o protesto na 13a DP (Ipanema).

A limitação absurda de atividades festivas e culturais tem sido uma das principais reclamações de moradores nas favelas ocupadas pelas UPPs, principalmente as da Zona Sul (quase todas, portanto). Até festas de aniversário têm que ter autorização da PM para serem realizadas. No Cantagalo, já ouvimos denúncias de que a PM proíbe os jovens de usarem cabelos tingidos ou com determinado corte. Essa repressão, por sua vez, não significa ausência de corrupção. No complexo Babilônia-Chapeú Mangueira, há denúncias de que a repressão às festas é diferenciada em cada favela, devido aos diferentes valores de propinas pagas ao comando da UPP pelos traficantes de cada uma (que continuam por lá, embora não mais exibindo suas armas nem vendendo drogas tão ostensivamente quanto antes).

A presença permanente da PM através das UPPs inibe as denúncias públicas de tudo isso: moradoras e moradores têm muito medo de denunciar policiais que encontram todos os dias literalmente nas portas de suas casas. Protestos como o de hoje de madrugada, portanto, são muitas vezes a única forma de manifestarem sua insatisfação, que obviamente não aparece na publicidade oficial do governo.

Rede contra a Violência

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