Marcha Ibérica contra a Europa do Capital e as suas Guerras
Praça da Liberdade – Porto
Quinta-feira, 6 de Maio 2010
18h00
Concentração
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Andava o mundo inebriado na folia habitual, os de cima na cibernética engorda, os de baixo obrigados à trabalheira de fazer com que a economia real se aproximasse do virtual mundo financeiro. Em vão, que a ganância é como um ar quente e, na sua ascensão, julgou-se alma imortal, não se deteve, esticou demasiado a corda, rebentou a bolha.
Caiu? Nem por isso. Um primeiro e enganado olhar talvez o fizesse crer. Afinal, parecia que, do estrondo, um novo mundo surgia, atrelado àquele consenso de que, dali em diante, tudo teria que ser diferente. Um olhar mais profundo, no entanto, deixaria desde logo antever que o que se pretendia era fazer com que as inocentes contribuições para amparar a queda dos culpados continuassem a vir de baixo para cima.
Mas não chegava. Porque, já o dissemos, a ganância é como um ar quente que, na ascensão, se julga alma imortal e, na vertigem, prefere não olhar para baixo. Se a corda rebentou por cima à primeira, só deixará de lhe acontecer o mesmo se, à segunda, a pressão de baixo for menor.
Se os de cima continuam a esticar a bolha destruam-se os de baixo. Isto é tudo menos o mundo novo que nos prometiam candidatos a primeiro ministro e articulistas dos jornais mais conceituados da praça. Este não é mais do que o tal mundo inebriado pela folia habitual de ver os que têm e os que não têm a apertar os cintos em direcções opostas.
Neste canto da Europa, os 10,3% de desempregados, os milhares de imigrantes mantidos na barata clandestinidade e na integradora exploração, os milhões de mais ou menos precários com as misérias congeladas, os cortes sociais, a impunidade das enjoativas mais-valias, são a realidade visível desse velho mundo novo. Onde os governos até podem ter a melhor das intenções mas onde quem manda realmente governa escondido em escritórios e conselhos de administração, entretido a garantir que a corda possa continuar a esticar sem que a bolha rebente de novo.
Numa altura em que o PEC dá mais um passo na consolidação desse amanhã que chora, em que os gastos directos de Portugal com a defesa aumentam 15,8% em relação a 2009, com a colocação, no Afeganistão, de 263 militares pagos com a redução dos nossos rendimentos, a PAGAN – Plataforma Anti-Guerra Anti-NATO não tem como não se solidarizar com várias organizações ibéricas numa marcha contra a Europa do Capital e suas Guerras, que parte de Lisboa a 5 de Maio, passa pelo Porto a 6 para desembocar em Madrid dez dias depois.
Nesse sentido, convidamos-te a participar. Com o teu enfoque particular, ajuda-nos a dizer BASTA! Com faixas, bancas, flyers, tambores, bandeiras, apitos, refeições, o que quiseres. A concentração está marcada. O que lá acontece é opção de toda a gente que aparecer.
Veja aqui.