Para evitar o confronto com a polícia, as cerca de 500 famílias se retiraram pacificamente para um terreno vizinho, e a nova ocupação foi batizada de Nova Palestina. Entre outros apoiadores, estiveram no local representantes da ocupação recém-despejada Alagados do Pantanal, que pernoitaram no acampamento em solidariedade a seus companheiros de luta. Por Passa Palavra

Veja aqui o vídeo da reintegração de posse

Como estava previsto desde a semana passada, aconteceu hoje, 24 de maio, a reintegração de posse do terreno ocupado, há 17 dias, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em Santo André, na grande São Paulo. A ação se iniciou por volta das sete horas da manhã e contou com a intervenção conjunta da Polícia Militar, da Guarda Municipal de Santo André e de técnicos da Prefeitura.

mtst-1Para evitar o confronto com a polícia, desde o último sábado à noite, as cerca de 500 famílias então mobilizadas já haviam, entretanto, se retirado pacificamente do terreno que pertencia à Prefeitura − objeto da ação judicial de reintegração de posse − e se transferido para um terreno vizinho, mais ao alto, bem próximo à divisa com Mauá. A nova ocupação do MTST, recentemente batizada de Nova Palestina, está formada agora por apenas 150 famílias, já que se trata de um terreno menor.

Em decorrência desta migração do acampamento, a tarefa das forças policiais limitou-se à supervisão da limpeza do antigo local, realizada por funcionários da administração municipal, enquanto engenheiros e topógrafos da Prefeitura certificavam-se de que os sem-teto estavam mesmo fora dos limites legais do terreno cuja reintegração de posse fora pedida.

Houve certo momento de apreensão entre os representantes das partes, pois, segundo os técnicos da Prefeitura, o novo local ocupado ainda estaria situado em área pertencente à Prefeitura, embora registrado com um número de matrícula diferente. Esta informação, no entanto, não era condizente com a documentação de que dispõe o MTST, segundo a qual, o novo terreno em questão seria, há 12 anos, propriedade de uma associação privada que, além de manter a área completamente ociosa, guarda dívidas de impostos com o poder público. Independentemente da conclusão a que chegassem os peritos, os militantes do MTST mostravam-se dispostos a resistir, pois entendiam que estavam cumprindo com a sua parte do acordo e que não caberia mais a eles fazer concessões. Até o momento em que saímos da ocupação, por volta do meio-dia, esta confusão não estava ainda solucionada.

Diante do impasse, e desprovida de instrumentos legais para tal, a Polícia Militar concordou em não fazer a retirada do acampamento depois que a área limítrofe ficasse bem delineada; o que visivelmente desagradava aos representantes da Prefeitura; que ansiavam por ver toda a região bem livre dos sem-teto o mais rapidamente possível.

Portanto, até que um novo pedido de reintegração de posse seja deferido – quer por iniciativa do proprietário particular quer por iniciativa da Prefeitura – a ocupação Nova Palestina do MTST permanece. O objetivo do movimento é que o terreno seja imediatamente disponibilizado para a construção de habitações populares.

Convém notar que, entre outros apoiadores, estiveram no local representantes da ocupação recém-despejada Alagados do Pantanal. Uma comitiva formada por aproximadamente 10 pessoas deslocou-se da zona leste de São Paulo para Santo André e pernoitou no acampamento em solidariedade a seus companheiros de luta.

Fotografia no texto: Juliana Cardilli. As outras fotografias: Passa Palavra.

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