O GAOS realizou vários encontros na Europa. Este trabalho foi fundamental para, posteriormente, implantar a CUT no exterior. Por Cláudio Nascimento
[Leia aqui a segunda parte deste artigo.]
Um dos principais livros sobre o exílio (Entre raízes e radares, de Denise Rollemberg) cita nas fontes utilizadas o boletim Unité Syndicale, uma das poucas marcas visíveis que o GAOS deixou na Europa. Entretanto, esta marca é apenas um dos produtos de uma teia de relações que estes operários exilados construíram fora do Brasil. Só com as entrevistas que deveriam ter sido feitas com eles, poderíamos ter uma ideia da dimensão que alcançaram suas atividades. Este é um objetivo que deveria ter sido cumprido, não fosse o descaso em nosso meio com a memória social.
Aos operários da Oposição Sindical (OS) juntaram-se outros militantes que tinham sido banidos e/ou exilados por participação na resistência à ditadura militar. Por exemplo, Rolando Frati, Manoel da Conceição [1], José Ibrahim [2], Roque Aparecido [3], Piragibe Castro Alves, José Cardoso (Ferreirinha) [4], Luis Cardoso (Luisão) [5], Antonio Flores, José Barbosa.
Com apoio de franceses que tinham vivido e lutado no Brasil, expulsos pelos militares, montou-se todo um trabalho de comunicação através da Associação Brésil des Travailleurs, sob coordenação de Paulette Ripert (trabalhou na área rural de Crateús-CE, fundando sindicatos antes do golpe militar, na Diocese de Dom Fragoso); e Carlos Minayo, ligado ao sindicalismo espanhol. Publicavam boletins chamados Brésil Information e L’Unité Syndicale (em francês e espanhol). Com ajuda de Alfred Hervé (ex-padre com atuação contra a ditadura na Bahia, expulso do país), contataram quase todo o movimento sindical europeu e, inclusive, África e Leste europeu. O contato com o sindicalismo do Leste Europeu se dava através de Roberto Morena (vivia exilado em Praga, onde trabalhava na Federação Sindical Mundial – FSM [6]); no início, também participavam os membros do Comitê Sindical do PCB no exílio: Luiz Tenório (Tenorinho) [7], Afonso Delelis, Gregório Bezerra [8], Hércules Corrêa [9]. Com a morte de Morena, estas articulações fracassaram.
O GAOS realizou vários encontros na Europa. Destaque para o Encontro Internacional da Oposição Sindical Brasileira, realizado em Bruxelas (1979), logo antes do retorno ao Brasil. Para este encontro, foram 4 militantes que estavam no Brasil (“oposição no interior”): Zé Pedro (metalúrgicos de Osasco), Helio Bombardi (metalúrgicos de SP), Ademir B. de Oliveira (metalúrgicos de Contagem) e Antônio Portella (bancários de SP). O tema central foram as greves que ocorreram no Brasil em 1978. Participaram as principais centrais sindicais da Europa. A data do Encontro, inclusive, foi alterada para coincidir com um grande Encontro Sindical Internacional que agrupava sindicalistas de todo o mundo. Assim, foi possível contar com a participação de muitas centrais sindicais.
Antes do retorno, houve um encontro promovido pelo GAOS em Paris. Muitos temas foram debatidos nesta reunião: como se daria a inserção no Brasil, a questão da autonomia, o (então) recente movimento pró-PT, como continuar o trabalho do GAOS na Europa. Este trabalho do GAOS foi fundamental para, posteriormente, implantar a CUT (fundada em agosto 1983) no exterior. Assim, em 1981, quatro sindicalistas foram à Europa para iniciar os contatos em nome da CUT: Ferreirinha, Ibrahim, Jorge Bittar [10] (engenheiros do Rio) e Jacó Bittar [11] (petroleiros de Campinas). Jacó Bittar seria o primeiro Secretario de Relações Internacionais da CUT. Ibrahim e Jacó seguiram para o Norte europeu e Ferreira com Jorge para o sul do velho continente: tinham por objetivo fazer contatos pensando na futura central sindical do Brasil.
Podemos afirmar que todo o trabalho com a CFDT deveu-se a contatos ainda nos anos 60, feitos por Roberto de las Casas, que estudava na École de Hautes Études em Paris. Seus contatos com Gerard L’Sprit, Rene Salanne, Edmond Maire [12] foram fundamentais para estes dirigentes cefedetistas entenderem o sindicalismo vigente no Brasil. O que iria facilitar enormemente o apoio da Central francesa na época do exílio.
Zé Ibrahim, exilado na Bélgica, recebeu a visita de Adalberto Nauchausan, militante do Movimento de Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (MOSMSP). Dias após, recebeu de Adalberto, já no Brasil, um recado: ir a Paris para encontrar Ferreirinha e Delelis para discutir trabalho político. Ibrahim já conhecia Ferreira de algumas reuniões, ambos viviam na Bélgica (Ibrahim na Casa de Solidariedade América Latina e Ferreira na JOC Internacional), mas sem terem aprofundado questões políticas. Afonso Delelis (então “Pedro”) teve papel fundamental neste encontro, pois Ibrahim já o conhecia como antigo militante operário e metalúrgico ligado ao PCB. Com base nestes dados, foi para Paris.
Na capital francesa, Ibrahim já conhecia o militante metalúrgico Luis Cardoso (o “Luisão”) desde a época de Osasco. Após o encontro com Ferreira e Delelis, Ibrahim ficou de contatar Manoel da Conceição, que vivia em Genebra, e Rolando Frati, que vivia na Itália. Manoel estava exilado e Frati tinha sido banido no mesmo grupo com Ibrahim. Ambos passaram por Cuba antes de irem para Europa.
Mas antes destes encontros, talvez tudo tenha começado a partir de uma reunião entre Alfred Herve (“Aníbal”) e René Salanne. Alfred foi falar sobre a situação de um militante jocista [13] no Brasil, Ferreirinha, cuja esposa (Irony Cardoso) estava grávida e na prisão. Alfred solicitava apoio financeiro a Salanne, pois aquele militante sindical estava em dificuldades e clandestino. Salanne achou que podia ajudar. Estes personagens têm pontos em comum: são jocistas e sindicalistas. René Salanne era responsável de relações internacionais da CFDT. Alfred tinha sido expulso do Brasil pela ditadura militar. Contudo, através de Alfred, Salanne soube que o militante brasileiro iria chegar em Bruxelas, pois tinha sido indicado para coordenação internacional da JOC. Pediu a Alfred que o levasse à CFDT logo que viesse a Paris.
Logo os três estavam juntos numa reunião. Salanne convenceu José Cardoso de que os sindicalistas exilados deveriam fazer um trabalho estritamente numa lógica sindical; percebia a fragmentação e divisão dos grupos de esquerda brasileiros no exílio. Não via saída por este caminho. Salanne trazia toda uma bagagem de militante da metalurgia francesa e um sentimento muito forte de autonomia sindical. Foi decisivo no sentido de vários sindicalistas brasileiros exilados construírem um acordo para o trabalho comum. A diversidade de opções políticas ficava em segundo plano em relação à atividade sindical. Cada um fazia seu trabalho como militante partidariamente organizado, mas, na Oposição Sindical, as divergências ficavam entre parênteses.
Por isto, numa reunião seguinte, Ferreira trouxe José Ibrahim (banido) e Manoel da Conceição (exilado), militantes de grupos da luta armada no Brasil. Ibrahim residia em Bruxelas e Conceição em Genebra. Da Itália, veio Frati. Luisão vivia em Paris. Depois, Ferreira veio para Paris. Assim, se formou o núcleo do GAOS.
Nos Archives Confédérales CFDT encontramos uma carta de René Salanne enviada a André Soulat, datada de 3 de maio de 1973:
“Caro André
Depois de haver discutido com Jean Bourhois, vou te confiar para breve a recepção de nossos amigos brasileiros. Esta recepção se fará na ocasião da passagem de dois camaradas. Foi acertado de antemão que isto deve ser discreto. Combinamos o seguinte programa:
Dia de trabalho coletivo entre eles, nós (departamento internacional) e as federações habituais, no dia 19 de maio das 9h30 às 17h30, por exemplo.
Em seguida, no começo da semana seguinte, entre a segunda-feira e a quarta-feira: meio dia no departamento internacional, meio dia de metalurgia e meio dia de formação.
Você voltará a falar comigo porque temos de estar vigilantes, inclusive nas reuniões, para quaisquer problemas de segurança.
Como já falamos, Salanne e Ferreirinha tinham pontos em comum: ambos eram da metalurgia e jocistas. Não foi mera coincidência, pois o fato de terem contatado membros da Federação Geral da Metalurgia (FGM-CFDT), e ex-jocistas, teve grande influência nesta experiência. Os jocistas tiveram papel fundamental na metalurgia e a FGM teve papel de vanguarda nas definições das estratégias cefedetistas: autonomia sindical, sindicalismo de base e de massa, democracia, autogestão, socialismo, internacionalismo.
O ano de 1964 é um marco no cruzamento destes exilados e da central francesa: no Brasil tivemos um golpe militar; na França, em um congresso histórico, a CFTC tornava-se CFDT. Estes dois fatos num mesmo ano foram importantes para nossa história. Os caminhos do militante da Oposição Sindical e o jocista, Ferreirinha, iriam se cruzar com os dos metalúrgicos/jocistas da CFDT.
Em Paris, ocorreria outro encontro fundamental com um destes companheiros: Henryane de Chaponay [15]. Sua residência no 15, Quai de Bourbon, se tornaria um Fórum Mundial de Solidariedade avant la lettre. Henriane acumulava uma grande experiência, sobretudo na área rural: desde sua militância no Marrocos, onde atuou pela independência deste país; sua passagem com J. Chonchol [16] por Cuba; acompanhamento, pelo Comitê Católico contra a Fome e pelo Desenvolvimento (CCFD) [17], de países da Ásia como o Vietnam. No início dos anos 60, esteve com Chonchol no Brasil a pedido do governador Miguel Arraes para um programa na área rural do Nordeste.
Henryanne foi importante para o trabalho no exílio: além de apoiar militantes de vários países e proporcionar intercâmbio entre eles, fundou o Centro de Estudos do Desenvolvimento da América Latina (CEDAL) em Paris, onde realizou até a década de 80 um trabalho de formação baseado no que podemos chamar de “Pedagogia do Intercâmbio”. Atividades de formação política eram feitas na sede do CEDAL, rue Reully-Diderot, no 12eme. Também trabalhava com militantes que iam do Brasil para uma permanência de 3 meses na Europa, juntos com militantes de outros países da América Latina, quase todos os anos.
Na segunda metade dos anos 1980, o trabalho com rurais assumiu um caráter dominante no CEDAL, sob coordenação do exilado chileno Sebastien Cox. Nesta época, apoiou a realização de 4 encontros regionais e um nacional, no Instituto Cajamar [18], em conjunto com o Departamento Rural da CUT, coordenado por Avelino Ganzer.
Inclusive um livro, Multinationales et travailleurs dans le Brésil, foi publicado em 1977 pela editora Maspero com o Centro de Estudos e Iniciativas de Solidariedade Internacional, sob o nome de “Coletivo Paulo Freire”. Esta obra foi resultado de uma pesquisa para fundamentar o trabalho da Oposição Sindical.
Notas
[1] Nota do Passa Palavra: Manoel da Conceição Santos (n. 1935), sindicalista rural maranhense, foi formado pelo Movimento de Educação de Base (MEB) da Igreja Católica e iniciou sua militância em 1963. Ferido à bala por militares em 1968, teve uma perna amputada por falta de cuidados com o ferimento. Ingressou na Ação Popular (AP) e foi enviado à China em 1969. Expulso do país em 1975, retornou com a anistia, em 1979, e desde 1985 atua com empreendimentos de economia solidária no Maranhão.
[2] Nota do Passa Palavra: operário metalúrgico de Osasco (SP), José Ibrahim foi um dos militantes responsáveis, após o golpe militar de 1964, pela reconstrução do movimento sindical que levaria diretamente às greves de 1968. Ex-presidente da comissão de fábrica da COBRASMA (1966-1967) e do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (1967-1968, quando foi cassado). Ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Banido do Brasil em 1969 após ser trocado, junto com outros 14 presos políticos, pelo embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick, então em poder da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Considerado pelas esquerdas no exílio como grande esperança para o movimento sindical brasileiro, retornou ao Brasil em 1978, antes da anistia, para forçar sua prisão e criar um fato político. Fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), migrou para o Partido Democrático Trabalhista (PDT), e hoje é filiado ao Partido Verde (PV). Foi também secretário-geral da extinta Social Democracia Sindical (SDS), central sindical ligada ao Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB).
[3] Nota do Passa Palavra: Roque Aparecido da Silva hoje é coordenador de Relações Institucionais da prefeitura de Osasco.
[4] Nota do Passa Palavra: José Domingos Cardoso, o Ferreirinha (1940-2001), operário mecânico, foi militante da Juventude Operária Católica (JOC) desde 1959, tendo sido exilado de 1972 (após sua perseguição pelos militares) até 1979. Fundador do PT, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (1990-1991), ex-secretário geral (1991-1995) e ex-secretário de Relações Internacionais (1995-1997) da Confederação Nacional dos Metalúrgicos.
[5] Nota do Passa Palavra: Luis Cardoso tinha sido militante da VPR como José Ibrahim; depois, no exílio chileno, migrou para o MR-8.
[6] Nota do Passa Palavra: a Federação Sindical Mundial foi criada em 1945 com pretensões de reunir todos os sindicatos do mundo. Substituiu a antiga Federação Internacional de Sindicatos, fundada em 1913 com o objetivo de fazer lobby junto à malfadada Liga das Nações. Tal como sua antecessora, sofreu rachas que restringiram sua atuação: enquanto a Federação Internacional de Sindicatos viu sua atuação restrita à Europa a partir da saída da American Federation of Labour (AFL) em 1925, a Federação Sindical Mundial viu seu campo de atuação restrito aos países do bloco soviético a partir da saída, em 1949, de diversos sindicatos originários dos países do bloco estadunidense.
[7] Nota do Passa Palavra: Luiz Tenório de Lima (1923-2010), sindicalista e ex-militante do PCB, mais conhecido como um dos fundadores do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE).
[8] Nota do Passa Palavra: Gregório Lourenço Bezerra (1900-1983), militante do PCB entre 1930 e 1980, destacou-se pela organização do frustrado levante comunista de 1935 e pela organização de inúmeros sindicatos e ligas camponesas em Pernambuco até ser preso em 1964, quando teve seus pés imersos em solução de bateria para, logo após, ser arrastado por cordas amarradas em seu pescoço pelas principais ruas de Recife. Libertado em troca do embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick em 1969, viveu no México, em Cuba e na URSS. Desligou-se do PCB em 1980 em solidariedade a Luis Carlos Prestes.
[9] Nota do Passa Palavra: Hércules Corrêa (1930-2008), militante comunista e membro do Comitê Central do PCB até 1989.
[10] Nota do Passa Palavra: Jorge Bittar começou sua carreira política no Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro. Fundador do PT, é hoje deputado federal pelo Rio de Janeiro.
[11] Nota do Passa Palavra: Jacó Bittar, um dos fundadores do PT, foi prefeito de Campinas (1989-1992), e no terceiro ano de seu mandato saiu do partido para entrar no Partido Socialista Brasileiro (PSB). É hoje conselheiro da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS, um dos maiores fundos de pensão do Brasil.
[12] Nota do Passa Palavra: Edmond Maire (n. 1931) foi secretário-geral da CFDT entre 1971 e 1988. Foi um dos responsáveis pela aproximação da central ao PS francês.
[13] Nota do Passa Palavra: “jocista” é o nome dado aos militantes da Juventude Operária Católica (JOC).
“Cher André,
Aprés avoir discuté avec Jean Bourhis, je voudrais te confier la réception prochaînement de nos amis brésiliens.
Cette réception se fait à l’occasion du passage de deux camarades. Il est entendu d’avance que ce doit être discret. Nous avons convenu du programme suivant:
Journée de travail collective avec eux, nous (départament intenational) et les fédérations habituelles, le 19 mai de 9 H 30 à 17 H 30 par exemple.
Ensuite, au début de la semaine suivante, entre le lundi et le mercredi: une demi-journée départament international, demi-journée métallurgie et demi-journée formation.
Tu m’en reparles car il faudra veiller, y compris pour les réunions, à quelques problèmes de sécurité.
Bien amicalement,
René Salanne”.
[15] Nota do Passa Palavra: ativa apoiadora dos exilados latino-americanos na Europa nos anos 1970, atualmente Henryane de Chaponay (n. 1924) é presidente do Centro de Estudos do Desenvolvimento da América Latina (CEDAL).
[16] Nota do Passa Palavra: ministro da agricultura sob o governo de Salvador Allende no Chile, Jacques Chonchol (n. 1926) exilou-se do Chile após o golpe de Pinochet e trabalhou no Instituto de Altos Estudos da América Latina da Universidade de Paris. Retornou ao país em 1994.
[17] Nota do Passa Palavra: O CCFD é uma ONG francesa fundada em 1961 por movimentos e serviços da Igreja Católica na França para, em suas próprias palavras, “mobilizar cristãos na luta contra a fome”. Atua hoje na América Latina, no Leste Europeu, na Ásia, na África e na “bacia mediterrânea” (Síria, Jordânia, Líbano, Israel e Tunísia).
[18] Nota do Passa Palavra: o Instituto Cajamar foi a escola de formação política criada pela Secretaria Nacional de Formação do PT em 1986. Sob a presidência inicial de Paulo Freire, foi responsável pela formação de uma geração inteira de militantes do partido. Em 1993, dentro do processo de incorporação das escolas de formação à estrutura da CUT, virou Escola São Paulo, e em 1995 perdeu a independência jurídica – e política – para ser enquadrado, com este nome, dentro da rede de escolas sindicais da CUT. Foi, para uma geração de militantes que tem hoje entre quarenta e cinquenta anos de idade, o mesmo que, para militantes mais jovens de hoje, é a Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST.
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