Combatividade de classe e autogestão libertária: são as duas características principais deste movimento sindical do sudoeste do Estado espanhol. E um inusual conceito de “greves gerais regionais”. Entrevistámos um dos seus principais dirigentes. A seguir, um pequeno vídeo e uma crónica sobre a greve referida. Por Passa Palavra

Entrevista com Diego Cañamero, dirigente do SAT-SOC

Porque é que foi convocada a vossa greve geral regional de 14 de Abril?

O motivo da greve é a crise, é o desemprego, é a situação económica das aldeias da comarca. Concretamente na Serra de Cádis, que é uma comarca da província de Cádis que tem 19 aldeias e 120.000 habitantes. Nessa comarca, 39% da população activa está no desemprego. Então convocou-se a greve, consultou-se o povo e foi unânime: toda a comarca faz greve. E fizemos uma grande manifestação em Arcos [de la Frontera], que é a aldeia “capital” da comarca e tem 30.000 habitantes, e foi uma manifestação de mais de 5.000 pessoas.

O secretário-geral do SAT, Diego Cañamero, em segundo plano, de punho ao alto. (Foto EFE)
O secretário-geral do SAT, Diego Cañamero, em segundo plano, de punho ao alto. (Foto EFE)

A segunda comarca que entrou em greve foi a de Serra Sul de Sevilla, de outra província. Aqui há 17 municípios, 80.000 habitantes, e 32 a 33% da população activa está desempregada. A greve foi convocada, e foi unânime: 17 aldeias, todas em greve.

O sindicato está a demonstrar a todas as demais forças políticas e sindicatos que, se todos nos unirmos, pode-se convocar a greve geral na Andaluzia e no Estado espanhol.

Porque a crise e o desemprego não pode ser uma espécie de espada de Démocles contra o povo simples, o povo trabalhador – os trabalhadores independentes, as pequenas e médias empresas, os camponeses, os jornaleiros [assalariados agrícolas]. Não. Nós dizemos que a crise, não fomos nós que a provocámos. A crise tem de ser suportada por aqueles que a provocaram: os bancos, as multinacionais, as imobiliárias, os concessionários de automóveis, os orçamentos gerais do Estado – esses sim, têm de fazer todo o possível para que a crise não vá afectar os trabalhadores e as aldeias.

Eram maioritariamente trabalhadores dos campos, ou também das indústrias e dos serviços?

Na greve? Sim, todos. Comércio, empresas, trabalhadores independentes, camponeses, cooperativas, trabalhadores, todos. Todos juntos, todos em greve.

O SOC é um sindicato que tem as suas raízes no movimento anarcossindicalista de Espanha. Existe desde quando?

Em 1 de Agosto de 1976 nasceu o Sindicato dos Operários do Campo, na Andaluzia. Com uma tradição do movimento anarcossindicalista, colhemos a sua base fundamental, que são as assembleias, que é a pessoa nova, com esse espírito, com essa cultura nova. Colhemos a herança da acção directa, do sindicalismo a pié de tajo [1] nas empresas, etc. A linha dos sindicatos anarquistas é uma herança presente nas nossas actuações.

E o SAT – Sindicato Andaluz de Trabalhadores – que diferença faz, ou que relação tem com o SOC?

O SOC deu origem, juntamente com outras organizações, ao SAT. O SOC é a base fundamental do Sindicato Andaluz de Trabalhadores. De facto eu sou o porta-voz nacional do SAT, e sou o secretário-geral do SOC. O SAT é mais amplo, abarca todos os sectores da produção, sejam do regime geral sejam do regime agrário, de todos.

Existem muitos latifúndios ocupados pelos trabalhadores?

Não muitos. Temos cooperativas, que conseguimos arrancar à Junta da Andaluzia – o governo andaluz – e também arrancadas à propriedade privada. O sindicato tem cooperativas, algumas de 1.200 hectares, de 300 hectares, de 50 hectares. Mas não temos muitas terras, ocupadas em permanência, dos terratenentes.

Sabemos dos casos de Duquesa de Alba e de Marinaleda. Essas são ocupações de latifúndios privados?

O do Duque do Infantado (Marinaleda), outro que temos em Cádis que se chama Ruiz Mateo (Rumasa), e algumas mais que são públicas. Estas são as privadas.

Como funcionam as relações sociais nessas cooperativas, as hierarquias, o regime de salários, a ligação às comunidades, a inserção da produção no mercado?

Bem, funciona como nos permitem as normas vigentes e a realidade em que vivemos, não é? Gostaríamos de ter o nosso próprio mercado, a nossa própria economia, distribuindo [as mercadorias] ao seu preço justo. Mas quando precisamos de vender os nossos produtos, pois temos de vendê-los, seja a cooperativas de segundo grau que existem, ou então a alguma empresa de propriedade privada ou alguma empresa multinacional. Por exemplo, para vendermos o azeite – e nós temos actualmente um milhão de kg-azeite – não há possibilidade de termos mercados locais onde se possa distribuir essa quantidade. Então temos de o vender às grandes multinacionais que o queiram comprar. E, se produzirmos favas, azeitona verde [de mesa], alcachofras ou pimentos – para as quais temos fábricas de manipulação e de embalagem em latas – pois temos de as vender ao grande comércio, infelizmente.

Libertação de Cañamero, com Sánchez Gordillo e outros 16 sindicalistas do SAT, acusados de cortarem as vias do AVE (trem de alta velocidade). (Foto EFE)
Libertação de Cañamero, com Sánchez Gordillo e outros 16 sindicalistas do SAT, acusados de cortarem as vias do AVE (trem de alta velocidade). (Foto EFE)

E como se traduzem nas relações de produção, nas vossas cooperativas, as ideias libertárias do sindicato?

As nossas cooperativas assentam na liberdade. Todo o trabalho é feito em assembleias. Explica-se às pessoas que não há mais-valia, que não há exploração do homem pelo homem, que é trabalho socialista, que todo o benefício é para a colectividade, que não há repartição de benefícios pelos cooperativistas, mas que todo o resultado é aplicado no investimento, no fortalecimento do centro de trabalho. Uma passagem da teoria à prática, para as pessoas entenderem que essa cooperativa e essa produção é dos trabalhadores e não de um patrão que lhes saque a mais-valia e os explore.

Existem hierarquias de mando nas cooperativas?

Todos os dois ou três anos há eleições, para que as pessoas possam ratificar, propor, sempre no regime de assembleias públicas.

E nesses momentos os responsáveis mudam, ou são sempre os mesmos?

Podem mudar, sim. Mudar de gestor, mudar de encarregado. Sim, podem mudar.

Os salários são semelhantes para todos?

Sim, os salários são iguais para todos. Nessas cooperativas toda a gente ganha por igual.

Independentemente da composição das famílias?

Independentemente da família que tiverem.

Lemos que o SOC tem uma actividade educativa. São mesmo escolas para as crianças, ou formação para adultos?

Não, só temos formação para adultos. Jornadas educativas, de educação, ou jornadas para tratar temas. Agora vamos, a 7, 8 e 9 de Maio, uma jornada internacional sobre o tema da Reforma Agrária.

Como se passa a vossa intervenção ao nível dos órgãos do poder político? O sindicato tem eleitos para cargos políticos? Nesse contexto funcionaram como um partido político? Os eleitos candidataram-se com a sigla do sindicato?

Participamos na política e temos vários alcaides [prefeitos, presidentes de Câmara], vários deputados no parlamento da Andaluzia. Também participamos nos órgãos políticos com uma organização que se chama CUT [2].

Uma organização política independente do sindicato?

Sim. Independente do sindicato.

E que funciona, portanto, como um partido político?

Correcto.

Que importância tem a presença de imigrantes na Andaluzia, e de que países vêm?

Vêm de muitos lugares: da África, da América Latina e da Europa do Leste. Esses imigrantes vêm para as campanhas sazonais que ocorrem com muita força em algumas províncias. Nas estufas de Almeria, a azeitona em Jaén, a laranja na várzea do Guadalquivir, e os morangos em Huelva – são as colheitas grandes onde há mão-de-obra de outros lugares.

Isso provoca contradições entre os trabalhadores andaluzes e os estrangeiros?

Sim. Temos alguns problemas. Não é bem racismo, é mais incompreensão; porque é que vem essa gente de tão longe, havendo aqui desempregados e desempregadas. Essa incompreesão existe, mas conseguimos aguentá-la bem, orientá-la bem.

Sabemos que em El Ejido [pequena cidade da província de Almeria onde se verificaram discriminações xenófobas e racistas contra os imigrantes magrebinos] o SOC conseguiu instalar uma sede para dar apoio aos imigrantes. É verdade?

Sim, é verdade. Trabalhamos muito com os imigrantes.

Há muitos imigrantes filiados no sindicato?

Sim. Em Almeria, justamente, há muitos que são do sindicato. Aliás dos três companheiros que estão à frente do sindicato em Almeria, um é marroquino, outro é senegalês e outro é argentino. Os nossos dirigentes em Almeria são todos imigrantes.

Agora fala-se de recrutadores que, por conta da agro-indústria, vão ao norte de África contratar, para as campanhas sazonais, mulheres que têm de ter entre 25 e 45 anos de idade, desde que tenham filhos pequenos como garantia de que, finda a campanha, elas quererão regressar aos seus países. Uma vergonha a que os governos, Estados e autoridades europeias chamam “imigração ética”. Tens conhecimento disso?

Sim, temos denunciado esses “contratos na origem”. Continuamente os temos denunciado. Antes iam à Roménia, à Polónia ou à Bulgária; mas como estes países agora já fazem parte da União Europeia agora não lhes fazem esses “contratos na origem” porque há livre circulação dos trabalhadores europeus. Mas temos denunciado e condenado os “contratos na origem” que são feitos noutros países, especialmente contra o facto de exigirem condições de família que os obriguem a regressar. E para terem alguma dignidade das condições em que vivem. As pessoas são tratadas como ferramentas de trabalho, ou em todo o caso como animais. Isso é algo que a toda a hora nós denunciamos. E isso acontece sobretudo na agro-indústria do morango em Huelva. Todos os anos temos centenas de casos de denúncias – nos tribunais, na Guardia Civil, na Junta da Andaluzia [governo regional], na Inspecção do Trabalho – denunciando todos esses casos que detectamos com a nossa presença física nas comarcas do morango em Huelva. A esta hora temos dois companheiros que estão a fazer esse trabalho de denúncia e resolvendo os problemas que os trabalhadores lhes vão colocando no dia-a-dia.

Há grupos universitários de investigação que estudam os vários aspectos do vosso trabalho?

Sim. Vamos enviar-vos materiais sobre isso. E também notícias, fotos, áudios e vídeos sobre as nossas diversas lutas. Agradecemos ao Passa Palavra que nos ajude a divulgar essas lutas noutros países.

Notas:

[1] Expressão muito usada no SAT e no SOC que significa “sindicalismo no local de trabalho”.

[2] Colectivo de Unidade dos Trabalhadores, que na Andaluzia apresenta a sigla CUT-BAI (Bloco Andaluz das Esquerdas).
O CUT-BAI apresenta-se assim:
«O CUT-BAI é a organização política anticapitalista e revolucionária dos trabalhadores e trabalhadoras da Andaluzia que luta pela consecução dos Direitos Nacionais da Andaluzia (autodeterminação e soberania nacional), a emancipação da classe trabalhadora andaluza, de uma sociedade livre de toda a opressão, na busca que uma ordem internacional superadora do sistema capitalista e cujo objectivo final é uma sociedade sem classes.
«As finalidades do CUT-BAI são:
«1) A defesa dos interesses sócio-políticos da classe trabalhadora andaluza, lutando contra qualquer tipo de exploração capitalista e de opressão nacional.
«2) A consecução da paz, do desarmamento e do desaparecimento dos blocos militares, assim como o desmantelamento das bases militares estrangeiras na Andaluzia (Rota, Morón e Gibraltar) e a saída da Andaluzia da NATO.
«3) O desenvolvimento da identidade nacional andaluza, mediante a protecção e a recuperação da sua cultura e da sua história.
«4) A luta pela igualdade e contra todo o tipo de discriminação da mulher em todos os planos da vida social, potenciando a sua participação em todas as actividades e órgãos.
«5) A luta contra a destruição do meio ambiente e a degradação da natureza.
«6) A luta contra o imperialismo e o colonialismo, pela superação da actual divisão internacional do trabalho que consagra a desigualdade das relações norte-sul.»

(Vídeo) Primeiras palavras de Diego Cañamero ao ser libertado da prisão, onde esteve retido com outros 16 sindicalistas acusado de tentativa de corte de vias férreas:

Crónica da esperança: o SAT volta à carga contra o bloco PSOE-PP

Manuel M. Navarrete
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=104133

Em Abril o SAT liderava um movimento de greve geral na Andaluzia (sudoeste do Estado espanhol). Publicamos, em complemento à entrevista que fizemos a Diego Cañamero, dirigente carismático desse sindicato, a crónica então publicada no Rebelión por Manuel Navarrete. Siglas referidas: o PSOE é o partido socialista espanhol, actualmente no poder;e o PP é o Partido Popular, da direita.

Suponho que existam muitas maneiras de comemorar o 14 de Abril, dia da República. Algumas baseiam-se em mero folclore nostálgico. Outras procuram ligar de algum modo o passado ao presente. Mas, hoje, muitos de nós, andaluzes, tiveram a oportunidade de celebrar o 14 de Abril da forma mais autêntica possível: com uma Greve Geral.

Esta Greve, convocada pelo SAT-SOC, paralizou quase a 100% dezassete municípios da província de Sevilha, habitados por mais de 84.000 pessoas. Assim sendo, depois de o PSOE ter anunciado uma liberalização dos despedimentos, depois das obscenas injecções de dinheiro público na banca privada, depois de tantos abusos, estes admiráveis assalariados agrícolas escaparam-se do beco-sem-saída lamentável em que está armadilhada a suposta esquerda deste país.

Com um PCE [Partido Comunista de Espanha] que afirma que só promoverá uma Greve “se assim o decidirem as CC OO [Comisiones Obreras], seu único sindicato de referência”; com umas CC OO que anunciam que só farão greve se também for convocada pela UGT, correia de transmissão do PSOE, a equação equivalerá ao seguinte: só haverá Greve quando assim o quiser o PSOE, quer dizer, quando estiver o PP no governo.

Esta mudança de atitude, conforme o governo seja do PSOE ou do PP, só se pode explicar da perspectiva de que os sindicatos maioritários não são realmente sindicatos, mas sim aparelhos do Estado controlados pelo Partido Socialista. Já que, a serem sindicatos, defenderiam os interesses dos trabalhadores independentemente da cor do governo de turno.

Quando se analisam as políticas do PSOE e do PP acontece o contrário de quando se analisa qualquer outra coisa. O normal é que, ao aprofundar uma análise qualquer, se vá percebendo cada vez mais matizes diferenciadores entre os elementos analisados. Mas, neste caso, acontece precisamente o contrário: quanto mais se estuda o assunto, menos diferenças se notam entre o PSOE e o PP.

Como se este panorama não fosse já de si bastante deprimente, as CC OO e a UGT comportaram-se como vulgares fura-greves na Greve Geral da serra de Cádis no passado dia 9 de Fevereiro, incitando os trabalhadores a não fazerem greve e a comparecerem nos seus postos de trabalho (apesar de, para cúmulo, carecerem de representação sindical na zona).

E, todavia, o SAT acaba de nos mostrar que, neste país, e em todos os países do Estado [espanhol], e em todos os Estados do mundo, para os oprimidos existe esperança. Esta manhã nós madrugámos e, a partir de múltiplos pontos da Andaluzia, deslocámo-nos para estarmos às 7h00 nas praças de Osuna e Estepa e organizarmos os piquetes. O trabalho prévio tinha sido excelente: todo o pequeno comércio apoiava a greve e estava fechado. As carrinhas sonorizadas deambulavam pela capital da comarca avisando os habitantes da mobilização. O desafio era agora conseguirmos superar a ambição parasitária dos donos da Mercadona e da Eroski que, ajudados pela Guardia Civil, procuravam desmantelar a Greve obrigando os seus assalariados a trabalhar. Apesar do frio, ganhámos a aposta e impedimos as grandes superfícies de trabalhar.

f_canamero1A Greve foi um êxito impressionante. Os dezassete municípios pararam a sua actividade praticamente por completo, apesar das chantagens dos alcaides [prefeitos, presidentes de Câmara] do PSOE que ameaçaram retirar o subsídio agrário a quem apoiasse a Greve. No comício final desta emocionante mobilização, tomaram a palavra nada menos que oito alcaides da comarca apoiando a Greve, assim como numerosos activistas de movimentos sociais ou históricos sindicalistas do calibre de Diego Cañamero.

O momento mais emocionante aconteceu quando falou Juan Manuel Sánchez Gordillo, o célebre alcaide de Marinaleda. Gordillo atacou vigorosamente o carácter fascista dos “cães” da Guardia Civil; explicou que o Estado não é “neutro”, mas sim um Estado de classe que assegura a exploração da classe trabalhadora pelos terratenentes e pela burguesia; que não vivemos numa verdadeira democracia, mas sim numa ditadura encoberta do capital; que o PSOE é um cavalo de Tróia do capitalismo, e por isso não o devemos introduzir nas nossas muralhas: há que pegar-lhe o fogo de todos os lados e atirá-lo ao mar; que a esquerda, ou é anticapitalista e faz oposição ao regime, ou não é esquerda…

Tudo isso para vergonha da “esquerda oficial” que apenas podia desviar o olhar para outro lado, enquanto a massa dos operários do campo e de militantes solidários das cidades rompia em aplausos e gritos de “Viva a Andaluzia livre”. Também foi emocionante ver um moço da comarca, de apenas 17 anos, pegar no microfone e incitar toda a gente a continuar a luta, recordando quem eram, nas palavras de Bertolt Brecht, “os imprescindíveis”: os que lutam toda a vida.

Estes factos demonstram que o Povo Trabalhador Andaluz, encurralado pela fome e pelo desemprego, pode sair da sua letargia. E isso acontecerá se tivermos a maturidade política e a generosidade de, ultrapassando as habituais quezílias partidaristas, juntar os nossos esforços para que estes gérmenes de unidade e Poder Popular prosperem, se desenvolvam e se generalizem.

Como dissémos no começo, este 14 de Abril foi mais longe do que as habituais bandeiras, do que as habituais comemorações folclóricas. A melhor homenagem que podemos prestar a tantos companheiros assassinados pelo fascismo é continuar a sua luta. Talvez por isso o SAT anunciou que, hoje mesmo 15 de Abril, começará a preparar a sua terceira Greve Geral de 2010, e que assim continuará até alcançar o objectivo de uma Greve Geral de toda a Andaluzia. Para que a Andaluzia viva livre, viva a Andaluzia viva.

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