Visita da Brigada a uma prisão na capital do Estado de Chiapas. “Foram-me infligidos muitos castigos, mas quando temos a liberdade cá dentro não nos conseguem vergar.” Por Brigada Europeia em Apoio aos Zapatistas

f_folhetobrigada01A Brigada Europeia de Apoio aos Zapatistas efectua a sua última etapa na volta de solidariedade com a construção da autonomia indígena. Os seus membros realizam uma visita ao mal chamado Centro de Reabilitação Social nº 5 (CERESO) em San Cristóbal de las Casas, onde estão internados elementos das bases de apoio zapatistas de San Juan Apóstol Cancuc e camponeses de Mitzitón aderentes à La Otra Campaña.

Diego e Miguel foram presos pela segurança pública em 21 de Junho p.p., na sequência dos graves incidentes na comunidade de El Pozo, San Juan Apóstol Cancuc. Os factos, já relatados pelo Centro de Direitos Humanos “Frei Bartolomeu de las Casas”, confirmam que foi um ataque de partidários pró-governamentais contra bases de apoio zapatistas que se negam a pagar as quotas de electricidade. O incidente saldou-se com a perda de vidas humanas e com feridos gravíssimos. Os agora presos de forma alguma participaram no incidente, segundo testemunhos presenciais. Em consequência da agressão PRI-ista e PRD-ista, as famílias bases de apoio encontram-se deslocadas do seu povoado.

Miguel pertence ao povo tzeltal e precisa de intérprete para falar connosco. Diz que é a primeira vez que é preso. Que sente a sua situação no CERESO como muito difícil. Que ele e Diego agradecem muito a nossa visita, pois já não se sentem tão sozinhos. Que sobretudo agradecem muito o apoio dos companheiros da “Voz del Amate”, colectivo histórico dos presos políticos indígenas. O histórico dirigente da “Voz” Alberto Patishtán acolheu-os e ajudou-os desde o primeiro instante em que chegaram.

Depois da detenção, passaram três dias na Procuradoria, oito em prisão preventiva e já estão há mais de uma semana no CERESO. Miguel servia na comunidade como responsável local e Diego no Comité de Educação Autónoma. Ainda não receberam a visita das suas famílias pois “são muito pobres” e elas se encontram agora deslocadas da comunidade. Vê-se que estão muito tristes com a injustiça da situação e por não saberem dos seus, mas as pessoas da “Voz del Amate”, Pedro, Rosario e Alberto, apoiam-nos com a sua incrível força e alegria.

Alberto Patishtán regressou há pouco tempo de uma longa convalescença hospitalar. Cinco meses. O mais veterano lutador da “Voz del Amate” tem uma força espiritual portentosa. Fala-nos dos novos planos de trabalho do colectivo dentro da prisão. Organizam desde aulas multilingues tzeltal-tzotzil-castelhano até aprendizagem de xadrez. Um programa de 10 pontos de trabalho para consciencializar as pessoas.

Fala-nos também sobre os camponeses de Mitzitón aqui presos, a quem também dão apoio.

Alberto diz que é na prática que se ganha a força para lutar e resistir. Entrou para a prisão há 10 anos e já percorreu cinco presídios. Diz que em Copailaná lhe foram infligidos muitos castigos, mas quando temos a liberdade cá dentro não nos conseguem vergar.

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Em El Amate realizou uma duríssima greve de fome de 41 dias, mas o seu pior sofrimento foi no hospital: “Ali foi pior que uma prisão, cinco meses num local bem mais exíguo do que este. Mas até no deserto há vida. Até consciencializei os meus guardas”. Pede que difundamos a sua luta no nosso continente pois é um dos presos políticos mais antigos do México.

Original em castelhano aqui. Tradução: Passa Palavra

[FIM DO 8º DIÁRIO]

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