Forças policiais penetraram na Universidade Nacional Autónoma das Honduras para expulsar e deter os dirigentes sindicais do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade, que desde há vários meses prosseguem protestos e uma greve de fome. Por Giorgio Trucchi

Às 5 horas da manhã do dia 5 de Setembro, forças policiais penetraram na Universidade Nacional Autónoma das Honduras, UNAH, para expulsar e deter os dirigentes sindicais do Sindicato de Trabajadores de la UNAH, SITRAUNAH, que desde há vários meses prosseguem uma manifestação de protesto e uma greve de fome.

honduras-2Segundo as primeiras notícias que estão a ser divulgadas, desconhece-se o lugar para onde os dirigentes foram transferidos, enquanto teria sido suspenso o início dos cursos, que estava previsto para o dia 6 de Setembro.

O ministro da Segurança, Óscar Álvarez, assegurou que se teria procedido à detenção de 15 pessoas, acusadas de rebelião, enquanto seriam 22 as ordens de detenção ao dispor da polícia, contra igual número de pessoas.

Numa nota breve, o muito contestado jornal El Heraldo indicou que «uma vez recuperadas as instalações, procedeu-se a uma busca por todos os edifícios e prédios universitários, para obter a certeza de que nenhum sindicalista permanece ali escondido».

Óscar Álvarez, que chefiou as operações, declarou a algumas emissoras de rádio locais que a expulsão foi efectuada pela polícia, a Fiscalía, os bombeiros e a Cruz Vermelha, «cumprindo uma ordem judicial» assinada pela juíza Laura Casco e pelo secretário Francisco Roberto Izaguirre.

No passado dia 3 de Agosto, a contestada reitora dessa Universidade, Julieta Castellanos, autorizou outra intervenção das forças repressivas. Naquela ocasião, tratou-se de reprimir os protestos da Federación Unitaria de Trabajadores, que decidira proceder a uma ocupação directa da universidade em solidariedade com os 128 despedidos [demitidos] pela reitora desde há mais de quatro meses.

Os despedidos não foram reintegrados, apesar de estar sobejamente documentada a violação dos seus direitos trabalhistas, disse naquela ocasião Osan Ávila, Fiscal do SITRAUNAH.

René Andino, presidente do SITRAUNAH, afirmou que num Estado que se diz de Direito foi violada a autonomia universitária, como sucedeu no dia 5 de Agosto do ano passado, quando «a ditadora da Universidade, (Julieta) Gonzalina Castellanos, foi espezinhada e atirada ao chão. O que no ano passado era mau agora é bom; hoje ela recorre às forças repressivas do Estado para reprimir os estudantes», denunciou ele em Agosto passado.

Essa expulsão ocorreu quando faltavam só dois dias para a Greve Cívica Nacional (7 de Setembro), proclamada pelas centrais operárias e pela Frente Nacional de Resistencia Popular, FNRP, e um dia depois de o Comité de Familiares de Detenidos Desaparecidos en Honduras, COFADEH, ter dado a conhecer ao público um horripilante relato das violações maciças dos direitos humanos (veja aqui) ocorrido nas Honduras em Agosto de 2010.

Texto original em http://cmldf.lunasexta.org/node/17422
Tradução Passa Palavra

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