Só pra você ter uma noção, quando engravidei uma mocinha numa viagem ao Nordeste não permiti que ela abortasse de jeito nenhum. Por João da Silva

aborto

17 COMENTÁRIOS

  1. Reduzir a luta de tantos brasileiro contra a legalizacao do aborto no nosso país a esta figura energúmena caricaturada acima, vai de uma postura deselegante, a desrespeitosa, a agressiva…a tantas outras que está fazendo meus companheiros petistas serem taxados de radicais e levando Serra quase empatar com Dilma nas intencoes de voto. Acordem amigos petistas e peguem leve, pois vai ser difícil para nós ganharmos este pleito se continuarmos insistindo neste tipo de embate. Me sinto no mínimo ofendida ao reducionismo que fazem de minha opcao anti-legalicao do aborto ao comparar com estas figuras extremas. Tudo de bom!!!

  2. Maria Elisa, sou o João, autor do quadrinho. Tipos como essa figura energúmena acima existem e merecem ser caricaturados.
    Sou contra o aborto, aliás penso que ninguém em sã consciência é a favor. Mas sou a favor de que mulheres possam ter liberdade de escolha, e que o estado garanta a todas elas – não só as que tem dinheiro pra pagar um dr. Praxedes – o direito de abortar. Com hospitais públicos. E junto com isso uma campanha forte mostrando os riscos.
    De maneira alguma quis reduzir o debate e dizer que só pessoas como a desse energúmeno são a favor. Fiz pra suscitar o debate, provocar. Gostaria, inclusive, de saber sua opinião. Abraço

  3. Parabéns João.

    Eu, que não sou petista, acredito que temos pegado muito leve em relação à temas tão sérios como este. Ao fazermos isso, continuamos aceitando que figuras como a retratada por você continuem existindo e oprimindo a cada dia, milhões de mulheres.
    Negamos à mulher o direito de decidir sobre seu corpo e sua vida, mas naturalizamos a fome, o machismo, a exploração. Sinto-me muito ofendida ao saber que mulheres morrem em decorrência do aborto diariamente, me ofendo também quando vejo uma criança abandona, e me ofendo muito também, quando vejo que milhares de mulheres fazem tripla jornada de trabalho diariamente, afim de garantir o sustento de crianças que não foram concebidas pelo espírito santo.
    Ao meu ver, reducionismo é tratar um tema tão importante como este, como estratégia para vencer eleição. Nojento.
    Desrespeito e agressividade é o que a sociedade e o Estado faz com as mulheres.

    Mais uma vez parabéns pela sensibilidade. Gostaria muito que seu personagem fosse uma caricatura, mas infelizmente é um belo retrato da sociedade brasileira. E esta, não tem sido nenhum pouco elegante.

    Nenhum rosário no meu ovário.

  4. Concordo com o colega que disse que reducionismo é tratar do aborto como uma estrátegia política. O debate é entre dois políticos ou entre duas figuras que representam alguma denominação religiosa?

    O quadrinho do João retrata com um ótimo humor e com uma grande sacada a hipocrisia que impera entre os eleitores, os quais se deixam conduzir por esse tipo de campanha eleitoral.

    acho que temos que manifestar (e aqui segue o trecho de um texto que escrevi)

    (…) a necessidade de o Estado levar à frente o seu projeto LAICO.

    Só assim de fato a liberdade religiosa será exercida. A crença de alguns indivíduos não pode prevalecer sobre a crença de outros indivíduos, ou mesmo sobre aqueles que não possuem crenças.

    A religião, por exemplo, não deveria interferir em questões que são de saúde pública. Sim, que fique claro que aqui estamos falando sobre o aborto e da necessidade de ele ser tratado como tal. Não pode imperar um discurso que é conservador ou, como muitos gostam de falar: pró-vida. Vamos combinar que o conceito de vida é algo extremamente complexo, múltiplo e varia de crença para crença, pessoa para pessoa.

    temos sim que insistir nesse tipo de embate.. enfim… a colega está um pouco equivocada na crítica ao quadrinho…

    parabéns joão

  5. Olá a todos!
    Joao, obrigada pelo esclarescimento.
    Como voce disse que gostaria de saber minha opiniao, segue alguns pontos.
    Primeiro que, assim como tudo que diz respeito a políticas públicas, acho que devemos focar nossos esforcos no combate das causas, e nao das consequencias. O Brasil é hoje um dos países com maior índice de abortos do mundo. Claro que isto está diretamente ligado ao estado de pobreza e pouco acesso a educacao do nosso povo. Defendo que a liberdade de escolha da mulher seja de possuir as informacoes e recursos necessarios para poder optar por engravidar ou nao. Quem tem alguem próximo que já praticou o aborto sabe da violencia para a mulher que significa isto. Vamos combinar que nenhuma mulher passa “ilesa” por um processo de aborto, em alguns casos, isto repercurte pro resto de suas vidas. Seríamos hipócritas se negássemos isto. Alguma sugestao prática? (já que melhorar a educacao e o acesso a recursos contraceptivos é algo demorado) Sim. Conheco de perto a realidade de nossas mulheres pobres do interior (me desculpem, mas a maioria das pessoas que se pronunciam em defesa “do direito de escolha da mulher sem condicoes de pagar uma clinica de aborto” nao as conhece de fato!) e afirmo com propriedade que algo que tem funcionado é agilizar o processo de ligadura de trompas para as mulheres que desejam faze-la.
    Legalizar o aborto pra mim nao tem nada de legal pra vida da mulher. Sequer acredito que vá salvar vidas de maes que se arriscam abortando clandestinamente. Nosso SUS mal tem dado conta dos partos normais. E opiniao pessoal, legalizacao do aborto pra mim é o mesmo que determinacao de uma idade mínima para que se torne permitido matar. Sim minhas caras, sou mae, andei refletindo que se esta história da liberdade de escolha da mulher for muito longe, podemos abrir precedentes, porque nao, para que as maes lutem em algumas dezenas de anos, para terem a “liberdade” de escolherem dar continuidade ou nao a vida de seus filhos na idade insuportavel das birras (por volta dos 3 anos), por exemplo. Ora, se a luta é em prol da liberdade de escolha da mulher, que tem jornada tripla, e tantas dificuldades…
    Sou mae de dois, pari um atrás do outro, brinco que sao gemeos, e tenho esta mesma jornada tripla, com muitas dificuldades, mas nunca testemunharei que isto justifique o aborto.
    Quero deixar registrado que isto nada tem a ver com religiao. Tem a ver com moral e ética, incomode quem incomodar essas palavras demodée e “conservadoras”. Mas foram estas palavrinhas que conferiram a Marina tantos votos. O Brasil é um Estado laico pela constituicao, mas nosso povo tem religiao, e isso nao se pode negar a ele, pois liberdade religiosa tambem nos é assegurada pela mesma. Mas ninguem que combate o aborto está defendendo a faccao espírita, a crista, etc. Por favor, me explique um pouco melhor isto porque eu nao estou conseguindo ver nenhum atentado ao estado laico do nosso Estado…Se a opiniao do cidadao brasileiro é influenciada pela religiao dele, isso é impossivel de se evitar. Toda religiao criminaliza o aborto, e todo cidadao que tem alguma religiao nao vai enchergar esta discursao como uma política pública de uma forma desvinculada de seus valores religiosos(como dos culturais, tradicoes, etc). Ou se aceita isto, ou o que se está propondo aqui é combater a religiao. E espero que nao seja isto. A novidade é que esta “brincadeira” de combater religiao acaba um dia pra todo mundo (assim como acabou pra Gramsci no leito de morte, para Nitsche e tantos outros).
    Abracos de uma comunista critã “com um rosário no útero”!

  6. Maria,

    Sua sugestão prática é que as mulheres passem pela intervenção cirúrgica de ligamento de trompas?
    A solução então é negar a mulher a possibilidade de ser mãe para o resto da vida, porque em um outro determinado momento ela não queria?
    Entendi certo?

    Se for isso (que acho surreal) por que não nos homens?

    Contigo, só concordo com a perte de que o SUS é uma bosta, seja para parto normal, cesária, aborto, ligar trompas, gripe.
    E também concordo que vc possa ter um rosário no seu útero.

    Mas que não seja crime eu não ter no meu.

    Quando citei a jornada tripla de trabalho, era para lembrar sobre a divisão sexual do trabalho, dos papéis conferidos à mulher na sociedade atual.
    Não sei sobre o pai de seus filhos, mas a maioria dos pais não compartilham da mesma carga que as mães.
    E não entendo onde é que estaria o precendente para matar crianças no futuro. Achei absurda essa conexão.
    A discussão de onde começa a vida, é muito mais complexa do que esta que estamos fazendo aqui. As opiniões são muitas. Não acredito e nem concordo com os argumentos cristãos e nem nessa ciência. Feita sempre por homens, brancos.

    E outra coisa, o número de mulheres ricas que abortam é sim muito grande, mas certamente o número das que morrem é muito maior entre as pobres.

    Como sempre.
    E não é esse ou aquele presidente quem vai mudar isso.

  7. Ei Jone, causando na rede, como sempre…rs
    Vamo lá!!
    Que medo dessa discussão, sempre tento evitar polêmicas, já fui expulsa de grupos de emails por minhas opiniões, mas não consigo segurar quando vejo erros clássicos sendo repetidos.
    O argumento de que devemos investir em políticas públicas para a formação das mulheres de modo que elas possam “escolher ficar grávidas ou não” é o mesmo absurdo egoísta que usam para negar políticas de ações afirmativas como as cotas. Dizemos às mulheres que estão grávidas contra sua vontade, assim como aos jovens negros e pobres que acabam na criminalidade: “aguardem que, talvez, netos ou bisnetos não precisarão passar por isso”. Será que isso é justo? Será que é o melhro que podemos exigir para amenizar os efeitos nocivos desse sistema cruel que só criou desigualdade e injustiça social?
    Mas devemos perguntar o que acontece quando um homem engravida uma mulher “acidentalmente”? A maioria não tem nem mesmo a atitude hipócrita do personagem do João, a maioria “pula fora” totalmente, quantas vezes não ouvimos de um homem, quando perguntado se tem filhos: “Não que eu saiba (risos)”. Porque toda a responsabilidade sobre a reprodução e toda a carga ideológica acrescentada pelo cristianismo e por séculos de machismo devem pesar apenas sobre os ombros das Evas? Até quando continuaremos pagando pelo pecado original? Porque não é permitido também às mulheres “pular fora”?
    Ninguém nem mesmo pensa em dar uma resposta a esse tipo de questão, afinal ser mãe é uma bênção divina que deve ser aceita como tal, não como um fardo, ser pai… bem… ser pai é outra história. Somos “pela vida”, eles dizem, e eu sempre me pergunto: pela vida de quem? Quando usamos esse argumento diante dos números assustadores de mulheres que morrem todos os dias em decorrência de complicações ao fazer abortos clandestinos ou quando bons cristãos se negam a atendê-las nos hospitais após fazê-los em casa, estamos agindo como o deputado de Caetano Veloso e Gilberto Gil vendo tanto espírito no feto e nenhum na mulher desesperada e abandonada que não aguentou o peso de ser responsável pelo milagre da vida de outro, vida que gerou sozinha, aparentemente. Prova do machismo inerente aos argumentos contra a legalização do aborto é o fato de nunca em momento algum ter surgido a possibilidade de discutir a punição também dos genitores, dos “pais”. Então, porque não punir também o genitor que abandonou a mulher à própria sorte? Que tal as mulheres envolvidas na luta pró criminalização do aborto fazerem essa proposta aos homens que compartilham dessa opinião?
    Não podemos continuar nos acusando e apontando, sem refletir. Queremos lutar pela vida dos futuros bebês? Então lutemos para que medidas políticas sérias sejam tomadas para evitar a necessidade de fazer abortos, mas sem intereferirmos no direito sagrado de decidir, opinar e escolher. Lembrando as palavras de chico Buarque de Holanda – que já deveriam configurar um anacronismo no nosso contexto histórico, mas, infelizmente, está cada vez mais atual – talvez a vida não seja um fato consumado, porque não podemos inventar nossos próprios pecados e morrer do nosso próprio veneno? Até quando nos orientaremos pelo juízo dos outros? Percamos a cabeça, para podermos refazê-la a partir de nossos próprios valores.
    Assim chegamos no argumento estapafúrdio de que “esta história da liberdade de escolha da mulher” tem alguma coisa a ver com o direito da mãe decidir sobre a vida do filho. Isso é o que acontece hoje, se os assassinatos físicos são menos comuns e não legalizados, os assassinatos ideológicos são constantes e totalmente legais. Pais que não dão qualquer autonomia para seus filhos, limitam a liberdade de escolha, decidem com quem podem ou não conversar, o que podem assistir, a realidade com que terão contato, a escola que devem frequentar, a carreira que devem seguir, etc. “Esta história da liberdade de escolha da mulher”, como você diz Maria, não se limita apenas ao direito de escolha da mulher sobre o prórpio corpo – o que por si só já é bandeira mais que digna – tem a ver com todas as lutas por liberdade e igualdade de expressão, sexual, social, racial, etc. Pensar em decidir sobre o tempo de vida de outra pessoa, não é argumento que, normalmente levaria em consideração, imagino que foi uma resposta infantil e impensada para espantar e tentar exagerar o terror que é o aborto, mas nesse caso achei um bom mote para demonstrar a dimensão do problema que enfrentamos.
    Já me alonguei demais, acho que consegui falar um pouco do que penso, só não sei se contribuí o que gostaria, mas…

  8. Sinceramente, sua resposta me traz tantas coisas para comentar que vou ponto a ponto. E vai dar um trabalhão, mas beleza… E já que você trouxe Gramsci para conversa digo que é preciso ter bom senso e não senso comum e aqui explico o que entendo por bom senso, com base em Gramsci: é a capacidade do indivíduo de questionar, de criticar certas concepções de mundo que nos são impostas, para não participarmos sempre automaticamente do senso comum. Esse pensador contrasta o agir e pensar e mostra a dificuldade que há entre ambos, pois apesar do pensar ser o primeiro passo a ação é fundamental para possíveis mudanças.

    Você inicia da seguinte forma: “[O Brasil é hoje um dos países com maior índice de abortos do mundo. Claro que isto está diretamente ligado ao estado de pobreza e pouco acesso a educacao do nosso povo. Defendo que a liberdade de escolha da mulher seja de possuir as informacoes e recursos necessarios para poder optar por engravidar ou nao.”]

    Adoro como você diz as coisas com propriedade: “claro que” ou “e afirmo com propriedade”… Enfim, o propósito não é esse…

    Bom, eu prefiro colocar esse seu argumento de outra forma. Eu defendo que SEJA UM DIREITO da mulher e do HOMEM terem acesso as informações e aos recursos necessários para previnir uma gravidez indesejada… porém, fica a questão: até hoje não foi implementada uma política efetiva que garanta a propagação dessas informações tão necessárias…o que seria o grande entrave a implementação dessas políticas?

    Eu chutaria como resposta que é devido a defesa da boa e velha moral e ética cristã. E o que mais me vem a cabeça nessas horas é: Defina moral, defina ética… o que é ético e moral para ti pode não ser para mim.. e não chute o pau da barraca com exemplos grotescos para questionar a minha afirmativa de como a ética e a moral são conceitos maleáveis.

    Você diz que: [Conheço de perto a realidade de nossas mulheres pobres do interior (me desculpem, mas a maioria das pessoas que se pronunciam em defesa “do direito de escolha da mulher sem condicoes de pagar uma clinica de aborto” nao as conhece de fato!) e afirmo com propriedade que algo que tem funcionado é agilizar o processo de ligadura de trompas para as mulheres que desejam faze-la.]

    Você defende que a ligadura de trompas é o caminho necessário e único… Bom, essa é uma intervenção física tanto quanto é a de um aborto, se bobiar mais invasiva. E gostei muito do que a Priscila disse: “Se for isso (que acho surreal) por que não nos homens?”

    A questão nesses termos que você colocou não faz nem sentido… a ligadura de trompas é apenas um método dentre vários métodos possíveis.. e se você escolheu para o SEU CORPO seguir esse caminho, BOM para VOCÊ… Sobre o MEU CORPO deixe com que EU fale com propriedade.

    Você [Legalizar o aborto pra mim nao tem nada de legal pra vida da mulher. Sequer acredito que vá salvar vidas de maes que se arriscam abortando clandestinamente. Nosso SUS mal tem dado conta dos partos normais.]

    Como assim? Não acredita que vai salvar vidas? Espera aí…não vamos jogar a água do banho com o bebê junto (ou vamos, pq o aborto abrirá precedentes para matarmos criancinhas já nascidas). O SUS é uma merda… Porém, ainda é melhor que uma clínica clandestina ou melhor que métodos como agulhas de crochê… Acredito eu, inocentemente..
    E não se esqueça: a luta não é pela simples legalização do aborto.

    Belezaaaaa, legalizou agora é festaaaa…

    Porra, é um processo, tem que ser feito com cautela… Acho que a luta pela legalização do aborto vai um pouco além da forma que você colocou, bem típica do senso comum. Queremos legalizar, mas lutamos também (e me incluo, pois sou pró-aborto) pelas condições necessárias para que o mesmo possa ser realizado.
    O fato do SUS mal dar conta dos partos normais é um problema a sem combatido. Você está lutando por isso? Espero que sim…

    E acho ótimo como você, no seu super status de mãe (parabéns para você que completou todas as fases e finalmente morfou-se em uma mulher completa) andou refletindo e chegou a conclusão de que: “[se esta história da liberdade de escolha da mulher for muito longe, podemos abrir precedentes, pq nao, para que as maes lutem em algumas dezenas de anos, para terem a “liberdade” de escolherem dar continuidade ou nao a vida de seus filhos na idade insuportavel das birras]”.

    Juro, esse foi um dos melhores argumentos que já li sobre como o aborto é algo extremamente pernicioso. Na verdade, eu já li algumas notícias relatando que há vários movimentos sociais, em países que legalizaram o aborto, lutando para que ele posse a ser realizado do momento que for concebido até o quinto ano de vida da criança, se não me engano, acho que em Portugal isso vai ser implementado em breve.

    Fim do momento piada…

    Ahn sim.. falar nos seguintes termos: “[se essa história da liberdade de escolha da mulher for muito longe]”, é tão absurdo… só sendo irônica mesmo para questionar!

    Portanto, cuidado hein, as mulheres estão conquistando direitos demais. CUIDADO! Onde isso vai parar? Logo elas irão exercer cargos de chefia, irão optar por não ter filhos, virarão lésbicas e assim será o FIM DA HUMANIDADE… medo…

    Fim do segundo momento piada…

    Lembra quando eu falei sobre não dar exemplos grotescos? Bom, esse seu aí de matar criancinhas foi bem grotesco… Um tanto quanto distorcido sobre a real proposta de pessoas que defendem o aborto. Novamente coloco a seguinte questão: o conceito de vida (de um feto e não de uma criança de 3 anos) é algo que vai variar conforme a crença, valor ético e moral de um indivíduo. Se eu não vejo vida em um feto que está em suas primeiras semanas de gestação, qual o problema de interromper o processo? O corpo é meu, a decisão é minha. E aqui entra novamente o conflito (o qual você aparentemente não conseguiu captar) de Estado X Laicidade. O Estado laico assegura aos indivíduos o DIREITO de seguir determinadas crenças OU NÃO.

    Então vamos estabelecer o seguinte: O aborto pode ser condenado pela religião e aqui devo dizer que não são todas elas que condenam o aborto e que nem todos que possuem um credo concordam com tais condenações, vide o site que o João indicou, das católicas pelo DIREITO DE DECIDIR, as quais são a favor do aborto, do uso de métodos contraceptivos.

    Mas o aborto não deveria ser condenado VIA ESTADO… Porém, ele é condenado via Estado e isso se dá pq alguns infelizes insistem em regulamentar (ou negar) certos direitos devido a adesão (pessoal) a certas crenças religiosas. Mistura-se privado com o público e vira tudo uma grande várzea.

    O que rolou nessa campanha eleitoral do segundo turno para presidente foi mais disputa religiosa do que política, isso não ficou palpável para ti ainda?

    Se você pegar a forma como falaram do casamento: ahn, é um sacramento! Porra, não podemos continuar tratando o casamento apenas como UM SACRAMENTO.

    Se o debate assim se mantiver, continuaremos a negar uma serie de direitos aos indivíduos do mesmo sexo que querem viver uma união estável. Está na hora de explicar para alguns infelizes por aí que o matrimônio (casamento religioso) é um sacramento e que é isso que a igreja regula (ou deveria). O casamento civil é um contrato, estabelecido por duas pessoas, regulado pelo Estado.

    Outro exemplo palpável de como a RELIGIÃO INTERFERE SIM NA LAICIDADE DO ESTADO BRASILEIRO.

    Pega o caso de anomalia fetal, já foram concedidos vários alvarás para realização de aborto em crianças mal formadas, especialmente anencéfalos. Em 2004 – o tema da interrupção da gestante por anencefalia foi central em discussões, com grande repercussão na mídia. O ministro do Supremo tribunal federal, Marco Aurélio, autorizou, em 01/07/2004 a interrupção de gravidez de feto anencefálico. Essa medida foi cassada três meses após a expedição, por setores conservadores da sociedade, como a Confederação Nacional de Bispos do Brasil.

    Vai falar que há vida em um feto anencéfalo? Qual vida? Espiritual? Só pq ele está vivo no útero de sua mãe aquilo representa VIDA?
    E pq diabos a confederação nacional de bispos do Brasil tem poder para cassar essa medida?

    E vou até mais longe em relação a essas questões religiosas x Estado:

    O Estado, por NÃO SER DE FATO LAICO, falha em garantir o pleno exercício da crença religiosa de certos indivíduos, pois tem uma afinidade maior com algumas religiões, ou uma em particular, a católica.

    Se os IURDIANOS (evangélicos, neopentecostais) são a favor do aborto (institucionalmente falando, ou seja, segundo o discurso da Igreja, aqui segue um texto do Edir falando pró-aborto http://bispomacedo.com.br/2009/03/24/coloque-se-no-lugar-dela/), pq o ESTADO não assegura o direito deles de praticá-lo?

    Então cara, o Estado brasileiro está muito mal resolvido com a questão da religião.

    A religião deveria imperar na ordem do privado e não do público, você não vê que isso não acontece? Eu e você vivemos na mesma realidade? Talvez o fato de você ser religiosa esteja nublando um pouco a sua visão, afinal, teus direitos (conforme a tua crença, tua moral, teus valores éticos, e o que vc acredita que são bons costumes e blábláblá) estão sendo contemplados nesse modelo atual, porém, os meus e o de muitos outros não.

    Você “[O Brasil é um Estado laico pela constituicao, mas nosso povo tem religiao, e isso nao se pode negar a ele, pois liberdade religiosa tambem nos é assegurada pela mesma]”.

    Essa sua frase é tão contraditória que eu nem sei por onde começar ou mesmo se começo a destrinchar tudo isso. Sei que, em linhas gerais, o Brasil, sendo um Estado Laico não deveria ser regido por nenhum preceito religioso, logo, tanto faz que o povo tenha uma religião… Isso se dá no âmbito do privado e não do público. Não dá para misturar, não disse que é fácil dissociar um do outro, porém, para que os DIREITOS de TODOS sejam mais facilmente garantidos, esse preceito de laicidade tem que ser seguido.

    Você “[Mas ninguem que combate o aborto está defendendo a faccao espírita, a crista, etc. Por favor, me explique um pouco melhor isto pq eu nao estou conseguindo ver nenhum atentado ao estado laico do nosso Estado…”]

    Novamente, gosto como você fala por todos! E discordo profundamente de ti. Vejo muita movimentação e organização religiosa CONTRA a descriminalização do aborto.

    Meu… não lembra disso? [e aqui cito o título de uma notícia] “Arcebispo excomunga médicos e parentes de menina que fez aborto – Garota de 9 anos teria sido violentada pelo padrasto.]
    O que é isso se não interferência religiosa? E sim, sei que esse caso não foi uma defesa direta contra a descriminalização do aborto, porém, não acho que esse arcebispo seria muito a favor não! É apenas um exemplo dos ABSURDOS que a religião comete nesse sentido.

    Enfim… cansei já! Só para finalizar: adorei sua colocação final… essa “brincadeira” de combater religião acaba um dia para todo mundo. Bom, primeiro, não combato religiões… Luto pela liberdade de cada indivíduo exercer suas crenças, luto para que nenhuma impere sobre a outra numa hierarquização ridícula. Ou vai falar que as religiões afro-brasileiras, evangélicas e etc. são consideradas tão legitimas quanto a católica, por exemplo? E não use você como parâmetro, por favor.

    Sim, vamos todos morrer. E meu, se Deus existe eu provavelmente irei para o inferno, pois sou uma grande herege e aí eu terei mesmo que parar de “brincar” de combater religião… (?), como você colocou… enfim…
    Só para fechar… a tua preocupação devia ser de seguir os seus preceitos e aplicá-los em sua vida! Se o aborto é legalizado e você não é a favor… simples… NÃO FAÇA UM.

    Legalização do aborto não equivale a obrigação ao aborto. As que são contra que não o façam. E não me venha com argumentos de que isso irá virar moda e que as pessoas irão deixar de usar os outros métodos contraceptivos… Ilustrando grosseiramente: ahn, hoje eu acordei, de manhã vou fazer as unhas, de tarde faço um abortinho ….

    Balela…

    Indicações de texto para ti: Acesso ao aborto e liberdades laicas

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832006000200008&lang=pt

    Antropologia e direitos humanos:
    esse da Laura é fenomenal, ela fala sobre a moral e como é algo subjetivo, relativo, enfim

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132006000100008&lang=pt

    Saudações de uma feminista atéia.

    ps: João, colei pelo meu campus várias dessas charges e foram todas arrancadas!

  9. Priscila, vasectomia é uma ótima sugestao. Nao coloquei a ligadura de trompas como A melhor solucao, sim como uma solucao que tem dado certo. Quanto intervencao cirúrgica (que o aborto também é, e muito pior), pensei nas mulheres que já tem filhos. Me refiro a realidade de mulheres que já sao maes, alcoolatras e com parceiros alcoolatras (ou narcoticos), filhos de pais diferentes, muito comum no Brasil, na qual a ligadura de trompas tem funcionado muito bem (Vamos lutar para que o SUS cubra a vasectomia, ja que esta é reversivel…)
    Sobre a divisao sexual do trabalho, boa pedida! Nao, meu marido nao me ajuda tanto quanto eu desejo, mas se voce quer lutar com o seu (ou futuro) por igualdade na divisao de tarefas, boa sorte! Espero que o resultado compense o desgaste, para voce e seus filhos!
    Como voces nao entenderam a analogia com legalizar a matanca para criancas em outras idades? Foi afirmado que o “direito da mulher de decidir sobre seu corpo e sua vida”, o fato de “milhares de mulheres fazem tripla jornada de trabalho diariamente, afim de garantir o sustento de crianças que não foram concebidas pelo espírito santo”, justificam a luta pela legalizacao do aborto. Assim como estes argumentos foram colocados para uma vida de alguns meses pode ser transferido para justificar a legalizacao de matar um filho de qualquer idade, simplesmente porque a mulher tem o direito de decidir sobre a vida que gerou. Eu que nao entendo esta logica: porque está dentro da barriga da mulher é propriedade dela e ela pode optar por matar, se está fora dela nao pode mais? Porque ? Porque possui um R.G:?????? Se querem entrar na questao científica de a partir de quando é ou nao vida tudo bem (Bassuma apresentou em sua página bons argumentos a quem interessar). Agora, pra quem nao acredita nem concorda com os argumentos cristãos e nem nessa ciência, feita sempre por homens, brancos, traga aqui as provas de que o feto nao é vida humana. Quem está defendendo o aborto tem a obrigacao de provar que nao se trata de vida formada, para nao correr o risco de estar matando uma vida humana. Ou vamos fazer como Amanda que entre uma tentativa de intimidacao e outra “Se eu não vejo vida em um feto que está em suas primeiras semanas de gestação, qual o problema de interromper o processo?”. Bem, como ela afirmou (e com razao!!) que conceitos de etica e moral, sao subjetivos e relativos, varia de sociedade para sociedade, se formos individualizar a questao (sim, ela propos que se ELA nao considera vida ELA tem o direito de decidir interromper), vamos poder decidir cada um o que ou quem é vida e se podemos ou nao interrompe-las?Beleza!Vamos acabar com nosso código penal e passar o julgamento do que é ou nao vida para o nível individual! Nao entendi como voce usou este conceito antropológico justamente para se discutir uma politica publica de um regime democratico, onde a vontade da maioria deve estar representada.
    Da mesma forma que em algumas tribos é permitido a matanca de criancas, nos países de origem mulcumana mulheres podem ser apedrejadas por muito pouco. A valorizacao da vida varia de sociedade pra sociedade, e obrigada, na minha a vida já é desvalorizada demais.

    Quanto a comparar a discussao sobre o aborto à políticas de ações afirmativas como as cotas, esqueceram de que aqui envolve VIDA, e antes que digam que nas outras tambem, VIDA que nao pode se defender (que a única que poderia estar lutando em prol dela é justamente quem quer tira-la), e que nao tem nada a ver com as desigualdades da sociedade que construímos! Ja que envolve VIDA tem-se sim que pensar em outras alternativas, diferentes da analogia que a colega fez sobre as cotas, cuja espera por políticas “ideais” de inclusao aconteceria daqui a algumas geracoes.
    Quanto as mulheres terem o direito de “pular fora” como os homens, minhas caras irmas de genero, estamos concordando com uma coisa abominável que os homens fazem?Queremos ter o direito de fazer igual? É isso que voces defendem? E ao se falar do direito da mulher, etc., voces se esquecem do direito destas criancas? Quem é egoísta aqui?
    Quanto as evas…eu nao conheco maes no reino animal que matem seus próprios filhos. A maioria delas passam a vida a transportar filhotes de refugio a refugio para fugir de predadores…É isso mesmo, somos mulheres, carregamos um útero dentro da barriga, e ao transar em período fértil já era, engravida! Sorry! E o útero nao está dentro da mulher por acaso … a natureza (seja quem for seu criador –os processos quimicos do Big Bang ou Jesus Cristo) o colocou dentro da mulher provavelmente porque esta possui uma maior capacidade de amar e de se doar. (Vao me bater por causa disso?)E essa causa sim eu abraco! As mulheres mantem o que ainda há de bom no mundo! Ela é referencia de uma ternura de sensibilidade que nao se encontra nos homens (fiquem calmas!!!!). Mas sei que isso nao agrada muito as colegas…
    Concordo com punir o genitor que abandonou a mulher à própria sorte, além do pagamento de fianca que já é obrigatório pela lei. Assim como punir aquela mulher que engravida sem querer, acidentalmente, porque esqueceu que poderia gravidar e agora está arrependida.
    Quanto a Gramsci,conheco mui bem colega, nao sou uma mulherzinha morfada, completa e alienada. Nao estou defendendo um senso comum, mas aquilo que é o “meu” bom senso. Pelo contrário, senso comum hoje se tornou esta defesa da liberdade individual acima de tudo, competicao, egoísmo e muitos outros da nossa sociedade pós-moderna – só muda o palco da discussao!
    Amanda, sobre seu corpo eu deixo que voce fale com propriedade, e assim espero que o faca quando se entrega para o bel prazer de(com – depende) um homem que pode “pular fora” de assumir qualquer coisa que venha de voce. So nao queira que eu concorde que voce tenha propriedade sobre a vida de um terceiro, só porque esta vida foi gerada dentro de voce (natureza má e cruel!). Sinceramente, as mulheres que nao conseguem sentir um amor natural e o senso de protecao que os bichos tem pelos filhotes,ou ainda, que se sentem capaz de poder escolher qual deve ou nao viver, faca um favor a humanidade de se esterelizarem! Assim, nao tenho dúvidas, voces serao mais felizes. Quando resolverem ter um filho (Ah!Nada é certo viu! Voce pode encontrar o cara da sua vida hoje, o pai perfeito, finalmente decidir com todas as suas ponderacoes racionais que AQUELE é o feto que deve viver, e de repente nada dá certo! Esqueci de registrar aqui que ninguém é senhora do destino para poder fazer esta decisao de uma forma tao presuncosa!).
    E as leis do Estado, às quais deve se reduzir todas as suas lutas estruturalistas Amanda (sim querida, voce vai morrer e ele ainda nao vai ser o que voce sonha. Se eu fosse voce, comecava a sonhar com coisas de “mulherzinha alienada”, vale mais a pena!)vou repetir, representam um povo, e nao uma religiao. Agora se este povo, na sua maioria, é influenciado (DENTRE OUTROS elementos que configuram a CULTURA de um povo)pelo cristianismo, espiritismo, budismo, etc.E se uma destas é maioria entre as outras..Sorry.Ninguem aqui persegue as religioes afro descendentes nem impede os evangelicos de se manifestarem, o canal record que o diga. Querida, o exemplo grosseiro (usando suas palavras) que voce colocou do arcebispo, ele estava se expressando como autoridade de uma religiao que é maioria neste país. Ele nao foi lá no Palácio do Planalto fazer discurso nao. Agora voce quer impedir até que as religioes se manifestem é? Voce também poderia fazer seu discurso parabenizando os médicos ou o que fosse!Na moral, tente ter menos “má vontade” com este assunto. Se voce nao quer ter religiao, NAO TENHA! Mas agora querer combater a influencia que as religioes têm sobre as pessoas…eu conheco bem isso e de uma forma consciente, esto aqui para me manifestar!
    Felicidades nas suas buscas!!!
    Vou cuidar de meus filhos!!Essas discussoes me tomam muito tempo, coisa que infelizmente nao tenho a disposicao.

  10. Últimas informações:

    Dr. Praxedes realizou mais 3 abortos essa semana. Patrícia, Vanessa e Dani passam bem. Elas desembolsaram 10 mil reais cada uma para fazer essa ação.

    Carline, Sheila e Maria não tinham essa grana. Carline morreu. Sheila ficou mutilada. Maria vai ser mãe em junho, está desempregada e o pai não assumiu.

    Abortos acontecem todos os dias no Brasil. A nossa “vontade ideal” de que eles não aconteçam, não muda essa realidade.

  11. Me ensinaram a sentar sempre de perna fechada
    etiqueta, selo, lacre
    vão das pernas que nunca foi meu.
    Me ensinaram a abri-las para um homem
    aliança, cartório, meu bem!
    Arrendada pra procriação.

    Me ensinaram a ficar sempre de boca fechada
    falar baixo, com jeito, graciosa
    virgindade nas cordas vocais.
    Estupro, abuso, abandono
    balbucio monólogo aflito
    grávida de não saber dizer não!

    Kairós! Abro as pernas,
    a grande boca de pequenos lábios,
    e aborto por decisão.
    Reassumo o vão entre as pernas
    reforma agrária do meu próprio chão.
    Gravidez? Só em estado de graça…
    nunca mais filhos de aflição.
    Mais que as pernas… quero abrir minha boca
    Estrear minhas cordas vocais:
    Eis o tempo de salvação!

    Nancy Cardoso Pereira – Amantíssima e só.

  12. Quanta informação! Meu Deus, estou me sentido péssima.
    Li todos os depoimentos, os vídeos, os sites indicados.
    Acredito que a liberdade é um direito que deve prevalecer sobre todos os outros direitos: à vida, à saúde, à moradia, etc… porque, sempre queremos que a nossa opinião, nosso ponto de vista, nossos ideais, nosso… enfim, pensamos sempre estar com a razão. Mas não é assim, porque devemos lembrar que a vida se reproduz no outro, em todos os sentidos, e num processo contínuo, de criar e recriar. Precisamos do outro. Estamos nesta confusão porque algúem se esqueceu disso.
    Mas voltando à liberdade, certos ou errados, com ou sem razão, nós decidimos nosso destino, não é mesmo? ou não?
    O ser humano distingue-se do ser animal, entre muitos fatores, basicamente, diríamos, porque ele é um ser racional, será ?
    Para mim, não é muito difícil entender porque chegamos até aqui, nesta horrível contenda, porque a resposta que me é dada (o mundo em que vivemos), é clara, cristalina, demais. Impossível citar conceitos científicos, falar de grandes personalidades, grandes pensadores, por um lado, porque sou ignorante, por outro porque sei que quanto mais eu soubesse, de nada adiantaria.
    Tudo o que eles falaram, provaram, e em muitos casos, é incontestável, é aceito porque é científico, no entanto, pode somar todos, nada nada, de nada vai adiantar. Porque a sociedade entende o conceito do ter e não do ser.
    A maioria das mães que abortam, ao que tudo indica, têm família, têm saúde, têm informação, têm religião. O que lhes falta?
    Fico pensando, João, no que voce acha que, em termos de seres humanos, evoluímos?
    Século XXI, tempos modernos, o que está acontecendo, gente?
    Em que momento conseguiremos parar, parar prá pensar?
    Toda essa discussão não nos levará a nenhum lugar. Porque já não sabemos mais discernir entre o que nos constrói e o que nos destrói. Não sabemos dizer se o que importa é o pé ou o sapato?
    Ou termos vários sapatos. Muitos estão preocupados com o esmalte das unhas.
    Cada um procura levantar sua bandeira.
    Eu sei que muitos sabem a verdade, mas nem todos.
    Tenho a minha opinião, e a defendo porque sou uma pessoa que aceita a opinião de outras pessoas. Realmente, aquele que não quiser praticar o aborto, não se abalará com a descriminalização do mesmo.
    Sou liberal, mas convicta, fechada naquilo que penso.
    Tudo o que recrimino no outro, não posso aceitar em mim.
    A irresponsabilidade dos homens, isso eu não aceito. É prefirível criar os filhos sem recorrer ao aborto. Como adquirir consciência se não utilizarmos a razão? Porque escolher o caminho mais fácil? Quer dizer, nem se trata do mais fácil, já que o correto e mais fácil, seria investir nos meios tradicionais de contra-concepção.
    Ou até mesmo fazer a pílula do homem, que poderiam tomar já na adolescência, que tal?
    Pelo menos seria mais fácil fazer o planejamento familiar, e de quebra, acabaria com aquelas mulheres que engravidam só para pleitear a pensão alimentícia. E já que consideram que os homens são os bam bam bam, então, porque não responsabilizá-los, afinal, em toda a história o que se vê é a submissão da mulher.
    Por que não decidirmos, juntos, de forma democrática, homens e mulheres, essa questão?

    Maria Silva, no silêncio da madrugada.

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