Prefeitura quer destruir terreiros de Candomblé no Recreio!
REGISTRE O SEU REPÚDIO!
Na comunidade Vila Harmonia funcionam duas Casas de Santo, os terreiros de Sérgio d’Ogun, o Ile Aset’ Ogun T’ Yemonja, e o Ile Asé T’ Òsún, da Ìyálórìsà Ivânia. Tratam-se de terrenos sagrados na tradição das respectivas linhas, com trabalhos feitos há décadas e que são muito respeitados por toda a comunidade, de dentro e de fora da religião. Os dois Ilês recebem dezenas de seguidores toda semana e fazem um trabalho reconhecido nacionalmente.
Com as investidas da Prefeitura na comunidade, visando a remoção total de todas as construções, ambas as casas encontram-se diretamente ameaçadas. O cadastro realizado por supostas assistentes sociais não levou em conta os anos de trabalho e dedicação dos dois sacerdotes. Ao receberem a visita das assistentes sociais da SMH, apesar de ambas as casas serem pixadas para marcar sua condição de “condenada para demolição”, não foi feito qualquer cadastro ou avaliação dos imóveis.
Nem sequer uma proposta para reassentamento digno ou deslocamento dos elementos sagrados e trabalhos de fixação foram discutidos. Os representantes da SMH simplesmente ignoraram os dois templos. Questionadas pelos respectivos sacerdotes do porquê, as ditas assistentes simplesmente informaram que “estabelecimentos comerciais” não eram passíveis de indenização por parte da Prefeitura. Esta é a forma como os agentes supostamente públicos tratam as religiões afro-brasileiras.
Eis a faceta mais perversa do preconceito: Não basta o preconceito de classe e a “constatação” de que os pobres não tem lugar nas valorizadas glebas do Recreio dos Bandeirantes. É preciso humilhar e rebaixar ao nada toda uma história de trabalho social e religioso dos sacerdotes e suas famílias, seus seguidores, suas crenças e sua fé num futuro próspero para nossa sociedade doentia.
Uma vez mais, a pergunta que não quer calar: por onde andará os estudo de impacto ambiental do corredor Transoeste que não foi capaz de identificar a demanda por habitações para as centenas de famílias assentadas ao longo da nova rodovia? O que dirá o técnico ambiental sobre um projeto que ignora a existência de autênticas manifestações de religiosidade ancestral de parte significativa da nossa população?
Uma sociedade movida cada vez mais por fluxos financeiros, investimentos transnacionais e pela ideologia do consumismo usa da marreta e da retroescavadeira privada para destruir histórias, tradições, culturas. Graves crimes contra a Vida, contra a liberdade de culto, contra o direito à Moradia Digna estão sendo executados dia após dia pelos representantes da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Poucas são as instituições que se mobilizam pelo restabelecimento da legalidade e da paz entre as famílias atingidas por tal calamidade. Mas a luta continua e a mobilização de todos é fundamental.
NESTA SEXTA, 17/12/2010, concentração na Vila Harmonia e resistência na Restinga, ambas ao longo da Avenida das Américas, no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro.
NESTE DOMINGO, 19/12/2010, às 11h, ato ecumênico reunindo representantes de diversas igrejas, religiões e seitas em apoio às casas de Sérgio d’Ogun e da Ile Asé T’ Òsún, na Vila Harmonia, Av das Américas, ao lado do Recreio Shopping e antes da ponte sobre o canal de Sernambetiba.
Às entidades que não puderem comparecer, solicitamos que enviem moções de repúdio ao Prefeito Eduardo Paes — o paraninfo da desgraça de todas as famílias pobres da região da Barra da Tijuca, do Recreio dos Bandeirantes e das Vargens. É importante registrar toda nossa indignação junto a seus secretários da Casa Civil (Luiz Guaraná), da Habitação (Jorge Bittar) e da Ordem Pública/Assistência Social (Rodrigo Bethlem), que são os principais capos da quadrilha que comanda peões e guardas municipais no ataque às diversas comunidades.
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