Trabalhadores terceirizados da empresa Limpadora União, que presta serviços de limpeza para a Universidade de São Paulo (campus capital) bloquearam durante toda a terça-feira, dia 12, as entradas do prédio da reitoria da universidade. Por Passa Palavra
A mobilização, que acontece desde sexta-feira, dia 8, ocorre pelo fato de os trabalhadores ainda não terem recebido seus salários após o contrato entre a empresa de limpeza e a USP ter sido rescindido pela universidade.
Os trabalhadores deveriam cumprir aviso prévio até o dia 20 deste mês, porém, com a rescisão do contrato e a falta de pagamento, entraram em greve para reivindicar seus direitos. O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e os estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que tiveram suas aulas suspensas pela falta do serviço de limpeza, estão apoiando a luta dos terceirizados por entenderem que cabe à reitoria, como contratante do serviço e, portanto, co-responsável pelos direitos trabalhistas, chamar a empresa e exigir que esta pague o salário e os direitos de cada um dos funcionários.
Segundo o Sintusp, essa não é a primeira crise nem será a última entre a reitoria e as empresas terceirizadas. Para o sindicato, a exigência, além do pagamento imediato dos salários, é que a reitoria efetive todos os terceirizados, como funcionários da USP, sem a necessidade de concurso público, uma vez que já trabalham no campus.
Áudio 1 – Magno de Carvalho, trabalhador do Sintusp
Áudio 2: Antonio Carlos e Erilis, trabalhadores terceirizados
Áudio 3: Trabalhadoras terceirizadas que prefiriram não se identificar
Áudio 4: Diana Assunção, diretora do Sintusp
Conversando com o pessoal da limpeza e da segurança, resolvemos, junto com eles, organizar mais um ponto de doação de alimentos (a secretaria da Geografia também está recebendo) para as funcionárias e os funcionários da limpeza que, como sabemos, estão há no mínimo dois meses sem receber vale-alimentação e salários. Não precisamos nem descrever o quão urgente são esses alimentos para o pessoal. A situação do prédio explicita bem.
Os próprios funcionários e funcionárias da limpeza organizarão a distribuição dos alimentos, de acordo com as necessidades de cada companheiro e companheira.
Doação de alimentos para funcionárias e funcionários da limpeza na guarita do prédio da História e Geografia!
Divulguem!
Alguns estudantes da FFLCH, em resposta a uma carta da Direção da Faculdade que faz críticas à mobilização e exime a Universidade de qualquer responsabilidade, estão circulando o divertido (sem deixar de ser sério) comunicado:
Pronunciamento de Osama Bin Laden proferido na Praça do Relógio, Cairo, Egito. 14.04.2011
Transmitido pela Rádio Várzea Livre 107,1 FM em cadeia com a rede Al Jazira.
ACERCA DAS MANIFESTAÇÕES DOS FUNCIONÁRIOS TERCEIRIZADOS DA LIMPEZA.
Por mais que me esconda da CIA e das Forças Armadas Yankes, algumas notícias sempre chegam em meus ouvidos, e afirmo que essa última não me surpreendeu nenhum pouco. Trata-se da manifestação de Direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e o comportamento da maior parte do corpo docente da dita Faculdade. Em seu manifesto sobre a questão dos tercerizados honraram como poucas vezes vi a história recente dessa casa.
Sandra Margarida Nitrini e chefes dos departamentos divulgaram um comunicado dizendo-se preocupados com a imagem da FFLCH após os atos dos últimos dias em relação ao calote aos funcionários terceirizados da limpeza. Ora, nada mais revelador.Sandra e Cia. não querem arranhões na imagem fefelenta. Querem, literalmente, continuar a esconder a sujeira para debaixo do tapete. Mas não tem o que fazer caros, a FFLCH esta com o lixo exposto, e nunca foi tão real.
Muitas coisas passam pela minha cabeça, a primeira pergunta é “Porque a Diretora da tão imaculada instituição e suas chefias nunca escreveram um carta para se indignar com as precárias condições de trabalho dos funcionários terceirizados da FFLCH?”. Eu penso que é porque pra eles é absolutamente normal termos trabalhadores exercendo um trabalho altamente desgastante, recebendo um salário baixíssimo, sem uma série de direitos trabalhistas, certo?
O desinteresse ou até mesmo a apatia da faculdade frente a essas questões pode ter sido certamente pelo fato de que esses funcionários que estão sem ter o que comer não são patrimônio dela, e não fazem parte do seu corpo docente de referencias, como foi dito na carta, essas pessoas são renegadas por alunos e professores, não seria diferente para a Direção.
Sobre a defesa dos direitos, chega a ser triste ler historiadores, geógrafos, sociólogos, entre outros assinar uma carta falando que nossos intelectuais são referencias e defendem “posições firmes na defesa dos direitos constitucionais democráticos e dos princípios consagrados nas convenções dos direitos humanos” como assim? De que maneira esses direitos foram conquistados ao longo da história? O que vocês nos dizem é que os intelectuais e políticos façam essas ações e que qualquer ação popular de fato seja contida e apagada, uma vez que o povo ainda não foi iluminado, não é mesmo?
Direção da FFLCH e os seus chefes de departamento, por acaso, já visitaram as instalações dos trabalhadores terceirizados?Sandra Nitrini, Sara Albieri e André Martin conhecem o espaço em que se localiza o vestiário, a copa e a sala de convivência dos funcionários da limpeza? E o espaço da segurança do prédio da História e Geografia?
Até eu que vivo me escondendo em buracos de caverna em meio ao deserto do Oriente Médio nunca passei por tais condições.
Os espaços citados ficam no porão, sem direito a janela, ventilação, e LUZ!!!! Será que Sandra Margarida Nitrini se indigna, ou ao menos se preocupa com o fato dos funcionários guardarem suas marmitas em espaços onde circulam, à vontade, ratos e escorpiões?!
A Direção da FFLCH conhece esses espaços? Sabe onde ficam? A Direção da FFLCH conhece a FFLCH para além da Sala da Congregação, dos professores e da sua nova vedete (o anfiteatro da historia)? DICA: O espaço dos terceirizados da limpeza fica ali pertinho. Será que Sandra Nitrini já conversou com algum funcionário terceirizado em toda a sua vida? Se nos momentos de tensão na Universidade ela tem medo de conversar com alunos, imagina com terceirizados?!?!
Por um acaso, Sandra Nitrini e os chefinhos de departamento já usaram uma roupa quente, desconfortável para trabalhar, como as que usam os funcionários terceirizados da EVIK da UNIÃO? Já reparou na precariedade dos calçados que eles usam o dia inteiro? Sendo que muitos trabalham em turno de 12 horas, 6 pra 1, na semana?
É possível que até as burcas no Afeganistão sejão mais confortáveis!
Será que os Diretores da FFLCH, tomando o seu chá da noite, antes de dormir, numa noite fria paulistana, pensam nos seguranças do prédio da história e geografia, que ficam numa guarita aberta, exposta ao frio, com um casaco… bom, não sei se dar pra chamar aquilo de casaco.
Condenam a atitude de depredação e vandalismo…que bela análise! Mas não abrem os olhos pra barbárie cotidiano
da nossa faculdade.
O que ocorreu na FFLCH foi um ato político, de quem trabalha numa faculdade que se comporta como uma empresa capitalista qualquer. Onde se explora e maltrata seus funcionários (quantos casos de assédio moral aos terceirizados não existiram?).
O que acontece na FFLCH essa semana chama-se REVOLTA!
Porque muitos deles estão com seus filhos em casa passando fome, outros com o aluguel atrasado, sofrendo pressão. Gente que trabalha horrores e, quando toma uma rasteira dessa, recebe como máximo apoio da direção (depois de condenar o movimento, claro) uma carta se dizendo SOLIDÁRIA! Que coisa mais patética. Eu como grande político e capitalista bem sucedido que sou sugiro a FFLCH a criação de uma secretaria de relações exteriores pra ficar mandando cartas dizendo-se solidários as desgraças
alheias. Desde quando apoiar a luta de alguém é escrever dizendo que é a favor?
É preciso uma solução imediata. Repito: há famílias passando fome! Isso é responsabilidade, sim, da Direção da FFLCHtambém, que não discute com a Universidade A TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO NA USP SOB O PONTO DE VISTA POLÍTICO.
É de se ter muito orgulho de uma faculdade cujo corpo docente é incapaz de paralisar as suas aulas até que haja uma resolução da situação lamentável em que se encontram companheiros de trabalho, que exercem uma profissão fundamental para o desenvolvimento de qualquer atividade na Faculdade. Nem o mínimo de solidariedade e humanidade sobrou no corpo docente
Fefelento.
Para produzir o saber erudito que começa na faculdade, fica na faculdade, e termina na faculdade – na melhor das hipóteses vira um livro na Florestan Fernandes, Só em cima de muita opressão e humilhação! Só em cima da escravidão.
Eu, simples terrorista árabe multimilionário explicarei de forma didática pra vocês pobres cientistas sociais que estão cada vez mais afastados do mundo em que vivemos. Saibam que muitas cabeças rolaram nos últimos séculos na luta pelos direitos humanos ou até mesmos os diretos mais básicos de um ser humano frente ao seu Estado e as outras pessoas. Essas cabeças rolaram excessivamente em alguns séculos como o XVIII e XIX por exemplo. Porém, não precisamos ir tão longe no tempo, o próprio atentado terrorista por mim liderado em 2001 é entre outras coisas um grito oriental abafado na busca de direitos frente ao Ocidente Yankee.
Pô diretores, intelectuais e alunos anti-lixo… vamos sair nas ruas!!! Aproveitem que não são procurados internacionalmente como eu, vamos olhar ao nosso redor e ver quantos são mortos diariamente em cada pedaço dessa cidade, quantos morrem na luta de seus direitos mais básicos. Ou até mesmo, quantos estão vivendo em meio ao lixo que é muito mais assustador do que esses papéis picados e embalagens de comida que estão jogados pelo nosso prédio, antes muitas pessoas tivessem comida pra desembalar e jogar o lixo no chão!!!
Eu como árabe e morador do Oriente Médio digo: Podem esperar que dessa terra arrasada, se organiza a resistência. Se a diretora da FFLCH diz que os estudantes que apóiam o ato são poucos e são vândalos, que comece a guerra contra a barbárie.Da “depredação do espaço público” contra a depredação de vidas. A tática será a de guerrilha. E como especialista em guerras diria que vocês vão perder.
A opção é pela desqualificação do ato utilizando todos os recursos do poder na Universidade para condená-lo?! A resposta será dura. Não temos acesso aos endereços eletrônico de toda a FFLCH, mas a nossa resposta será ouvida aos quatro cantos. E por muito tempo. Não toleraremos mais a falta de respeito e de diálogo na Faculdade de Filosofia. A direção, ou muda de postura, ou vai cair.
Não foi difícil derrubar duas torres de aço e concreto. Menos ainda uma direção em frangalhos, que dirige ruínas e divide migalhas. A mesquinharia será eliminada!!!
Osama Bin Laden
أسامة بن محمد بن عود بن ل
Os trabalhadores da união começaram a receber em suas contas os salários devidos e decidiram que continuam em greve até o pagamento dos demais direitos trabalhistas.
Vídeos sobre conflito:
http://youtu.be/GME1qqULqYo
e
http://youtu.be/WDYA9XQZ9dk
Que luta bonita! Os terceirizados,ah os terceirizados, que estão diariamente no fio da navalha, matando um leão por dia para levar o leite das crianças… Força na luta!
Curioso que nenhum dos vários grupos feministas nem nenhuma das várias professoras feministas da USP tenham se interessado pela luta e sofrimento destas mulheres.
Também na UNICAMP nenhum dos professores marxistas e nenhum dos grupos de pesquisa marxista se interessam pela falta de moradia e pela condição precária dos terceirizados.
Pudera. Tais grupos são verdadeiras incubadoras de gestores.