No ponto de ônibus [paragem de autocarro] do Largo da Vitória (Salvador-BA), sonda uretral em mãos, o mendigo repetia sua tragédia aos transeuntes, quiçá pela milionésima vez. Apesar de ter-lhe sido prometida a retirada do apetrecho em seis meses por pessoas de um posto de saúde da periferia de Salvador, dois anos de espera com a sonda no corpo fizeram dele a pálida imagem daquilo que um dia fora um homem. Urinava-se enquanto falava, e a cor das roupas denunciava a perda de controle dos esfíncteres. Ao meu lado, quando ia longe o pedinte, uma mulher, de branco da cabeça aos pés, reclamava por entre os dentes sobre como essas pessoas usam as próprias doenças para conseguir dinheiro. Passa Palavra

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here