O Passa Palavra defende que a crítica deve ser pública e que quanto mais pública for, tanto melhor. Por Passa Palavra
O Passa Palavra apresenta um triplo lema: noticiar as lutas, apoiá-las, pensar sobre elas. Se as duas primeiras partes do lema não parece serem postas em questão, já a outra, pensar sobre as lutas, não tem sido do agrado de todos. Reflectir não é dizer que sim. É dizer que sim, que não e que talvez; e tentar entender o onde, o como e o porquê.
O colectivo do Passa Palavra é composto por pessoas com experiência de luta anticapitalista. Uns mais e outros menos, conforme a idade e as oportunidades da vida, mas todos nós temos experiência de luta, e de lutas muito diferentes, em países variados e em diversas épocas, tanto lutas históricas como as que se abrem hoje para um futuro que ninguém adivinha, o que dá ao colectivo uma considerável soma de experiência. Por isso, quando procedemos à crítica de certas lutas não estamos a falar do que não conhecemos.
Isto não significa dar lições. Significa fazer perguntas e levantar questões. Nenhuma luta se repete, porque os conflitos sociais vão criando terrenos novos e de cada vez as lutas, mesmo quando não trazem grandes novidades, trazem pequenas, e com elas se aprende. Mas para obter respostas é necessário fazer as perguntas adequadas, e é para isto que o acúmulo de experiências serve. Entendemos as respostas como provisórias, por isso nos preocupamos mais com as perguntas. E preferimos continuar com questões em aberto em vez de as encerrarmos prematuramente com explicações precipitadas.
Além disso, uma luta não é apenas de quem lá está num certo momento, mas de todos os anticapitalistas, estejam onde estiverem. A menos que se queira reproduzir o velho corporativismo, cujos inconvenientes são tão conhecidos que nos parece dispensável enunciá-los, deve ser rejeitado o argumento de que só quem estiver presente numa dada luta é autorizado a discorrer sobre ela. Esta luta não é minha e a outra luta não é sua. Ambas são de todos nós, porque todos sofremos as consequências das derrotas.
A experiência da luta anticapitalista não é uma experiência de vitórias, porque até agora o capitalismo tem vencido. E as nossas vitórias parciais, se por um lado podem servir para criar novos terrenos de confronto que não nos sejam inteiramente desfavoráveis, por outro lado têm sido recuperadas pelo capitalismo, que as usa como motor do seu próprio desenvolvimento. Para os anticapitalistas, ter experiência de luta significa ter experiência de derrotas; e reflectir sobre as lutas significa analisar os mecanismos das derrotas.
Ora, quanto mais embrenhada uma pessoa está numa luta, tanto mais ela se apercebe das deficiências e dos problemas. Aqueles que afirmam conhecer por dentro certas experiências e apesar disto se indignam por nos ver criticá-las fariam bem melhor se às nossas críticas juntassem as deles, porque de certeza as nossas foram insuficientes. Mas a indignação não vem do facto de nós apontarmos erros, problemas e deficiências, porque estes não são segredo para quem conhece as lutas por dentro. A indignação vem do facto de nós tornarmos públicas as nossas críticas. É esta a verdadeira questão que está a ser levantada em comentários e muito mais em mensagens privadas e em reflexões particulares. A crítica às formas assumidas por uma dada luta deve ser feita publicamente ou deve reservar-se ao meio restrito daquelas pessoas que estão mais comprometidas com essa luta?
O Passa Palavra defende que a crítica deve ser pública e que quanto mais pública for, tanto melhor. Foi o que fizemos há já mais de um ano com o artigo Entre o fogo e a panela: movimentos sociais e burocratização, em seguida com a série de artigos Por dentro e por fora, organizada em conjunto com Paulo Arantes, e em meados deste ano com o artigo A esquerda fora do eixo e com a série Domingo na Marcha (o primeiro dessa série encontra-se aqui ). É o que estamos a fazer agora com vários artigos dedicados à acampada de Lisboa de Maio e Junho deste ano, às manifestações de 15 de Outubro em Portugal e às recentes acampadas em cidades brasileiras. Sabemos que isto nos tornou antipáticos para alguns, mas acreditamos que nos tenha tornado úteis para muitos mais.
Que fique muito claro o que pretendemos. Trata-se de discutir publicamente os aspectos políticos e organizativos das lutas, não os aspectos tácticos que exigem precauções de segurança. Vários artigos publicados no Passa Palavra mostram quanto nos preocupam as novas formas de fiscalização e de controle permitidas pela internet, pelos telefones celulares e pelas redes de contacto que usam estas tecnologias. Abundantes polémicas travadas neste site indicam que nos inquietamos mais do que outros com as questões de segurança. Mas as precauções de segurança não devem ser ampliadas além do estritamente necessário. É um recurso frequente das burocracias de partidos e de movimentos sociais incluir as questões políticas e organizativas nas questões de segurança, evitando debates que podem e devem ser públicos. Ao agirem deste modo as burocracias não pretendem preservar a segurança das organizações. Pretendem preservar o seu próprio poder no interior das organizações.
A crítica reservada, feita a portas fechadas, só contribui para destacar um pequeno número de militantes, considerados — pelo menos por eles próprios — como uma vanguarda, e para os separar do comum dos mortais, das pessoas que demonstram simpatia ou mero interesse pelo que se passa. Ora, é esta mesma a génese da burocracia. Não é pelo simples facto de uma luta se propagandear como libertária e antiburocrática que está imune ao autoritarismo e à burocratização. Tudo o que contribua para reforçar a posição de uns em detrimento dos outros promove a burocratização. Discutir em privado as questões fundamentais de uma luta significa que o conhecimento íntimo dessas questões se reserva para uns poucos, e quem detém o conhecimento detém o controle. E o controle é precisamente o instrumento de poder da burocracia, quer ela já esteja constituída quer se forme nesse processo. Assim, quanto mais publicamente forem discutidos os problemas políticos e organizativos das lutas, tanto menos risco elas correm de se burocratizar.
Discutir esses problemas em privado significa também que não se aproveita a capacidade de reflexão das pessoas mantidas na periferia dos centros de decisão, que não se aproveitam as soluções novas que essas pessoas podem trazer. E assim a luta, em vez de ficar mais forte, fica mais frágil. Não querendo promover a participação crítica, as burocracias que discutem por detrás de portas fechadas rodeiam-se de uma corte de seguidores capazes apenas de aplaudir em uníssono ou, se souberem usar técnicas modernas, capazes apenas de “curtir”. A reflexão fica substituída pelo plebiscito, e o plebiscito sempre serviu para legitimar os demagogos.
Por todos estes motivos o Passa Palavra se dispõe a pensar sobre as lutas — publicamente.
Publicamente para quantos? se gira em torno de uma duzia de militantes? o passar a palavra será uma ocupação das medias, tornando publicas as lutas.
Creio que uma interpretação possível à sua reflexão passa exatamente pelos esqueletos que ilustram o texto, a meu ver, de forma brilhante.
Exatamente porque nós, participantes das lutas, somos todos … esqueletos, um amontoado de ossos, artérias, veias e líquidos.
Mas quando nos encontramos numa assembléia, ou marcha, ou seja lá que evento for, não nos vemos como tal (ainda que, no fundo, não reste a menor dúvida, a nenhum de nós, que sejamos feitos de ossos, artérias, veias e líquidos).
Dito de outra maneira, e recorrendo levianamente (porque não sou especialista) a Lacan, os esqueletos – e o sub-extrato sobre o qual se debruça a análise deste artigo – estão no registro do Simbólico, na pureza dos símbolos, “mais reais que aquilo que simbolizam” onde “o significante precede e determina o significado” (eis aqui a prova da minha leviandade e ignorância, uma reles referência retirada da … Wikipedia!)
Mas quando nos encontramos numa assembléia, ou marcha, ou seja lá o que for, não somos apenas esqueletos (embora não deixemos de o ser, também), somos mais (ou menos, dependendo da nossa capacidade de suportar a precariedade das coisas). Precariedade essa que, voltando a Lacan, seria então a do registro do Real, “impossível” de alcançar, que “não cessa de não se inscrever”.
Por mais que me seja conveniente supor, e desejar, ter acesso a tudo, a todos os conteúdos, a tudo o que é dito, não consigo deixar de reconhecer, e mesmo aceitar, que haja coisas que se dêem no âmbito “reservado” de um grupo de eleitos. Simplesmente porque não faço parte desse grupo – e talvez devesse fazer, se realmente me identifico com as bandeiras e lutas lá empreendidas e hasteadas.
Como disse antes, não estou bem certo que tenha usado corretamente os conceitos lacanianos, mas suspeito que haja ali qualquer coisa que possa ajudar no debate. Se não for por mais nada, porque o que Lacan parece propor é um mecanismo dinâmico, dialético, de eterno conflito entre esses registros, o que, de certa forma, não deixa de ter alguma similaridade com a leitura hegeliano-marxista do mundo, da dialética da luta de classes.
Talvez a própria leviandade do meu comentário acabe por ser um forte argumento contra essa abertura ampla e irrestrita que demanda o autor, e comprove que não há como “abrir geral”, sob risco de atrair gente que quer falar sobre coisas que não entende.
Saudações.
Caro Wagner, somente ontem, o site do Passa Palavra teve 2530 acessos (veja na seção “Estatísticas”, na barra à direita). Essa meia dúzia parece ser um pouco maior do que você cogita, muito embora seja bem menor do que o milhão de acessos angariados por alguns sites de esquerda (ou quase) financiados por grandes burocracias. Eu não sou do coletivo do Passa Palavra, mas já escrevi alguns artigos aqui, e pude constatar que muito do que é publicado neste site é reproduzido em dezenas de outros sites e blogs (até mesmo da grande media). Finalmente, ao invés do companheiro vir aqui, deixar um comentário provocador e inconclusivo, eu pediria que você desse alguns exemplos concretos de como é possível essa tal “ocupação das medias, tornando públicas as lutas”, se a maioria das medias – ao menos as grandes – ou bem impedem a repercussão das lutas, ou as deturpam excessivamente junto à opinião pública, como aconteceu recentemente com a ocupação da Reitoria da USP. Este é um tema interessante, mas o seu comentário, infelizmente, furta-se a pensá-lo.
Falei inclusive baseando nas estatisticas e de onde estão as materias em outros sites. no cache do google. (apenas comigo, devo representar uns 30 acessos diarios, não é a melhor forma de avaliar a leitura, até pq quem vai perder tempo pra ler isso tudo é eu, vc e mais alguns. Perceba quais são as postagens que recebem mais comentários e pq aqui não passa videos? 65% do trafego é de audiovisual. Gosto tambem de ver onde vai ser republicado e quem faz a propaganda de cada artigo, pra saber as tendencias e pensamentos deles.. (exemplo de ocupação das medias, seria os anonymous? nem acho que sejam..)
Gustavo,
Me parece ser importante a questão que coloca e estava conversando com um amigo dias atrás a respeito desta situação. A vida em coletivos é dura, exige disciplina e paciência, existe uma visão crítica e de conjunto, algo que preguiçosos e oportunistas rejeitam veementemente por serem propensos a individualismos e, portanto, incapazes de contribuírem efetivamente com algo que seja exterior a si mesmos.
Porém, perceba que a estratégia de fechamento significa a morte das mobilizações por inanição, já que a discussão pública é um dos aspectos que faz com que as pessoas se sintam parte e passem a contribuir efetivamente para o desenvolvimento das lutas. Porém ficam questões. Como faremos então para resolver este impasse? É possível mostrar para estas pessoas que estão sendo insensatas? Como faremos isto?
Tenho absoluto acordo com o texto e principalmente com a linha geral que o site tem assumido desde sua criação. Divulgar lutas mas sobretudo pensar sobre elas é o que faz com que o PP tenha se consolidado, uma vez que somente a divulgação acrítica de eventos e mobilizações pode ser encontrada em qualquer lugar, não é um diferencial. Acredito apenas que, em alguns casos, a forma como é feita a crítica poderia ser refletida, a fim de não gerar antipatia naqueles com quem se quer dialogar. Penso no exemplo do MST: é uma organização que tem, na teoria e na prática, uma infinidade de problemas, e acredito que é muito importante sim aponta-los. Mas a forma de faze-lo sempre é pensada, inclusive pelos artigos aqui no PP, para que isso seja feito de forma não a atirar pedras mas a acumular para reflexões, afinal bem ou mal se trata do maior movimento social brasileiro e um dos maiores do mundo, com uma história muito respeitável. Às vezes tenho impressão que este mesmo cuidado não é tomado com movimentos mais “juvenis” ou sei la que outro termo teríamos para algumas das mobilizações criticadas em 2011. No entanto, a própria enorme repercussão de tais debates, num momento ainda de aversão por parte da “esquerda” a debates de mais profundidade, mostra a importância fundamental que o Passa Palavra tem hoje. Mas sei la, talvez nós estejamos muito mimados mesmo, ao vermos nossas mobilizações sendo criticadas preferimos reclamar do que nos debruçarmos sobre as criticas, e, caso discordemos, respondermos no mesmo nível…
AH, uma dúvida: a seção Por dentro e por fora acabou??? Seria uma lástima…
Wagner,
Participei das lutas na UNESP entre 99 e 2006. E a gente ouvia, narradas oralmente, como foi a trajetória dos que haviam lutado antes de nós. As histórias permaneciam, no boca a boca. Mas ficavam um tanto restritas e corriam o risco de morrer. Teve gente que ocupou por 4 anos em luta por moradia, venceram e a história podia se perder. Foi pensando nisso que ví que tinha um certo dever de narrar algo disso tudo e do que a gente viveu também.
A leitura dos textos acompanha o ritmo das lutas. Conforme surjam outros processos haverá quem buscará o passado de lutas da UNESP. Nós, os trabalhadores, os pais de hoje, que deixamos um pedacinho da história da luta estudantil, teremos os gritos, ocupações e marchas resgatados. Um texto que hoje é lido por dez, amanhã pode ser por 100. Aliás, foi o que ocorreu com texto do Douglas Anfra, recentemente resgatado por conta dos acontecimentos na USP.
Bonito isso, Pedro!
Aproveitando a ocasião, gostaria de deixar público algo que presenciei. Vivo no México, acompanho e contribuo (muito eventualmente) com o PP e há duas semanas me encontrei com uma amiga brasileira por aqui, que se diz feminista anarquista, autônoma e anônima…enfim. Papo vai, papo vem, ela começou a criticar escandalosamente um tal “grupo de machinhos autônomos” que mantém um coletivo chamado PassaPalavra no Brasil. Babava de raiva do João Bernardo (sem saber que eu mesmo já tinha tido discordâncias com ele e antes de saber que eu simpatizo com o trabalho do PP). E me revelou suas intenções de hackear o site junto com outro grupo de feministas da Cidade do México (o que eu meio que duvido que aconteça, mas enfim, se algum dia forem atacados, já temos uma ou mais suspeitas…) Segundo ela, o site é machista pelo simples fato de ter muito mais homens que mulheres escrevendo. E depois, honrando seu anonimato, ela me mostrou diversas postagens que tinha feito com outros nomes, inclusive de homens. Em todo caso, pedi a ela que fizesse públicas suas críticas externas, coisa que não sei se fez nem posso saber dado o anonimato. Com isso, queria somente alertar que: 1 – já há algum tempo venho notando aqui nessa cidade um crescente número não só de brasileiros, mas de membros de coletivos autônomos mexicanos, entre eles o JRA que, ao buscar informação sobre o que acontece no Brasil, tem no site do PP a maior referência; 2 – que muitas críticas do coletivo eventualmente geram muita antipatia (fundamentadas ou não) e no lugar de aglutinar, dispersam ainda mais e 3 – seria o caso de dar mais espaço o ponto de vista feminino? Enfim, são pontos que queria tornar públicos e que acho que ajudam a pensar o trabalho do PP.
bruno, sua amiga feminista nunca pensou em hackear sites “machistas” de direita? ela só pensa em hackear sites “machistas” de esquerda?
Bruno,
sua amiga deixou absolutamente explícita o que é o feminismo que se tornou hegemônico hoje. Não se luta mais pelo fim da exploração, da opressão e pela igualdade entre todos. O igualitarismo anticapitalista foi abandonado e o que se tem é uma luta por mulheres no poder. Daí esse tipo de raciocínio. A questão fica em saber a quantidade de mulheres. Ela deve ser uma apoiadora da Dilma, que tem promovido mulheres a cargos antes ocupados só por homens e, talvez, uma admiradora da Kátia Abreu, que é uma baita liderança feminina.
Aliás, esse é um ponto que um dia talvez alguém venha a escrever e que vai gerar polêmica. Não por se dizer algo novo mas por se colocar em público o que se diz em privado. Que ponto é? Houve uma forte mudança no horizonte e há uma forte tendência em se transformar as bandeiras a respeito da questão negra, feminina, ecológica, de juventude em simples construção de carreira. Lutas históricas têm sido apropriadas para uma simples renovação nos quadros dominantes: negros no poder, mulheres no poder, ecocratas no poder. E disto saem não só ministros mas uma quantidade enorme de gente que vai construindo carreira nas mais variadas instâncias: grupo de pesquisa financiados, ONGs, assessorias, conselhos municipais. Hoje, tem muita gente “libertária” que na verdade está é construindo a carreira. O feminismo é uma das principais áreas em que se traveste a luta pela carreira de um pretenso conteúdo libertário.
Isso para não citar os inúmeros casos em que estas bandeiras são usadas para fins de extrema direita: o feminismo contra Assange, a questão do negro para defender o Pitta, a ecologia para justificar variadas formas de controle sobre a vida das pessoas.
Mas, hoje, quem tem coragem de denunciar o esse feminismo do poder?
Esse texto toca no X da questão na tríplice tarefa a que se propõe o Passapalavra: noticiar e apoiar de forma acrítica é muito mais fácil e cômodo, mas a partir do momento que se incorpora o elemento “pensar”, esse sim é um trabalho ingrato porque pensar implica necessariamente em criticar, e nos tempos em que estamos ninguém aceita ser criticado, não importa se a crítica tem o objetivo de apontar os problemas para superá-los. E parece que a crítica de esquerda é mais perigosa que a de direita, daí o caso dessa “anarco-feminista-hacker” que Bruno relata, por exemplo, que escolhe como foco de sua revolta um site que se propõe a apoiar as lutas populares…
O lance muitas vezes não é a crítica, mas o modo como ela é feita. Tenho grande estima pelo site Passa Palavra e concordo, na maioria das vezes, com o que é escrito, inclusive no texto ‘Entre símbolos e ações simbólicas: os indignados e as acampadas’.
Acontece que muitas vezes o site adota uma postura arrogante que é terrível… As críticas são ótimas e são construtivas, mas vcs têm que dar a entender que elas estão lá para construir. Isso não fica claro e a impressão que fica é que vcs tão fazendo isso para desqualificar e não agregar.
Sempre acompanhei o Passa Palavra e militantes daí já participaram inclusive da Mostra Luta, que é organizada pelo nosso Coletivo de Comunicadores Populares, aqui em Campinas. (embora agora fale uma posição individual, que fique claro)
Mas digo que o rumo dessas “críticas” do site me deixou profundamente revoltado, em especial o artigo referido “A esquerda fora do eixo” e o debate que se seguiu. Embora concorde com a maior parte do que foi apontado sobre o Fora do Eixo, os textos foram num momento em que eram realizadas várias marchas e ações, que ocupavam as ruas das cidades. O texto tinha um caráter não de crítica, mas de desmobilização mesmo. Quando consideramos ser anti-capitalistas, não podemos, de forma nenhuma, pensar os textos de um ponto de vista acadêmico de pensamento “autônomo”. Cada texto tem uma consequência política. E os que escrevem são responsáveis pelas consequências reacionárias (no sentido mesmo da reação conservadora) que terão dentro da sociedade, caracterizando seu caráter burguês.
O resumo desses textos, para mim, era o seguinte: ok, estamos na rua, fazemos marchas, mas estamos no “rumo (ou eixo) errado”. O mais engraçado é vocês criticarem agora certo “vanguardismo”, mas caírem na mesma postura, onde do alto de suas torres de marfim ciberespacias querem apontar o que está certo ou errado. A crítica deve ser feita sim, mas na rua, a partir das ruas. A crítica deve ser “junto”, de construção, não de tentativa de desmobilização pura (como foi feita).
Mesmo que discorde de várias coisas defendidas pelos movimentos nas ruas, estou com eles e também vou para as ruas, tentar construir dialeticamente e não ficar numa posição que de anti-capitalista nada tem.