A luta pela exumação do corpo de Andreu é mais um capítulo na história de Deize Carvalho. Na sua incansável busca para que seja feita justiça em relação ao assassinato de seu filho, ela tem enfrentado todo tipo de bloqueios e pressões dos órgãos desse Estado. Tudo é feito para que ela “esqueça” o caso.
Como em muitas outras situações, a estrutura prisional, policial, e particularmente a “justiça”, vem fazendo o possível para que esse crime não seja conhecido e nem apurado. Mais uma vez um jovem filho do povo é barbaramente torturado até a morte.
Todo esse bloqueio decorre do fato de que essa exumação pode trazer informações, provas e evidências desse bárbaro crime que permitiria provar que esse é outro assassinato cometido por agentes do Estado dentro da estrutura prisional pública.
Para Deize já são quatro anos nessa luta!
Em 2009 essa exumação já havia sido concedida por ordem judicial, e não havia sido encaminhada. Deize encaminhou várias solicitações legais, insistiu com os órgãos públicos, mas como sempre, medidas burocráticas eram apresentadas para impedir e protelar qualquer apuração.
Depois de muita insistência da parte de Deize, depois de várias solicitações jurídicas e de nenhuma providência ter sido tomada, um ato público foi convocado em frente ao IML no dia 19 de janeiro de 2011. Diante da pressão na rua, com panfletos, cartazes, faixas e com a presença incansável de mães e familiares de outros jovens desaparecidos e assassinados em circunstâncias semelhantes, a direção do IML chamou Deize para conversar prometendo que a exumação seria feita e com um novo laudo. A primeira pergunta do diretor do IML foi se Deize havia fotografado Andreu no dia do seu sepultamento.
A preocupação do diretor já anunciava o que viria depois: no dia da exumação os funcionários ficaram surpresos com a quantidade de pessoas e inclusive não queriam abrir o caixão... o laudo que resultou dessa exumação foi “inconclusivo”! Nem mesmo respondeu às várias questões essenciais que o promotor havia solicitado. Mais uma vez o peso da burocracia, a omissão da “justiça” e a continuidade da impunidade era o resultado de tanto esforço!
Tudo foi conduzido para que fosse confirmando o 1º laudo, de forma a manter a impunidade dos assassinos de Andreu. Para manter o clima de terror no CTR (Centro de Triagem), agora chamado de “Professor Gelson Amaral ” e no Degase. Nesse 1º laudo a conclusão, absurda, era de que Andreu havia caído ao tentar fugir pulando um muro de 6 m de altura!
Durante esse período, devido a luta e a insistência de Deize, um fato importante aconteceu: o Ministério Público denunciou seis agentes de disciplina (que, inclusive, afirmaram, em depoimento, terem agredido Andreu) no dia 30/05/2011, e o Tribunal de Justiça a acatou no dia 30 do mês seguinte.
Mesmo diante de tanta lentidão da Justiça, Deize não perde a disposição de lutar. E então ela inicia sua luta pela 2ª exumação. Nova ordem judicial foi emitida e até agora não foi cumprida.
A luta da família de Andreu e a exigência de punição para esses criminosos seguirão em frente até que se faça Justiça. Basta de atrocidades e impunidade para os criminosos que fazem parte do Estado!! Punição para torturadores e assassinos do Degase, e todas as dependências prisionais do estado do Rio de Janeiro!!!
Convocamos todos a participarem do ato público, DIA 08/02/2012, às 10:30, em frente ao Tribunal de Justiça, no Centro!!!
Organizadores: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Cebraspo e Projeto Legal