À toda população de Rondônia e do Brasil.

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e todos que assinam esta nota, apoiam e se solidarizam com a luta dos operários das usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, que estão em greve reivindicando melhores condições de trabalho, aumento salarial de 30%, aumento no valor da cesta básica, plano de saúde gratuito e extensivo para a família, fim dos trabalhos na chuva, pagamento de periculosidade e insalubridade dentre várias outras pautas. Desde o dia 8 os trabalhadores de Jirau estão em greve. No dia 21 de março os operários da usina de Santo Antônio também entraram em greve, paralisando por completo as duas obras mais importantes do PAC em Rondônia.

A combativa greve dos trabalhadores de Jirau é justa e tem enfrentado com bravura os ataques da Camargo Corrêa. A empreiteira mente dizendo que a greve é apenas dos 1.500 operários da ENESA e que os outros 15 mil operários estão sendo impedidos de trabalhar. Mantém no canteiro de obras, seguranças particulares e a COE (Comando de Operações Especiais da PM), conhecida no estado por sua truculência, além da Força Nacional que é constantemente enviada pelo governo federal para ameaçar e intimidar os trabalhadores em luta.

As empresas responsáveis pelas usina de Jirau e Santo Antônio têm explorado os operários de forma cada vez mais brutal no intuito de aumentar seus lucros e compensar o atraso na construção. Inúmeros abusos nestas obras têm gerado a revolta dos operários e da sociedade em geral.

No dia 13 de fevereiro o operário Josivan França de Sá, que trabalhava em Jirau, foi brutalmente assassinado pela polícia militar em Jaci-Paraná com um tiro no pescoço. Os operários faziam um protesto contra o atraso dos ônibus que os levaria para os alojamentos quando o jovem de 22 anos foi atingido, outro operário ficou ferido à bala. Exigimos a imediata apuração e punição dos assassinos de Josivan.

No dia 16 de março, trabalhadores da empresa WPG Construções, terceirizada da usina de Jirau e responsável pelo desmatamento da área que será alagada pela construção da usina, protestaram em frente ao Tribunal Regional do Trabalho (14ª região) em Porto Velho, pois estão sem receber salários desde setembro do ano passado.

Os trabalhadores não contam com o apoio do Sindicato (STICCERO, filiado à CUT) que em suas declarações à imprensa, através de seu presidente Raimundo Soares da Costa (Toco) disse: Sabemos que a greve é ilegal, mas os trabalhadores é que decidiram manter a paralisação. Estou vendo o que o sindicato pode fazer, pois podemos ser multados por isso”. O próprio presidente do sindicato não se mostra nem um pouco preocupado com as pautas de reivindicações dos trabalhadores e não denuncia o abuso da justiça ao declarar a greve ilegal, pelo contrário, coloca a culpa da multa nos operários e diz que verá um jeito de acabar logo com a greve, o que tem tentado repetidas vezes nas assembleias, porém sempre sem sucesso.

Como no caso de Jirau e de Santo Antônio, as greves se repetem em várias obras do PAC (Complexo portuário de SuapePernambuco, Usina de GaribaldiSanta Catarina) e da Copa do mundo (MineirãoBH, MaracanãRJ, Arena das Dunas em Natal), comprovando que a situações nestas obras continuam as mesmas após as greves e rebeliões do ano passado. Na realidade aprofundou o arrocho salarial e o aumento da exploração para cumprir os prazos e diminuir os custos, contrapondo a falsa propaganda do governo de que as condições de trabalho nestas obras melhoraram.

Repete-se também a política repressiva do governo contra quem quer que se levante a lutar, estudantes, professores, servidores públicos em geral, camponeses e operários. Todos tem sido sistematicamente atacados pela propaganda oficial, pelas polícias, Exército, Força Nacional e pela ditaJustiça.

A greve em Jirau foi considerada ilegal e foi determinada multa de 200 mil reais para cada dia paralisado. É esta a política do Estado, criminalização, prisão de trabalhador, cerceamento do direito a greve, exploração com pretexto de desenvolvimento, mas que na verdade significa pressa em entregar as riquezas naturais, o suor e o sangue dos trabalhadores brasileiros às grandes empreiteiras e empresas monopolistas.

Repudiamos a constante perseguição que tem sofrido a Comissão de Greve por parte das empreiteiras, seguranças, polícia e até mesmo pelos advogados e diretoria do sindicato da categoria. Repudiamos a constante contra-propaganda do monopólio de imprensa que tenta taxar os trabalhadores como baderneiros, bandidos e criminosos. Fazer greve e lutar pelos direitos negados não é crime!

Nos colocamos a inteira disposição dos Operários de Jirau e de Santo Antônio para apoiar e propagandear esta justa e combativa greve. Nos prontificamos em acompanhar o andamento desta luta e denunciar quaisquer abusos, prisões e agressões aos trabalhadores em luta.
Os trabalhadores têm direito de lutar pelos seus direitos!
Viva a combativa greve dos operários das usinas de Jirau e de Santo Antônio!
Assinam esta nota:
DCE/UNIR – Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Rondônia
CAPSI – Centro Acadêmico de Psicologia da UNIR
CACS – Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UNIR
CAHIS RM – Centro Acadêmico de História da UNIR Campus Rolim de MouraMEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário
Liga Operária
MFP – Movimento Feminino Popular – Núcleo da UNIR
Prof.ª Drª Marilsa Miranda de Souza – Curso de Pedagogia/Rolim de Moura
Prof. Ms. Paulo Aparecido Dias da Silva – Curso de Pedagogia/Rolim de Moura
Prof. Ms. Márcio Marinho Martins – Professor da UNIR Curso de História/Rolim de Moura e da Rede Estadual de Ensino.
Prof. Gabriel Henrique Miranda Soares – Professor de História da Rede Estadual de Ensino
Alisson Diôni Gomes – Mestrando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente / UNIR
Fausto Aguiar Arruda Filho – Presidente do Conselho Editorial do Jornal A Nova Democracia
Cíntia Bárbara Paganotto – Advogada
Prof. Estevão Rafael Fernandes – Antropólogo, Chefe do Departamento de Ciências Sociais da UNIR
Prof. Paulo de Tarso Carvalho de Oliveira – Engenheiro Eletricista, Professor de Eng. Elétrica da UNIR
Marco Antonio Santos  – Psicólogo – São Paulo
Prof. Silvio Simione da Silva – Adjunto do Curso de Geografia – UFAC
Lenir Correia Coelho – Assessora Jurídica da CPT/RO
Núcleo de Assessoria Técnica Popular Dom Antônio Possamai

Profª Ms. Adriane Pesovento – Departamento de História/UNIR – Campus de Rolim de Moura

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