Localizado no Centro do Rio de Janeiro, o Morro da Providência é considerado a primeira favela do estado e pode ser visto de inúmeros pontos da cidade. Cerca de 3 mil famílias vivem em seus becos e vielas e, apesar de serem donos de uma das mais belas vistas do Rio, sofrem condenados à miseráveis condições de sobrevivência. No final de 2010, a prefeitura iniciou as obras do projeto Morar Carioca que prevê a construção de um teleférico ligando a estação de trem Central do Brasil ao alto da favela. Além disso, várias outras intervenções estão sendo feitas e, para isso, nada mais, nada menos que 832 famílas estão sendo removidas. Quase um terço a população total do Morro da Providência. No início das obras, o jornal A Nova Democracia publicou um video com depoimentos de moradores insatisfeitos com a remoção. Um deles é o músico Sidney Ferreira. Ele denunciou à nossa reportagem que funcionários da prefeitura constantemente tentam subornar os moradores da comissão de resistência à remoção.
Um desses aliciadores, segundo Sidney, é um morador, recrutado pela prefeitura para minar a resistência à remoção. Quando esteve no local da obra do telérico, nossa reportagem flagrou o homem, que não tem nenhum vínculo comprovado com a prefeitura, conversando com engenheiros dentro da obra. Repare que, quando percebe que está sendo filmado, ele rapidamente sai do local.
Há 53 anos na Providência, Márcia Regina é outra notória integrande da resistência à remoção. Ela contou à nossa reportagem como foi o processo de entrada da prefeitura na favela em 2010, coincidentemente, pouco tempo depois do início da militarização. Márcia se queixou também da falta de informação por parte da prefeitura e do consórcio Rio Faz, responsável pela obra e disse que o teleférico da Providência não serve aos moradores e que está sofendo muito por conta das remoções. Por Patrick Granja / A Nova Democracia