Espaço Cultural Mané Garrincha: debate sobre «Ao Pé do Muro», de Cesare Battisti
Cesare Battisti participou da resistência armada italiana nos anos 1970. Depois disso veio o desassossego: um roteiro de fugas e prisões sem fim. Um exército de inquisidores armado com engenhocas de espionagem e microfones persegue Battisti em todos os cantos. Em 2007, Cesare foi preso no Brasil. Em 2011, com a mobilização dos setores progressistas, Cesare foi solto, apesar do esperneio geral da mídia reacionária.
No meio das fugas e do desassossego, Battisti se tornou escritor. Sua cabeça virou troféu por causa da caneta, porque nos seus escritos o ex-guerrilheiro denunciou as mazelas do Estado italiano. Pensando em explorar a obra do escritor Cesare Battisti, decidimos marcar um debate sobre seu livro mais recente, Ao Pé do Muro. A ideia é fazer também a defesa literária de Battisti.
Ao Pé do Muro fala do Brasil. Ao pé de um muro chamado Brasil, Battisti vai contando mazelas e maravilhas que viu na cidade maravilhosa, e vai contando as histórias dos homens que conheceu na cadeia. Surge o Pantanal, surge a Amazônia, surge o Brasil.
“Cada vez que eu emergia do trabalho, precisava de um tempo para me reconhecer naquilo que acabara de escrever. Uma sensação angustiante, da qual eu me arrancava pensando que, dentro de alguns minutos, estaria sentado nas pedras do Arpoador. Um lugar de beleza e morte. Eu tinha lido em algum lugar que, na época da ditadura, naquela rocha lisa e clara que mergulha no oceano separando a praia de Copacabana da de Ipanema, os militares aqueciam a pedra em brasa antes de nela estenderem os ‘subversivos’. Seria isso que me consolava naquele lugar, depositar minhas dores junto à daqueles homens que haviam sido meus irmãos à distância? Não sei, só ficava ali olhando o sol confundir-se com a água. Era a minha parte preferida do dia. Sentado ali, no silêncio rompido apenas pelo quebrar das ondas, refletindo que, no fundo, eu ainda podia me dar por feliz: desfrutar de uma trégua em meio aos tumultos que percutiam em minha cabeça.”
O debate da obra Ao Pé do Muro, de Cesare Battisti, acontecerá no próximo sábado, 15.12.2012, às 15h, no Espaço Cultural Mané Garrincha. Rua Silveira Martins, 131, sala 11, Sé, São Paulo/SP.
Depois do debate faremos uma festa para marcar o centenário de Luiz Gonzaga e o encerramento das nossas atividades em 2012. Tirando a direita burra que não lê nem meio parágrafo, estão todos convidados para o debate e para a festa. Teremos doces, bebidas e tapiocas a preços populares.
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