Casa da Achada: apresentação do livro «Em Trânsito, Em Morte», de Ivo Martins

APRESENTAÇÃO DO LIVRO EM TRÂNSITO, EM MORTE DE IVO MARTINS

Sábado, 19 de Janeiro, 18h

A Casa da Achada recebe a apresentação do livro Em trânsito, em morte, de Ivo Martins, proposta pela editora 7Nós.

A 7 Nós acaba de publicar o título Em trânsito, em morte, de Ivo Martins, um autor que tem vindo a escrever regularmente sobre arte e jazz em diferentes publicações, mas que conhece com este livro a sua estreia editorial.
Uma luz branca, branca e densa, atravessa a todo o momento a leitura desta obra, não nos deixando escapar à ferida da lucidez.

Em trânsito, em morte é uma recolecção e justaposição de impressões, ideias, pequenas ficções, narrativas e digressões reunidas por contaminação num corpo discursivo de estatuto indefinido: nem “ensaio”, nem “romance”, nem “autobiografia”, nem “diário”. O tema deste livro é volátil e difuso – estamos perante uma escrita “sem assunto” e “sem tópico” que, profusa e expansiva, se ocupa de todos os grandes assuntos e grandes tópicos da hipercontemporaneidade (política, arte, sociedade) ao mesmo tempo que faz correr, em linhas paralelas, movimentos subterrâneos pelo interior de um espaço privado feito da solidão, dos impasses e micro-eventos da vida íntima e interior. O seu discurso surge-nos como a dissecação crítica, violenta e desassombrada, da realidade actual, elaborada a partir das fronteiras exíguas e claustrofóbicas de um apartamento suburbano, olhando para o exterior através das molduras das suas janelas e dos ecrãs de televisão. O sentimento específico do autor em relação ao real é, assim, perturbado e amplificado pela luz dos néons e da electricidade estática – símbolos de uma representação mediada (e, por conseguinte, não original) do mundo, que o distorce e submete a estratégias mitologizantes de alienação e a lógicas corruptas de comércio e mercado. A narrativa contida nesta obra desenha o mapa de uma viagem pela paisagem mental do contemporâneo, marcada pela devastação e, por vezes, por clarões pontuais e inesperados de beleza.

A publicação de Em trânsito, em morte apresenta aos leitores uma voz literária singular e introduz na frágil paisagem do pensamento crítico português, um inesperado exemplo de seiva crítica, exuberante e quase selvagem, impossível de ser catalogada ou enquadrada em qualquer corrente intelectual ou sistémica (académica, política ou literária).

«Começámos a aceitar servilmente este estado de coisas e, quando já não somos capazes de esboçar o mais pequeno gesto de recusa sobre a participação no lento processo de destruição em massa em que estamos envolvidos, encontramo-nos prontos a ser vítimas da exploração e de um esmagamento da individualidade, acompanhados da maior de todas as farsas. A democracia relativiza todas as formas de exploração que se assumem como a maior ignomínia do nosso tempo.»

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