Nota de Repúdio de estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) à repressão violenta na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)

 

Nós, alunos da UFG, viemos manifestar publicamente o nosso repudio aos últimos acontecimentos envolvendo os alunos da UFMT em sua luta por moradia, em que estes foram presos e agredidos; assim como manifestar, também, nosso apoio e solidariedade a estes estudantes.

A UFMT atende apenas a 1% dos estudantes com a Moradia Estudantil. Tal número já é um absurdo por si só; um absurdo que fica ainda pior após o anúncio da reitoria sobre a retirada da sua gestão de 5 casas onde residem 50 estudantes. Tal perda resultaria na redução de 40% da moradia na UFMT.

Para expressar a indignação gerada por tal descaso, os moradores da casa de estudantes, em parceria com o Diretório Central dos Estudantes, fizeram uma manifestação pacífica nesta quarta-feira (06/03) para expor publicamente o caso e lutar pelo seu direito à moradia estudantil. A manifestação iniciou-se na universidade e prosseguiu para a Avenida Fernando Correia, que os alunos decidiram fechar. Após 30 minutos de ocupação da avenida, carros da polícia militar, Tático, Rotam, além de helicópteros, chegaram ao local. Os policiais chegaram na truculência: ostentando fuzis, usando spray de pimenta e disparando balas de borracha nos manifestantes.

Resultado: 10 estudantes feridos, alguns com tiros no rosto, orelha, peito e virilha e, ainda, a prisão de seis estudantes, os quais foram espancados pelos policiais no caminho da delegacia.

A situação se agravou com a detenção dos advogados dos estudantes, Ioni Ferreira Castro e Marco Antônio, ambos da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat) e um criminalista. Os advogados foram detidos sob acusação de desacato à autoridade, após os mesmos insistirem em acompanhar os estudantes à delegacia.  Além de serem presos, os advogados sofreram abuso verbal por parte de policiais da ROTAM.

É lastimável que a reitoria retire a moradia dos estudantes, visto que este tipo de residência é fundamental para a permanência de estudantes de baixa renda oriundos de outras cidades Também é lastimável a repressão aos estudantes, que foram vítimas de abuso desde o início, seja pela quantidade desmedida de policiais e armas, seja pela violência que sofreram, pois fora desrespeitado a liberdade de expressão, o direito de ir e vir e até mesmo mesmo a integridade física. Vale ressaltar que essas práticas abusivas são comuns na polícia militar. Como se não bastasse, os estudantes ainda foram impedidos de ter o pleno direito de defesa, pois os advogados presentes foram não só impedidos de exercer sua profissão como também foram presos.

Repudiamos essa sequência de atos extremamente autoritários e exigimos a devida apuração dos acontecimentos e dos abusos cometidos. Exigimos que as casas dos estudantes não sejam retiradas da gestão da reitoria; que os policiais truculentos sejam devidamente punidos e que os estudantes sejam liberados sem prescrição na polícia e, ainda, que sejam indenizados.

Saudamos e apoiamos a luta dos companheiros da UFMT, assim como de todos os estudantes organizados que lutam por seus direitos e por justiça.

 Assinam,

Centro Acadêmico de Psicologia (Capsi) – UFG

Centro Acadêmico XI de Maio – CAXXIM – Direito UFG

Diretório Acadêmico de Comunicação – UFG

DRAGOM

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