complementando: “prefiro um patrão que pague bem.”
Prefiro patrão nenhum!
É como optar entre merda fria e merda quente. Escolhe-se a temperatura da merda, que passa a ser democraticamente aceita…
No começo de 1975 eu conversava em Paris com o chefe, já falecido, de uma organização marxista internacional que ainda hoje existe, e contava-lhe as novidades da revolução portuguesa, que os trabalhadores tinham começado a ocupar empresas e a geri-las eles mesmos. Tive direito a uma lengalenga que, espremida, consistia no argumento de que isso era autogerir o capital. «Eles têm família, filhos para alimentar», respondi eu, «o que quer que eles façam? Os patrões fugiram para o Brasil e deixaram máquinas e matérias-primas, então os trabalhadores continuam a produção e põem-na à venda». O chefe revolucionário exclamou: «Era melhor que fossem roubar nos supermercados». «Mas», expliquei-lhe eu, «a principal cadeia de supermercados está também em autogestão». E acrescentei que pessoas como ele e eu podíamos viver de direitos autorais de livros escritos contra a autogestão, mas que os trabalhadores não beneficiavam desse luxo e tinham de comer de alguma forma. Lembrei-me desta história ao ler alguns dos comentários a este excelente cartoon, que sintetiza tudo o que o Passa Palavra publicou e escreveu sobre o caso da Caros Amigos. Que eu saiba, o comunismo não está a bater à porta e os trabalhadores continuam a ter que vender a sua força de trabalho em troca de salários, o que lhes dá o direito suplementar de serem desprezados pelas luminárias.
Com a palavra, duas ‘luminárias’: “Não se trata do que tal ou qual proletário ou mesmo o proletariado inteiro se represente, em determinado momento, como alvo. Trata-se do que é o proletariado e do que, em conformidade com o seu ser, historicamente será compelido a fazer.” MARX & ENGELS – A Sagrada Família.
complementando: “prefiro um patrão que pague bem.”
Prefiro patrão nenhum!
É como optar entre merda fria e merda quente. Escolhe-se a temperatura da merda, que passa a ser democraticamente aceita…
No começo de 1975 eu conversava em Paris com o chefe, já falecido, de uma organização marxista internacional que ainda hoje existe, e contava-lhe as novidades da revolução portuguesa, que os trabalhadores tinham começado a ocupar empresas e a geri-las eles mesmos. Tive direito a uma lengalenga que, espremida, consistia no argumento de que isso era autogerir o capital. «Eles têm família, filhos para alimentar», respondi eu, «o que quer que eles façam? Os patrões fugiram para o Brasil e deixaram máquinas e matérias-primas, então os trabalhadores continuam a produção e põem-na à venda». O chefe revolucionário exclamou: «Era melhor que fossem roubar nos supermercados». «Mas», expliquei-lhe eu, «a principal cadeia de supermercados está também em autogestão». E acrescentei que pessoas como ele e eu podíamos viver de direitos autorais de livros escritos contra a autogestão, mas que os trabalhadores não beneficiavam desse luxo e tinham de comer de alguma forma. Lembrei-me desta história ao ler alguns dos comentários a este excelente cartoon, que sintetiza tudo o que o Passa Palavra publicou e escreveu sobre o caso da Caros Amigos. Que eu saiba, o comunismo não está a bater à porta e os trabalhadores continuam a ter que vender a sua força de trabalho em troca de salários, o que lhes dá o direito suplementar de serem desprezados pelas luminárias.
Com a palavra, duas ‘luminárias’: “Não se trata do que tal ou qual proletário ou mesmo o proletariado inteiro se represente, em determinado momento, como alvo. Trata-se do que é o proletariado e do que, em conformidade com o seu ser, historicamente será compelido a fazer.” MARX & ENGELS – A Sagrada Família.