Angustia-nos profundamente que contra tanta indignação haja tantos elementos capazes de conduzi-la à mais perfeita impotência política. Por Passa Palavra

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Dissemos em outro artigo, relativo à juventude, que “grande parte de nós, à esquerda, termos abandonado a capacidade de ler as transformações políticas, sociais, econômicas e tecnológicas que acontecem diante de nossos olhos”, e que “nós, se não nos repensarmos profundamente, corremos o risco de continuar batendo cabeças” (leia o artigo aqui). Embora sejamos acusados amiúde de “cerebristas”, tomamos a acusação como elogio. Insistimos em que “para os anticapitalistas, falar de política é integrar o particular no geral, o individual no social” e reafirmamos que “a mais importante conquista dos trabalhadores é a acumulação da experiência própria para o desenvolvimento de um projecto de classe” (ver em nossos Pontos de Partida aqui); não podemos, portanto, nos furtar ao papel “cerebrista” de entender cada nova mobilização política e cada nova situação conjuntural à luz da experiência das lutas anticapitalistas e da experiência das lutas dos trabalhadores – em todos os níveis, do mais aparentemente individual e insignificante até o mais massivo e “relevante”.

Falamos da vacuidade e dos riscos inerentes à luta contra a corrupção tocada isoladamente de outras lutas. Narramos o fracasso histórico da esquerda anticapitalista em fortalecer redes de apoio mútuo e solidariedade entre trabalhadores mais precarizados. Mostramos como esta talvez seja a mais forte base social do conservadorismo de matriz religiosa, de que o deputado Marco Feliciano é apenas a expressão mais visível. Avançamos a hipótese de que o combate ao conservadorismo passa por solapar sua base material. Mas falamos também de uma outra ponta desta corda, a dos trabalhadores “de ponta”. Que se passa neste campo?

Observem esta foto por alguns instantes:

Notem os dois cartazes, um completamente no foco da câmera, outro cortado. O cartaz cortado é uma citação do Levítico 19:18 (“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR”), na tradução de João Ferreira Annes d’Almeida, importante personagem do protestantismo português. Enquanto o segundo é uma tentativa evidente de voltar as armas do pastor Marco Feliciano contra ele próprio, bastante comum nas mobilizações, o cartaz mais enquadrado faz uma afirmação genérica, cujo alcance merece ser comentado.

Em primeiro lugar, a moça que o segura afirma sem rodeios que odeia passeatas. Será porque as passeatas atrapalham o trânsito? Será porque as passeatas têm sido demonizadas por toda a imprensa corporativa, e ela, neste aspecto, vai a favor da maré? Será porque as passeatas mexem com a rotina e, desta forma, chacoalham confortos? Será porque percebe a perda de força das passeatas enquanto instrumento de ação política, mas ainda não consegue conceber outro? Jamais saberemos. Afinal, fotos não falam outra linguagem que não a das imagens.

Mas, afinal de contas, ela está na passeata, mesmo contrariada. Alguma coisa a levou às ruas. Será a rejeição ao pastor e ao que representa? Será isto, mais o descontentamento com a corrupção? Será tudo isto e mais alguma coisa que não exprimiu em palavras escritas? Mais uma vez, jamais saberemos.

A única pista que temos é o dever cívico. A moça expressa sua indignação enquanto cidadã, enquanto indivíduo capaz de exigir direitos e deveres dentro dos limites de um regime político. Diante dos fatos ocorridos no Congresso nos últimos tempos, parece que a paciência destes indivíduos se esgotou. Mas isto também é uma conjectura; a única coisa que se pode afirmar com certeza é que indivíduos como a moça da foto estão indo para as ruas, articulando ações conjuntas, indo para tal ou qual lugar, passando por esta ou aquela rua, praça ou monumento, em suma, estão mobilizando-se contra algo que os incomoda.

E por que falamos tanto em indivíduos e ressaltamos seu caráter de cidadãos? Disto, ao menos, não temos dúvida alguma.

Tanto as pessoas que encontramos “ao vivo e a cores” nos protestos de que participamos quanto as fotos dos protestos em que não estivemos presentes constroem um perfil de seus participantes, e este perfil é exatamente daqueles trabalhadores “de ponta” a que nos referimos. São jornalistas a quem se impõe o “frila” como regime normal de trabalho. São estudantes universitários que optaram por enfrentar a precariedade do trabalho prolongando sua vida acadêmica nas pós-graduações para viver das bolsas. São trabalhadores do terceiro setor a pular de assessoria em assessoria para complementar renda. São engenheiros e arquitetos contratados por empreitada. São professores trabalhando três turnos para manter condições dignas de vida… Cada manifestante encontrado só faz aumentar a lista de estratégias de sobrevivência.

Em todos estes casos a precarização do trabalho afeta estes indivíduos principalmente sob a forma da instabilidade laboral, um dos pressupostos da gestão de carreira, do empreendedorismo e de tantos outros neologismos talhados para lançar sobre cada um dos trabalhadores individualmente considerados a responsabilidade exclusiva por seus sucessos ou fracassos. O hábito, neste caso, faz o monge: a necessidade de sobrevivência faz de suas vidas um eterno “se virar”, e a concorrência exacerbada e a personalização do sucesso ou do fracasso, típicas do “empreendedorismo”, dificulta-lhes sobremaneira a construção de qualquer forma de solidariedade entre eles. A solidariedade entre estes trabalhadores, quando há, se dá nas cooperativas, nas pequenas ONGs, nas microempresas e nas tantas outras formas exigidas por seus empregadores temporários para burlar seus direitos trabalhistas. Mesmo quando trabalham com carteira assinada, em geral recebendo muito abaixo do necessário para compensar o esforço e do engajamento na empresa que lhes é exigido, a fluidez dos laços laborais é fator impeditivo de qualquer solidariedade com seus colegas de trabalho. Se nos estratos da classe trabalhadora com renda mais baixa e menor qualificação profissional, integrados em circuitos menos produtivos da economia ou sujeitos a longos períodos de desemprego, o individualismo é compensado por formas de apoio mútuo, nestes estratos mais tecnicamente qualificados da classe trabalhadora, integrados em circuitos mais produtivos e sujeitos a alta rotatividade nos empregos, pouco ou nada existe de semelhante.

Não bastasse isto, de um modo geral, o capitalismo lança mão de todas as tradições culturais e preconceitos, desde o racismo até o bairrismo, capazes de acentuar a fragmentação da classe trabalhadora e o individualismo dos seus membros. E, como se trata de um sistema econômico totalizante, que não rege apenas a produção de bens, mas também a própria produção de força de trabalho, tendendo, portanto a desenvolver extensiva e intensivamente até abranger a globalidade da sociedade, a individualização dos trabalhadores encontra-se reproduzida na individualização dos cidadãos. O povo, para esses tipos de concepções e de práticas, não é uma teia de solidariedade, mas uma adição de unidades individualizadas. E assim se passou da velha definição do cidadão como animal social à sua definição como ser psicológico, em função precisamente daquele aspecto que opõe cada um aos restantes. Se na cidade grega todo animal social podia vir a ser um dirigente político, na nação contemporânea cada ente psicológico é potencialmente um ente patológico.

O quadro não é bonito, mas é real. É esta a base social do tão conhecido “cidadão de bem pagador de impostos”, caso extremo de individualismo infelizmente tão comum entre este setor dos trabalhadores. Levados pela experiência de pagarem todos os anos o imposto de renda (quando o pagam) e o IPVA de seus carros (quando os têm) e de recolherem INSS como autônomos (quando o recolhem), não percebem que toda mercadoria já tem embutido em seu preço o valor dos impostos, e que mesmo um mendigo que compra um cafezinho paga o imposto sobre produtos industrializados sobre o copinho, o imposto territorial rural embutido no café, etc.

Mesmo excluindo este caso extremo, verdadeira aberração política, o individualismo e a fragmentação seguem fazendo estragos entre os trabalhadores mais qualificados. Discutimos anteriormente o quanto a luta contra corrupção, isolada de outras lutas, é politicamente recuada, mas naquela altura faltavam elementos de que agora dispomos para conhecer outra das raízes desta afirmação, quem sabe mesmo a mais profunda delas. Numa nação “ideal”, tal como concebida por todos que lutam por “ética na política” sem relação com qualquer outra luta, mesmo o mais ativo dos corpos políticos se firmaria no relacionamento de cada cidadão com as instituições políticas, e só esta prévia subordinação à autoridade inspiraria cada um a relacionar-se com os outros. A concepção de um pretenso poder decorrente das maiorias é uma ficção eleitoral do capitalismo, que entende por maioria a mera adição de indivíduos reciprocamente isolados e desejadamente amorfos. Nestas condições, a vitória eleitoral das maiorias é sempre o triunfo de uma minoria assentado na fragmentação da massa da população, fragmentação esta que condiciona o fato de a pauta política dos atuais manifestantes não se basear no reconhecimento de problemas comuns, mas no bom funcionamento do parlamento e do governo e na exclusão dos corruptos da política. Na falta de pautas próprias, são pautados pelas disputas internas de uma oligarquia a se revezar no poder à sua custa; na falta de maior coesão própria, capaz de evidenciar problemas comuns (base de qualquer agenda política), cedem-lhes a iniciativa no campo político e andam a reboque de suas movimentações.

Por isto mesmo, o caráter atomístico dos “cidadãos” faz de seus protestos públicos campo fértil para apropriações. Aos manifestantes se juntaram os mais diversos grupos de gestores e seus partidos, como o Fora do Eixo, o PT e o PSOL. Mas nem de longe esta indignação – palavra em moda – foi provocada e canalizada por estes setores. O caráter espontâneo das manifestações é expresso na dificuldade de identificar os seus organizadores, pela timidez destas organizações em mostrarem suas bandeiras ou outros símbolos e de até, após os atos, chamarem para si a vitória, como de praxe. Essas pessoas se mobilizaram por algo concreto, que afeta diretamente suas vidas enquanto indivíduos e a de outros indivíduos integrantes de suas redes de contato, embora pouco afete suas formas de inserção na sociedade e no mundo produtivo. Quem sabe por isso, diferente de muitas outras ondas de revoltas virtuais, esta mobilização ganhou as ruas.

Talvez seja só até aí que possamos avançar na análise. Até o momento de fechamento deste artigo só havia acontecido um protesto, e outro estava previsto para acontecer em poucos dias. Mas pode-se desde já ver que nem a luta contra a eleição do pastor Feliciano para a CDHM nem a luta contra a corrupção conseguiu superar, neste momento inicial, o abismo que separa estes dois setores da classe trabalhadora. (Fato intrigante é que um dos motivos dos protestos contra o pastor Feliciano seja seu racismo, mas que nestes primeiros protestos haja tão poucos negros além daqueles ligados de uma forma ou outra ao movimento negro ou à luta anti-racista.) É de se perguntar: algum destes dois setores deseja realmente construir uma ponte sobre este abismo? Em que bases práticas? Ou ainda: conseguirão os protestos esboçar quaisquer formas de solidariedade política entre seus participantes além da presença nas ruas?

Seguiremos acompanhando e participando. Mas angustia-nos profundamente que contra tanta indignação haja tantos elementos capazes de conduzi-la à mais perfeita impotência política.

As gravuras que ilustram o artigo são de Gustave Doré.

Leia também:
Protestos virtuais e impotência política (1).
Protestos virtuais e impotência política (2).

11 COMENTÁRIOS

  1. Um quando precisa de emprego se inscreve na Catho, o outro vai perguntar aos vizinhos ou colegas no bar, escola ou na igreja onde há vaga.

    Um quando fica doente usa o plano de saúde, o outro pergunta aos vizinhos quem tem remédio, pede carona pro hospital, dinheiro emprestado.

    Um quando possui um atrito recorre aos tribunais, possui advogados, o outro possui as mãos, os pedaços de pau e, antes de tudo, as conversas, os diálogos, os acertos.

    Um mora em prédio, não sabe quem são seus vizinhos e talvez nem saiba o nome dos porteiros. O outro vive há décadas na mesma rua, onde moram seus pais e seus avós. Conhece todos, sabe quem é quem, quem é filho de quem, quem é casado com quem, quem bebe e quem não bebe. Encontra as mesmas pessoas nos bares, no mercadinho do bairro, nas igrejas, nas quermesses.

    Um vai de carro para o trabalho, vidro fechado e fone no ouvido. O outro pega o mesmo ônibus faz anos. Lá conheceu o betinho, seu amigo, começou namorar com a pedrita, além de outros mais que conhece.

    Um comprou apartamento ou herdou. O outro construí sua casa no terreno dos pais. Alguns amigos ajudaram, familiares ajudaram. No dia de encher a laje foi a turma do ônibus, da igreja, do bar dar uma mão…

    Um paga couvert. O outro frequenta rodas de samba ou sertanejo com os colegas.

    Um frequenta casas com segurança onde não vai ser chacinado. O outro frequenta bares em que todos precisam fazer a vigilância e estarem atentos contra as humilhações e as violências praticadas pela polícia.

    Os exemplos poderiam ser ainda maiores. As pessoas são individualistas porque podem ser, porque estão encaixadas em toda uma rede de proteção que permitem a elas o serem. Já os trabalhadores mais precarizados estão inseridos em toda uma forma de sociabilidade que os levam a formas de solidariedade, de apoio mútuo. Não há nenhum exclusivo das igrejas.

    Obs: quem vive em prédio, facebook é vizinhança

    Obs 2: será que os negros não foram nos atos dos brancos pq sabem que os brancos não fazem atos quando os negros são chacinados, espancados, torturados e o tal do anti-racismo dessa turma é muito poser?

  2. Texto muito importante e que, nas grandes linhas, aprovo sem hesitar. No entanto, parece-me menos feliz na apreciação exclusivamente negativa que faz do termo “cidadãods” tomando-o como expressão de individualismo e privatização.
    Vejamos, pois.

    1. O “cidadão” é uma instituição social e colectiva por excelência, e, nesse sentido, exprime que o indivíduo socializa e politiza ou retoma explícita e criticamente, tornando-a uma questão comum, a sua socialização de partida e as condições sociais de existência que partilha com outros. Mais ainda: ao afirmar-se como cidadão activo reivindica participar em pé de igualdade no governo dos assuntos e problemas colectivos, e começa a afirmar-se como governante, ou a reivindicar o exercício do poder político pelos governados como condição da sua legitimidade. A cidadania activa – potencialmente governante – é, pois, a recusa da condição hierárquica de súbdito, pressupõe a acção comum, concebe e pratica a política como liberdade e responsabilidade não-profissional e igualitária de todos, rejeita a especialização classista dos representantes que a tornam prerrogativa de uns quantos sobre a instauração da passividade geral.

    2. Assim entendida, a cidadania não ignora, mas levanta e põe na ordem do dia a questão das classes e da sua abolição. É, por definição, anti-classista. A igualdade e a participação igualitária dos cidadãos no exercício do poder é inseparável da recusa da hierarquia entre governantes e governados, proprietários e proletários, gestores e geridos, e assim por diante. A conquista da cidadania activa e plena implica a destruição da sociedade de classes, da sua divisão política do trabalho e da sua divisão do trabalho político.

    3. Por tudo isto, parece-me que a reivindicação da cidadania governante deve ser assumida e adoptada como aspecto necessário da democratização anticapitalista que este texto nos propõe como tarefa, em vez de rejeitada como expressão ou sintoma de “individualismo” ou de “privatização”.

    Saudações solidárias

    msp

  3. Miguel
    Dou-te razão etimologicamente e ainda politicamente, no sentido em que usas o conceito. O problema é que os conceitos e as palavras se distinguem, tendo as palavras o valor que o contexto social lhes confere, e aqui no Brasil cidadania faz parte da panóplia de termos com que o PT e a CUT difundem a sua imagem de sociedade. O cidadão é apresentado como um indivíduo isolado no mercado da política, do mesmo modo que os bens se apresentam isoladamente no mercado da economia. Nesta perspectiva, o cidadão é considerado como um elemento de um quadro jurídico e não como parte constitutiva de relações económicas e sociais. A palavra tem aqui conotações conceptuais diferentes das que tem em Portugal.

  4. João Bernardo,

    compreendo, sem dúvida, as tuas razões, e, mais ainda, num grau ou noutro, valem também para as condições da região portuguesa. Mas o problema é que não há termo de uso corrente a que não possamos pôr objecções semelhantes: “socialismo”, “comunismo”, “democracia”, “anticapitalismo”, “espaço público”, e até mesmo, se virmos bem, “razão”, “racionalidade”, “ciência” ou “teoria”. Por isso, e porque não podemos limitar-nos a forjar novos termos a todo o momento, teremos de nos valer criticamente dos existentes, tentando explicitar o sentido que lhes damos. Dito isto, reconheço que é, caso a caso, que teremos de decidir a preferência que damos a um termo ou outro. Ainda assim, se, por exemplo, eu prefiro falar de democratização das relações de poder, relações sociais de produção incluídas, a fazê-lo de “construção do socialismo”, tenho o cuidado de dizer, em sendo caso disso, que, em certo sentido, são a mesma coisa – ou que, o que vem a dar no mesmo, a “construção do socialismo” que defendo só pode, para não se transformar no seu contrário (reciclagem da dominação de classe”), fazer-se através da participação em pé de igualdade dos produtores na gestão da produção. Mas, claro, não encontro divergências de fundo entre nós a este propósito.

    Abraço

    miguel

  5. Não se pode esquecer de mencionar o fato do PT/PCdoB se alinharem com a bancada evangélica para engordar as fileiras do fascismo. O fato do PT/PCdoB se colocarem como construtores do Nazismo coloca em xeque uma série de questões não explicitadas. As perseguições políticas que PT/PCdoB travam contra cidadãos apartidários e anticapitalistas os coloca na mira de outros sérios fatores que não estão levando em conta. Esquecem que os perseguidos possuem memória e sabem muito bem identificar as figuras fantasiadas de ONGS e instituições financiadas pelos mesmos partidos citados acima e que não se intimidaram diante das ameaças. Acreditam realmente que a impunidade prevalecerá. Veremos!!!

    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2013/04/517842.shtml

  6. Ai meu Deus, o que é que PT e PCdoB têm a ver com nazismo? Quanta viagem! Volta e meia aparecem uns completamente desorientados por aqui…

  7. O João Bernardo fala de “o Brasil”; o Miguel fala de “região portuguesa” – já não consegue dizer Portugal… -e é uma amostra sintomática do que são as relações internacionais; um vai para a mesa partilhar soberania enquanto outro agradece a parte que lhe cabe aí enquanto ao mesmo tempo preserva a sua o mais que pode.

  8. É o que pode observar também, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, nas manifestações contra as remoções. O problema é o mesmo, mas cada um na sua, não se comunicam, não unem forças num problema tão evidentemente comum.
    No caso das obras do Maracanã, quantas manifestações isoladas tivemos: foram os índios e os atletas, fora os prejudicados passivos que não se manifestaram, estudantes e grupos assistidos pelos programas sociais do próprio governo. Parece que no Rio temos vários Maracanãs em demolição.
    Hoje foi a vez do Horto [ http://www.jb.com.br/rio/noticias/2013/04/04/remocao-no-horto-uniao-oab-alerj-e-associacao-de-moradores-se-reunem/ ].Pelo jeito mais gente sem ter para onde ir.

    O pior de tudo, você abordou muito bem e é verdade,
    -Por isto mesmo, o caráter atomístico dos “cidadãos” faz de seus protestos públicos campo fértil para apropriações. Aos manifestantes se juntaram os mais diversos grupos de gestores e seus partidos, como o Fora do Eixo, o PT e o PSOL. Mas nem de longe esta indignação – palavra em moda – foi provocada e canalizada por estes setores.-
    O pior é que quando não conseguem se apropriar, fazem tudo e conseguem, é fato, minar. São peritos nisto.

  9. Na vida, as coisas possuem uma expressão física e também expressão estética. Quando o Passa Palavra pergunta sobre se será possível construir uma ponte entre os dois blocos dos trabalhadores basta perguntar se o militante revolucionário tem o porteiro do prédio entre os amigos no Facebook. Ou só tem gente com diploma?

    E perguntar também se ele vai até onde moram os pobres.Ou fica só nos meios tradicionais da esquerda chic?

    Parece que vai demorar muito, se ocorrer, para que esse abismo seja atravessado.

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