Depois que o candidato deles a prefeito foi eleito, o partido ganhou dois cargos e começaram a trabalhar para o povo. Por dentro de uma nova diretoria, criada para acomodar os dois comunistas, pobres conseguiriam materiais de construção para reformar seus barracos. Esses materiais começaram por ser entregues às famílias que já tinham algum laço político com o partido, sendo todas elas de um mesmo bairro. Acontece que era pouca verba para tantos pobres. A Prefeitura entregava os materiais e, antes que tudo fosse empregue na reforma, parte era roubada de noite por outros pobres. Assim a alegria não se completava, a reforma não se dava por inteira e os comunistas continuavam a ser cobrados. A saída encontrada pelo partido foi contratar jagunços que caçavam os ladrões, surravam e ameaçavam de morte com armas. Os roubos não cessaram, mas caíram bastante, ao contrário da popularidade daqueles dois comunistas. Quatro anos antes desses episódios, aquele partido tinha em sua sede uma única impressora, fruto de um roubo feito por dois membros do próprio partido. Passa Palavra

2 COMENTÁRIOS

  1. Em 1965, nos calabouços da Polícia Judiciária, em Lisboa, outro preso perguntou-me por que eu lá estava. Eu disse que me acusavam de ter roubado um processo do gabinete de um juiz, dentro de um tribunal. Os olhos brilharam-lhe, um sorriso rasgou-lhe a face, na antecipação de um novo mercado, e perguntou-me: «Para vender?». Expliquei-lhe. Desiludido, ele encolheu os ombros e resmungou: «Ah… Política!».

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