A sua categoria, dos técnicos-administrativos, já estava em greve na universidade onde ela trabalhava quando foi convidada a participar de uma reunião junto aos dirigentes nacionais da federação dos respectivos sindicatos. Na reunião, quando percebeu que esses dirigentes discutiam se a federação apoiaria ou não a greve, fez questão de falar o seguinte: “Mas espera aí! Vocês não ganham para nos defender? Como é que ainda estão discutindo se vão ou não apoiar a greve? Nós já estamos em greve! Vocês vão ficar de fora?” Vários deles se inscreveram rapidamente, para perguntar de onde ela era, se era filiada ou não, se há tempos acompanhava o movimento sindical…. E tentaram explicar que sempre foi assim, que tudo devia ser sempre discutido, que isso era democracia, que era o normal quando se busca propostas pró-ativas, coletivas, classistas, revolucionárias… De modo que ela voltou completamente desanimada. Nunca mais participou de reunião alguma, assembleia ou coisa do tipo. E só não se desfilia porque teme um dia precisar de advogado, não ter dinheiro para pagá-lo e o sindicato negar o serviço caso ela esteja desfiliada. Passa Palavra

8 COMENTÁRIOS

  1. Pois se engana a pessoa. Nem para fins jurídicos servem os sindicatos. Quando você precisa, eles não te atendem. E quando agem, ficam geralmente do lado dos patrões. Nunca confie em advogado de sindicato. Qualquer patrão os têm no bolso em troca de uma gorjeta.

  2. De uma leitura sobre as derrotas na Alemanha 1918-21: a democracia e a repressão funcionavam a todo vapor.

  3. Em 1918-21, e não só na Alemanha, a democracia foi “o ventre fecundo que pariu a besta”.
    Desde então, o que era tragédia tem sido reeditado [como farsa, segundo Marx] inúmeras vezes.

  4. Sensacional notícia Pablo.

    Não é de hoje que tenho a impressão que a China é o país que melhoro entende a lógica do capitalismo, e se insere nela sem pudores: isso vai desde o tratamento que dá aos trabalhadores, passando pelas cidades-fantasma, e agora essa ‘lavagem verde’.

    Queria que o Baudrillard estivesse vivo para ver isso, embora isso não entre no que ele chamaria de simulação. Nesse caso há uma distinção entre um falso e um real.
    Acho que ele nunca comentou nada sobre as cidades chinesas que são construídas mesmo sem ter ninguém para habitá-las. Não acho que possam ser explicadas pelo simples planejamento. Há uma lógica econômica por trás.. da produção pela produção.

  5. Pós-moderno & novidadeiro militante, Baudrillard lançaria o hipersimulacionismo ou Dreckeffekt Potemkin.

  6. É verdade Leo Vinicius, a China entendeu bem a lógica da produção capitalista, mais ainda que os USA, que focam mais na produção destrutiva (não que a China não o faça, mas parece que o foco no complexo industrial-militar por hora é menor que a primazia dada a este pelos yankies).
    Acho que ainda veremos muita coisa que interessaria o Baudrillard etc. Dá uma olhada nesse rango:

    http://www.youtube.com/watch?v=g8gJOCwBuFc#t=130

    2001, um odisséia espacial…

  7. EM 1918-1921:
    Da vitória da revolução russa dependia a vitória mundial do proletariado. Ora, a vitória da revolução social na Rússia dependia da [ou de alguma] tomada do poder pelo proletariado na Europa e/ou nos EUA.
    A questão, dialeticamente formulada, é: a revolução [social] russa e a vitória mundial do proletariado são dois momentos do mesmo processo cosmo-histórico. Implicam-se e se determinam reciprocamente como dois elementos duma mesma totalidade – ou melhor: como a totalidade (processo histórico-mundial) e um de seus elementos (a revolução “russa”). Portanto, a vitória mundial do proletariado dependia da vitória da revolução “russa”, que dependia da tomada do poder pelo proletariado no ocidente.
    A revolução só se tornou russa [digamos, sem aspas] com a derrota do proletariado (russo & mundial) na Rússia. Derrota que começou com o golpe de estado bolchevique e a reestruturação capitalista na Rússia, com sequelas contrarrevolucionárias: fascismo na Itália, nazismo da Alemanha, esmagamento do proletariado espanhol, II guerra imperialista mundial etc.

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