Urgente! Ato contra a criminalização de manifestante indiciado

AVISO URGENTE!

CHAMADA PARA MANIFESTAÇÃO!

Companheiros CONVOCAMOS a todos da luta, para comparecer AMANHÃ de manhã à audiência preliminar de um dos companheiros presos no protesto do Terminal da Bíblia. Quarta feira, dia 26 de março, às 10:45, na Primeira Vara Criminal, no Setor Novo Mundo.

TEMOS DE SER SOLIDÁRIOS NA LUTA E SOLIDÁRIOS NA HORA DO JULGAMENTO!

“ nossa luta e o nosso “crime” segue sendo o mesmo: lutar por um transporte digno para mim e para todos que usam dele. Ao nos criminalizar, estão tentando criminalizar uma parte importante da luta social. É importante, portanto, mostrar que se trata de um processo político, de uma tentativa de impedir a luta que não devemos tolerar.”

AMANHÃ àS 10H EM FRENTE AO 1º JUIZADO LOCAL: 1º Juizado Especial Criminal Endereço: Av. Iguaçu, esquina c/ Rua Cruz Alta – Jardim Novo Mundo – Goiânia-GO – CEP. 74.715-160 – Fone:(62)3236-3900 Ponto de Referência: Fundo da Associação dos Moradores do Jardim Novo Mundo e Escola Municipal Agenor Cardoso de Oliveira.

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RELATO DE UM COMPANHEIRO PRESO NO TERMINAL

PRISÃO

Na manhã do dia 17 de fevereiro de 2014, ocorreu uma paralisação no Terminal da Bíblia. A população revoltada com os atrasos decidiu parar o transporte até que viesse algum representante da CMTC e da RMTC para responder de forma satisfatória os problemas cotidianos do terminal. Eu estava lá, até porque utilizo o 263 (PC Campus – T Biblia), uma linha que anda especialmente ruim. A manifestação estava organizada e foi enfrentando com tranquilidade as tentativas da polícia de impedir a manifestação: primeiro a polícia tentou isolar os manifestantes do lado de fora do terminal, depois tentou prender algumas pessoas que queimavam pneus ou liberar à força o trânsito. A manifestação não permitiu nada disso e manteve a proposta do diálogo com algum representante. A polícia chamou, afinal, o representante, que não trouxe nenhuma proposta além de uma reunião de enrolação com supostos “representantes”. O representante da RMTC foi repudiado pela população e decidimos manter a paralisação do terminal.

Nesse momento, a polícia partiu para a truculência e começou a tirar as pessoas à força. Um professor que estava mais animado começou a ser levado para “averiguação”, uma prisão ilegal, e os manifestantes foram socorrer o sujeito. Foi nesse momento que a polícia resolveu me prender. Me derrubaram no chão, me arrastaram pelo cabelo e depois foram me arrastando através do terminal. Caí no chão e fiquei deitado, respirando com dificuldade por conta do spray de pimenta que eu tinha levado na cara. Vi pessoas pedindo para a polícia me deixar em paz. A polícia chutou pra longe uma mão que me oferecia água e eu vi depois na televisão que me jogaram que nem um saco de batata no carro de polícia. Avisaram meus amigos que estariam supostamente me levando para o primeiro DP. Fiquei sabendo depois que outras três pessoas foram presas: o camarada que já estava sendo preso ilegalmente, um outro estudante e um menor de idade. A polícia ficou dando volta comigo, perguntando para o comando aonde poderiam me levar. Resolveram me levar de volta para frente do terminal, abriram o porta mala e me exibiram para uma representante do consórcio RMTC. Ela falou “pode levar”, o comandante assentiu, e os policiais me algemaram e levaram para o 9º DP, no Universitário, onde não tinha nenhum delegado presente.

NA DELEGACIA

Cheguei lá e vi um amigo com o lábio todo arrebentado, um outro, menor de idade, chorando de medo e dor. Os policiais militares estavam lá e nos levaram para um pequeno corredor da delegacia. Um soldado de nome Rogério achou um papel no meu bolso, com versos. Ele começou a rir: “ah, você gosta de musiquinha né? Eu vou te mostrar uma musiquinha”. Me deu um tapa forte na cara. Senti gosto de sangue na boca. Tentei levantar a cabeça e levei outro tapa forte. Ouvi os gritos do terceiro camarada preso, mais para dentro da delegacia. Ele estava com o ombro direito deslocado, a camisa toda manchada de sangue espirrado. Por sorte, logo mais alguns advogados voluntários e meus pais chegaram e a polícia abrandou por algum tempo.

Depois de mais de uma hora, chegou o delegado. Fizeram o meu Termo Circunstancial de Ocorrência por desobediência e resistência à prisão e registrei também a agressão feita contra mim. Na hora, os policiais ligaram para os seus colegas e começou a encher a delegacia de polícia: choque, coronel, sub-tenente, um oficial da ROTAM ostentando uma submetralhadora. Começaram a gritar com os outros presos, mais machucados, que eles tinham que tomar cuidado com o que iam falar, anotar dados pessoais, perguntar onde as pessoas falavam. Vi um camarada tentando denunciar, ouvindo gritos de intimidação e que acabou falando: “eu me joguei no chão e quebrei meu próprio ombro”, tamanho era o medo da situação. Não respeitaram advogado, professor da UFG, pai, delegado, nada. O importante era impedir qualquer outra denúncia. Infelizmente, conseguiram impedir as denúncias.

Audiência e mais mobilização

Marcaram a minha audiência preliminar para quarta feira, dia 26 de março, às 10:45, na Primeira Vara Criminal, no Setor Novo Mundo. Marcaram a dos outros no mesmo dia, mas remarcaram para o dia 15 de maio por algum motivo. A nossa luta e o nosso “crime” segue sendo o mesmo: lutar por um transporte digno para mim e para todos que usam dele. Ao nos criminalizar, estão tentando criminalizar uma parte importante da luta social. É importante, portanto, mostrar que se trata de um processo político, de uma tentativa de impedir a luta que não devemos tolerar.

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