Que a morte de Cláudia, assim como as de Amarildos e Ricardos, não seja um fato naturalizado, como se fosse uma gota a cair sobre outra gota num mar de violência e violações cotidianas perpetradas por uma polícia militarizadaPor Passa Palavra

Cláudia 2No dia 18 de abril, feriado religioso da Sexta-feira Santa, alguns coletivos marcharam da Igreja da Consolação até o Largo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na Avenida São João, centro da cidade de São Paulo, em ato político-cultural para lembrar e denunciar a morte, pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, da trabalhadora Cláudia Silva Ferreira, 38 anos.

No dia 16 de março, durante uma operação da Polícia Militar, Cláudia foi atingida por dois disparos no Morro da Congonha, bairro de Madureira, na periferia do Rio de Janeiro.

Mesmo perante os protestos da comunidade para que não o fizessem, os próprios policiais que balearam Cláudia colocaram-na no porta-malas da viatura policial. E a tranca do porta-malas se abriu, tendo sido Cláudia, presa pela roupa ao carro, arrastada por 350 metros até o hospital, aonde chegou morta porque o seu corpo foi dilacerado pelo asfalto. Segundo familiares de Cláudia, os policiais a confundiram com traficantes e por esta razão lhe deram os tiros.

Cláudia tinha quatro filhos biológicos e criava mais quatro sobrinhos. Na hora do ocorrido, relata seu marido, Claúdia estava com um pacote de café na mão e iria comprar pão. Todavia, na cena do crime, versão dada pela polícia, aparece que ela portava 4 armas…

Leia aqui o depoimento da sua filha.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais porque um cinegrafista conseguiu filmar o corpo de Cláudia sendo arrastado pelas ruas até o hospital.

Os policiais responsáveis pelo assassinato de Cláudia foram presos no dia 19 de março, mas foram soltos no dia 20.

O ato político-cultural A Paixão de Cláudia teve como objetivo publicizar esta barbárie pouco repercutida e denunciada na imprensa nacional. E, talvez por isso, também de baixa comoção social, pois afinal se trata apenas de mais uma morte brutal de uma mulher, negra e pobre da periferia do Brasil…

No entanto, Cláudia teve sua Paixão lembrada e rememorada pela escassa centena de pessoas presentes. Que sua morte, assim como as de Amarildos e Ricardos, não seja um fato naturalizado, como se fosse uma gota a cair sobre outra gota num mar de violência e violações cotidianas perpetradas por uma polícia militarizada.

Fotos: Passa Palavra.

Cláudia 1

Cláudia 3

Cláudia 4

Cláudia 5

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here