Como noticiamos, na semana passada a Ocupação Jardim da União foi abalada por uma ordem de desocupação, entregue por um oficial de justiça acompanhado de policiais militares. Dois dias antes, helicópteros da polícia haviam sobrevoado o terreno, dando rasantes e tirando fotos, e a partir daí muitas viaturas passaram a circular nas proximidades da Ocupação.

União 2Para quem passou por cinco despejos violentos no Jardim Itajaí, e que estavam acostumados em ver o assédio policial ser seguido pela reintegração de posse, essa situação foi um golpe duríssimo.

Além das reuniões no próprio dia da entrega da liminar, no dia seguinte fomos ao Ministério Público, à Secretaria de Segurança Pública e ao Fórum de Santo Amaro, para colher mais informações e tomar algumas medidas que talvez nos ajudassem a evitar essa tragédia.

Porém, nesses anos de movimento, e nesse último ano de ocupações, aprendemos que a única arma que temos é nossa organização e nossa luta. O final de semana foi repleto de reuniões e de atividades de preparação da luta, com produção de faixas, cartazes, casas de papelão, arrecadação de alimentos, e diversas outras ações. E em meio a tudo isso ainda conseguimos realizar dois mutirões de infraestrutura, organizar o barracão da educação e realizar o encontro de reorganização do movimento.

Ontem saímos às ruas inseguros em relação ao nosso destino; imaginando centenas de casas sendo destruídas; pensando nas novas ocupações que teríamos que fazer e nos imensos esforços que seriam necessários para consolidá-las e transformá-las num espaço tão dinâmico e cheio de vida como é atualmente a Ocupação Jardim da União. Mas saímos também cheios de coragem, e disposto a insistir na luta até o limite das nossas forças, com nossos colchões, cobertores, fogão, dominós, brinquedos (e até o nosso trator).

União 5O que fomos buscar, dando um passo de cada vez, foi conseguido: a suspensão da reintegração de posse. O tempo dessa suspensão não será de tranquilidade, mas sim tempo de fortalecimento e de empenho para que nunca mais passemos por uma situação como essa.

Esse pequeno, porém decisivo avanço, poderá se desdobrar em outros se tirarmos dele as devidas lições e a energia para melhorar nossa convivência e nossos espaços de reflexão, de planejamento, de decisão e de realização das tarefas. Além disso, pode servir de lição aos que desacreditaram, aos que fugiram à responsabilidade, aos que esperam soluções mágicas aos problemas. Vimos nos últimos tempos ocupações caindo sem luta; tomara que tudo o que temos feito ajude a evitar que isso se repita.

Por fim, aproveitamos para reafirmar que em nossa caminhada não precisamos de politiqueiros, de advogados “milagreiros”, de patrões, de líderes. Ao contrário, fazemos nossas a palavra do finado subcomandante Marcos, ou melhor, a palavra de milhares de indígenas zapatistas revolucionários: “Para lutar só se necessita um pouco de vergonha, um tanto de dignidade e muita organização. De resto, ou serve ao coletivo, ou não serve para nada”.

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