Estava há muitos meses fazendo consultas em documentos naquele arquivo. Certo dia outra pesquisadora perguntou-lhe com quais documentos estava trabalhando. Interpretou como um gesto de simpatia e, diante do raro aceno de alguém da área, respondeu. Atitude em vão, pois da sua resposta se seguiu o silêncio. Após este episódio começou a ver a figura com mais frequência, que também passou a sentar-se na mesa imediatamente atrás dele todas as vezes que se encontravam no arquivo. Aquela expectativa de aproximação converteu-se em preocupação. ”- Será que ela estuda a mesma coisa que eu? Será que está vendo quais documentos utilizo? Será que está copiando minhas anotações?” – perguntava-se. Certo dia flagrou a figura esticando o pescoço, numa daquelas patéticas tentativas de ver quais documentos pesquisava. Situação insustentável, e diante do absurdo só lhe restou utilizar o mesmo recurso e tentar descobrir qual era a pesquisa dela. Ao ver a documentação ficou aliviado: ela pesquisava infra-estruturas e ele estudava ideologias. Passa Palavra
bonita história de amor heterossexual.
PARA LENNON, MCCARTNEY & jOÃO BERNARDO
Jacaré que cochila vira bolsa.
Na academia, quem cochila [infra-estruturas ou ideologias (superestruturas?)] perde a bolsa.
Passapalavra superabunda faits divers.