Cursava o ensino médio e estava tendo o primeiro contato com os clássicos socialistas. O professor de História entrou na sala. Baixinho, ajeitou os óculos e, ao escutar a conversa sobre o socialismo em Cuba e na Coreia do Norte, disse: ”Na minha época, éramos radicais: eu arrancava a garrafa da Coca-cola das mãos dos outros militantes e jogava na parede. E plaft!, quebrava mesmo. A gente chamava de símbolo do capitalismo e de caldo negro do capitalismo…”, e continuou num tom de voz mais baixo: ”Hoje em dia eu bebo Coca-cola… todo mundo bebe… Aquele espírito radical se perdeu”. Lamentava, como se o espírito revolucionário se esvaziasse ao abrir a garrafinha do imperialismo. Passa Palavra

3 COMENTÁRIOS

  1. era a mesma esquerda que comprava a ideologia imperialista de guerra às drogas, alegando que os entorpecentes desmobilizavam a classe trabalhadora (claro, o álcool e o cigarro não, nem o café, os que eram permitidos pelo imperialismo).

    A mesma mentalidade que tentava combater o capitalismo em sua ficção ideológica, o consumismo, é a precursora da atual esquerda identitária, que tenta lutar usando os instrumentos que o próprio capitalismo nos deu para diagramar a sociedade.

  2. Olá amigxs,
    As coca-colas em flagrante delito me suscitaram alguns cacos de reflexão.
    Como tá em processo, em rascunho, segue um trecho do texto que continua sendo trabalhado no endereço do blog mais abaixo.
    MENSAGENS NA GARRAFA
    O espírito que se esvai ao abrir uma Coca-Cola não me parece ser só o de quem consome, mas é também aquele que anima todas vidas implicadas no processo de fabricação, extração, armazenamento, transporte, embalagem, distribuição do produto. Desde o suor dos trabalhadores na extração das matérias primas, passando pelos tipos de energias empregados na produção industrial (da usina hidrelétrica aos nervos das pessoas no chão da fábrica operando máquinas e botões) até os resíduos que produzem, seja na forma de plástico, câncer, poluentes…
    É o tempo de vida humana dos trabalhadores que consumimos nas mercadorias… mas também o consumo indireto de outras formas de vida do planeta, de seus recursos naturais… como a água.
    (…)

    http://etoiles.noblogs.org/post/2015/04/09/577/

  3. L’acqua nera del’imperialismo
    No início, essa verborragia era apenas uma catártica expressão da juventude italiana mais ou menos identificada com o P”C”I.

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