Acreditamos que todos os coletivos do MPL devem participar desse debate, e publicamente. Por Tarifa Zero Goiânia
O MPL, enquanto federação, está passando por uma grave crise. Crise esta que tem levado a vários desligamentos, em vários coletivos da federação, alguns dos quais seguidos de críticas públicas. E, na verdade, tais críticas não têm sido feitas apenas por militantes que se desligaram do movimento. O Tarifa Zero Goiânia entende que todos os coletivos do MPL devem participar desse debate, e publicamente. Acreditamos que todos eles devem estar presentes nesse momento crucial para a definição dos rumos do movimento. Por essa razão, optamos por trazer o debate novamente para este site, que tem sido uns dos principais palcos dessa polêmica.
As críticas públicas começaram em maio, com a publicação, neste site, da carta de desligamento de três militantes do Tarifa Zero Salvador (disponível aqui). As razões apontadas para o desligamento foram: estaria havendo um choque entre, de um lado, a proposta de conversão do coletivo num movimento social e num instrumento de luta da classe trabalhadora e, de outro, a imposição de restrições ao ingresso de pessoas que queriam participar do coletivo; o trashing – ou o assassinato de reputação, que consiste em converter disputas políticas em ataques pessoais – estaria sendo praticado contra os militantes que estariam defendendo uma maior abertura do coletivo, tanto a novos militantes quanto a concepções de luta divergentes; haveria um esforço para construir consensos, mesmo diante da prática do trashing, tornando as decisões lentas; estaria sendo imposto um ambiente em que os laços de amizade estariam se sobrepondo aos debates políticos, ideológicos e estratégicos; entre outras. O coletivo de Salvador respondeu publicamente à carta, neste mesmo site (como se pode conferir aqui), afirmando que: o coletivo estaria vivendo uma situação marcada por hostilidades mútuas, que partiam de divergências teóricas, metodológicas e organizacionais, das quais teriam resultado desconfianças sobre as práticas políticas de algumas pessoas; conflitos ligados a relações pessoais estariam se desdobrando em conflitos políticos; uma parcela do coletivo, que não teria se alinhado a nenhuma das tendências em disputa, teria ficado omissa em relação aos ataques mútuos; o coletivo estaria passando por um processo de bipolarização e por tentativas de enquadrar os militantes em geral num dos lados da disputa; o conceito de trashing, utilizado na carta de desligamento, seria de difícil discernimento, tornando-se necessário debater sobre como proceder diante da prática do trashing; a melhor maneira de superar tais problemas, em qualquer organização, seria através de debates internos, evitando expor questões de funcionamento interno; e as pessoas acusadas de realizar o trashing estariam sob avaliação, do que dependeria a sua permanência no coletivo.
Mais tarde, em junho, foi divulgada, no meio de comunicação oficial da federação, uma carta de desligamento de seis militantes do MPL-SP. A carta continha críticas semelhantes: haveria um impasse entre, de um lado, um esforço de organização em bairros, escolas e locais de trabalho, que tornaria o MPL-SP uma organização mais ampla e um instrumento de luta da classe trabalhadora, e, de outro, a manutenção do MPL-SP como um grupo fechado, baseado em vínculos de afinidade e identidade; haveria uma predominância de vínculos identitários e construídos ao redor de símbolos e laços pessoais; haveria uma relutância em abrir mão de ações simbólicas, voltadas para a disputa do debate público e dos planejamentos do Estado; o coletivo estaria mais preocupado em manter o seu nome e a sua identidade; o coletivo estaria frequentemente imerso em desgastes e acusações internas; o coletivo estaria adotando uma postura sectária; dentro do coletivo, estariam sendo impostos obstáculos à ampliação das pautas; também haveria uma ausência de discussões qualificadas sobre conjuntura e uma dificuldade de construção de espaços de reflexão coletiva, além de um desestímulo à reflexão autônoma; disputas de poder estariam ocorrendo, mas não estariam se desenrolando abertamente, devido à busca incessante pelo consenso; a formação de frações e tendências internas seria vista como uma ameaça ao coletivo; divergências estariam sendo convertidas em falta de confiança política; e estaria havendo uma confusão entre disputa de projetos e questões de gênero. A carta finaliza com uma crítica à publicação, neste site, do direito de resposta de um ex-militante do MPL-RJ acusado de agressões de gênero (disponível aqui), considerando que tal publicação não contribuiu com o debate sobre as questões de gênero.
Em seguida, no mesmo mês, veio a público um artigo de um militante do Tarifa Zero Goiânia, que trazia outras críticas (disponível aqui): o MPL estaria demonstrando uma reduzida capacidade de geração e de difusão de relações autônomas nos campos político e econômico; o movimento estaria demonstrando pouca eficácia no enfrentamento à repressão estatal; haveria uma ausência de vínculo orgânico entre o movimento e os trabalhadores do setor dos transportes e de outros setores econômicos; os coletivos do MPL estariam experimentando uma autonomia restrita, isolada e inovensiva; o MPL estaria se reduzindo a um processo de pensamento, a uma ideologia. O autor buscou as razões para a crise atual do MPL, de um lado, na composição social do movimento, que seria composto majoritariamente por estudantes afastados ou precariamente inseridos no mundo do trabalho, o que dificultaria o estabelecimento de um vínculo orgânico do movimento com trabalhadores plenamente inseridos no campo da produção, e, de outro, na política de identidade defendida por uma parcela do movimento, que estaria levando à burocratização do MPL, afirmando novos privilegiados no contexto da luta contra os privilégios e levando à instrumentalização de denúncias de agressão para a supressão e o isolamento de divergências e oposições políticas. A política de identidade estaria levando, também, à desagregação da solidariedade de classe, substitindo-a por solidariedades baseadas em identidades de gênero e raciais. As soluções apontadas pelo autor seriam, principalmente, a busca de uma unidade de ação com os trabalhadores do setor dos transportes e a realização de um trabalho de base em escolas e locais de moradia, além do combate à burocratização e à desagregação da solidariedade de classe dentro do MPL. Além do mais, segundo o autor, depois de junho de 2013, o movimento teria se preocupado mais em resguardar os seus princípios iniciais, libertários, do que em massificar a luta, apresentando reservas quanto ao ingresso de novos coletivos e não colocando em prática uma colaboração efetiva entre os vários coletivos já federados. E o movimento estaria nutrindo desconfianças políticas em relação a pessoas interessadas em militar e em relação a antigos militantes. Estas últimas por causa de divergências políticas, sobretudo as relativas às questões de gênero. Como resultado, o MPL estaria se limitando a encenar ou ritualizar a autonomia proletária.
Mais tarde, em julho, mais dois militantes do MPL-SP se desligam do coletivo e publicam uma carta repleta de críticas (disponível aqui): o texto afirma que os conflitos de ideias não teriam atuado em favor do movimento; que a divisão do coletivo em comissões regionais, que teriam autonomia deliberativa e serviriam como espaço de formação política, teria esbarrado numa desconfiança política em relação às pessoas que se aproximavam do movimento; que estaria sendo minada a diversidade do coletivo, impedindo-o de superar a perspectiva das revoltas populares; que o coletivo estaria passando pela afirmação de grupos de afinidade, sobretudo relacionados às questões de gênero; que pessoas consideradas confiáveis estariam estabelecendo práticas punitivistas que estariam levando à exclusão de militantes; que estaria havendo uma confusão entre o pessoal e o político, o que estaria se manifestando na prática do trashing; que, por essas razões, estaria se difundindo um pavor relativo à possibilidade de exclusão; que o coletivo de mulheres do MPL-SP estaria arrogando-se um papel decisivo na organização do movimento, a partir de uma concepção inquestionável de feminismo; que divergências em relação a essa concepção de feminismo estariam sendo taxadas de machismo. Além disso, o texto faz uma grave denúncia: a de que os autores da carta, junto com outro companheiro, foram submetidos a um processo “inquisitorial” e “instados a ‘abjurar’ suas posições” referentes às questões de gênero, logo após a publicação, neste site, do já referido direito de resposta. Segundo a carta, os dois autores, esse companheiro e o site foram desqualificados, e o site foi acusado de “entrismo”. E, por fim, denuncia-se que a co-autora da carta foi vítima de trashing em espaços do coletivo.
Em seguida, ainda em julho, o MPL-SP divulgou uma nota pública (disponível aqui) em que se afirma que: a discussão de gênero seria um processo dinâmico, sendo a autocrítica e a revisão de posições elementos fundamentais para o avanço desse processo; haveria um consenso mínimo, no interior do MPL-SP, a respeito do que seria um movimento horizontal que se posiciona contra todas as formas de opressão, inclusive o machismo: as organizações de esquerda não estariam automaticamente imunes às opressões, e a descontrução de preconceitos e imposições sociais seria um processo cotidiano, que passaria pela politização das relações pessoais e das posturas dos militantes; em caso de agressão, quem deveria ter voz e apoio é a pessoa agredida, e dar voz a quem cometeu a agressão seria fazer coro com as pessoas que se omitem diante das agressões; o MPL-SP estaria respeitando e colocando em prática os espaços auto-organizados, entendendo-os como formas essenciais de empoderamento das mulheres e de construção da horizontalidade nos espaços mistos; a existência desses espaços não deveria passar pela solicitação, autorização ou aprovação de quem não vive o lado mais fragilizado da opressão de gênero; a auto-organização não seria uma cisão, não retiraria a discussão de gênero dos espaços mistos, e a fortaleceria; o MPL-SP não acreditaria no punitivismo estatal, como lógica para a desconstrução das opressões.
Por fim, recentemente, no início de agosto, veio a público a carta de desligamento de outro militante do MPL-SP (disponível aqui), que afirma que: depois de junho de 2013, o MPL não teria conseguido caminhar para a reorganização nacional e local, necessária para a superação dos seus limites anteriores, fechando-se em si mesmo; os seus princípios, que surgiram na luta contra a “velha esquerda”, teriam se tornando a sua própria doutrina, e o movimento teria começado a considerar a sua perspectiva de atuação como a única correta, considerando-se superior a outros agrupamentos de esquerda e privilegiando articulações com grupos guiados pelos mesmos princípios; haveria uma ojeriza à especialização, em nome da horizontalidade e da rotatividade de funções; a discussão democrática teria se convertido em rediscussões eternas de decisões, feitas a partir da vontade individual de cada militante; o movimento estaria tentando equacionar tensões e contradições pela via do consenso, o que estaria fazendo com que decisões fossem barradas por minorias e com que alguns militantes fossem constrangidos a não inviabilizá-lo, o que estaria, por sua vez, relacionado a reuniões longas e exaustivas; a discussão pública teria sido convertida em tabu: todas as discussões teriam de ser feitas internamente, para respeitar a construção coletiva, o que estaria aproximando o MPL das organizações que ele criticava; estaria prevalecendo – senão formalmente, na prática – a lógica dos grupos de afinidade, em detrimento da formação de um movimento amplo e horizontal; a criação de grupos exclusivos de mulheres, em diversas unidades da federação, estaria resultando na cristalização de espaços de poder dentro do movimento, que estariam restringindo informações e realizando formulações políticas paralelas, e desqualificando posições; depois de junho de 2013, teria se estabelecido uma disputa entre, de um lado, quem defendia manter o trabalho nas escolas e os atos centrais que o MPL-SP estava acostumado a fazer e, de outro, quem defendia uma organização nos bairros, o que teria resultado na criação de estruturas híbridas, que estariam impedindo ambos os projetos de serem levados adiante.
O Tarifa Zero Goiânia considera que tais críticas devem ser encaradas como críticas pertinentes e devem ser, portanto, debatidas seriamente e publicamente, e não internamente. Também consideramos que algumas denúncias feitas pelos críticos são muito graves, demandando um posicionamento oficial dos coletivos da federação, tais como a denúncia da sujeição de três militantes de São Paulo a um processo em que eles foram constrangidos a abjurar suas posições. Ainda que, recentemente, o MPL-DF tenha convocado um debate interno, a nível nacional, sobre tais críticas e dissensos, consideramos necessário realizar esse debate da forma mais aberta e transparente possível. E a abertura e a transparência se fazem mais necessárias porque o MPL, como atestado na sua Carta de Princípios (que pode ser conferida aqui), deve ser não um fim em si mesmo mas um meio para a construção de uma nova sociedade, um instrumento à disposição da classe trabalhadora para a transformação da sociedade. Acreditamos, portanto, que o debate público é mais compatível com uma noção do MPL enquanto instrumento à disposição da classe trabalhadora para a luta contra o capital.
Em Goiânia, passamos por um processo em que não conseguimos ampliar o coletivo e estamos nos fechando em nós mesmos. Vivemos um período de refluxo geral da luta e, por não conseguirmos nos inserir em bairros, estamos nos limitando ao trabalho de base em escolas. É um problema que não conseguimos resolver. Além dos limites de um coletivo pequeno, um dos elementos desse refluxo também pode ser encontrado na repressão organizada contra as lutas sociais na cidade. Somos a favor da descentralização da luta, ou seja, que ela não seja restrita ao coletivo de forma centralizada, visando a auto-organização dos trabalhadores em seus locais de moradia, estudo ou trabalho e com demandas que não apenas o transporte. Assim, temos um consenso em relação à necessidade de se fazer um trabalho de base de longo prazo, organizado em bairros e que possibilite a entrada de mais pessoas no MPL, mas que priorize a luta autônoma dos trabalhadores acima de qualquer pertencimento a siglas.
Quanto às afinidades, vemos que são prejudiciais quando atrapalham o ingresso e a participação de pessoas que não fazem parte dos grupos de afinidade, e quando problemas pessoais deslocam-se para o âmbito político e atrapalham a dinâmica e o andamento do coletivo. As afinidades são inevitáveis e às vezes servem para agregar e criar laços de solidariedade. A acusação da existência de um grupo de amigos que teria impedido a dinâmica do coletivo e o ingresso de novos membros, no nosso coletivo, a nosso ver, é equivocada. Avaliamos, porém, que já pode ter havido um problema de trashing no nosso coletivo, praticado mutuamente, devido principalmente a desavenças pessoais. Foi um erro grave e entendemos que qualquer coletivo pode estar sujeito a esse problema, sendo que é necessário impedir que isso aconteça novamente. Se é inevitável fazer amizades ou ter afinidades em um coletivo, é totalmente necessário que as mesmas não sejam obstáculos à participação, livre opinião e transparência de informações.
Em relação aos espaços exclusivos, não há um consenso interno. Há, porém, um posicionamento em relação ao que foi acusado nas cartas de desligamento, como as coações e a prática do trashing. Funcionamos por espaço misto e nunca tivemos rupturas ou maiores problemas por conta de questões de gênero e espaços exclusivos. No caso da publicação do direito de resposta do ex-militante do MPL-RJ, também não há consenso, mas declaramos que não temos qualquer desconfiança política em relação aos militantes ou ex-militantes do MPL que participam do Passa Palavra. E entendemos, como questão óbvia, que não cabe ao MPL pautar o que o Passa Palavra vai publicar. Portanto, defendemos que deve haver uma pluralidade de opiniões também em relação às questões de gênero. Colocando-nos contra toda forma de opressão, também somos contra coações a militantes que discordam de certas práticas ou leituras das questões de gênero, repudiando a censura e outras posturas autoritárias.
No âmbito nacional, vemos que desde 2013 não conseguimos nos estruturar como federação, o que é um grande desafio. Tivemos ao menos uma grande oportunidade perdida, na construção de um movimento social que não seja apenas uma federação de coletivos quase isolados. Se não houver uma tentativa da federação para se reestruturar enquanto tal, não nos faz sentido permanecer na mesma. E ainda pensamos – constrangidos por ter que escrever o óbvio – que nessa tentativa de se reestruturar a federação deve-se pautar a questão do transporte pela perspectiva da tarifa zero.
Defendemos a perspectiva da Carta de Princípios do MPL como uma frente ampla e plural, portanto não devemos recear a participação de pessoas que vem de agrupamentos de esquerda que têm perspectivas diferentes. Mantemo-nos firmes na organização horizontal e na defesa contra aparelhamentos e burocratizações da luta social, mas entendemos e insistimos que o apartidarismo defendido nos princípios não é um antipartidarismo em que indivíduos de outras organizações de esquerda são rechaçados. O debate de ideias e a defesa contra a burocratização, aparelhamento e outras formas de oportunismo ou cooptação da luta são fatores a serem priorizados. Indivíduos de organizações partidárias podem participar do coletivo como indivíduos e não como organização partidária, sendo que o movimento não deve servir como projeção de certas candidaturas ou cultos de personalidade nem apoiar nenhuma candidatura a cargos em empresas ou no Estado. Prezamos a prática da luta horizontal, apartidária, autônoma e anticapitalista pautada em um transporte público de tarifa zero.
Somos formados por estudantes e trabalhadores, mas acreditamos que o MPL tem que se esforçar para ampliar ao máximo possível a sua base social, incluindo várias categorias de trabalhadores, mantendo sempre a perspectiva de descentralização da luta e da luta autônoma, afastando qualquer possibilidade de arrogância política e mistificação da sigla. Também acreditamos que o MPL deve fazer com que, no transporte coletivo, as lutas de usuários e trabalhadores sejam integradas, assumindo o antagonismo social aos empresários e gestores públicos em uma luta anticapitalista.
Temos o princípio da rotatividade e prezamos pela socialização dos conhecimentos. Significa que reconhecemos que as pessoas têm maiores ou menores habilidades em algumas tarefas ou atividades, mas procuramos não depender das pessoas que têm conhecimentos específicos, promovendo a aprendizagem a quem se interessar. Por exemplo, quem entende melhor de diagramação gráfica se dispõe a ensinar outras pessoas, e também a aprender alguma outra atividade na qual não tem tanta habilidade, assim como há pessoas que falam melhor em público e outras que são mais tímidas, as quais são estimuladas a participar (dentro dos seus limites) de eventos públicos. Acreditamos que o princípio da transparência de informações é de imensa importância.
Ainda acreditamos que é necessário um esforço para se atingir o consenso, para que a ideia e a prática da coletividade sejam reforçadas e ampliadas e para que o debate não seja obstruído. Questões de princípio devem ser consensuais, mas questões menores podem ser submetidas à votação. E acreditamos que a existência de tendências não prejudica a luta pela tarifa zero. A existência de tendências não deve ser impedida, mas valorizada como fonte de debates. Mas acreditamos que a tentativa de militantes individuais de voltar recorrentemente às mesmas questões já discutidas ou deliberadas prejudica o andamento da luta. Somos um grupo ainda pequeno e, por isso, não temos dificuldade em chegar a consensos.
Assumindo uma contribuição no debate nesse momento tão específico e delicado do MPL, vemos que há vários desafios que por enquanto vale a pena serem enfrentados. Ainda insistimos em não deixar o movimento sucumbir a certas práticas e seguiremos defendendo a luta autônoma e anticapitalista. O Tarifa Zero Goiânia, ainda que de acordo com várias críticas, não assina o atestado de óbito do movimento, vendo que ainda é possível e necessário se reestruturar a federação. O MPL está em coma, mas ainda não morreu.
Cara….o que mais me incomoda na posição das pessoas que tem colocado esse debate é que, na boa: todo mundo nesse movimento fez e continua fazendo trabalho de base.
É ridículo, senão perverso, colocar um antagonismo como se um dos lados fosse contra ter trabalhos em escolas e bairros e os outros são os paladinos da quebrada.
Todos que estão no MPL concordam e estão na periferia por uma questão de princípio: a divergência está nas formas como fazemos e evoluímos com esse corre nas quebradas. E quem saiu, pelo menos aqui de sp, tinha uma visão completamente paternalista e idiotizante de trabalho de base, que não encara quem é da quebrada como sujeito político…
É engraçado colocar essa galera como defensora do trampo em quebrada, quando na real são os que mais se articulam nas costas da galera da quebrada, e tratam geral com inferioridade (coisa que já presenciei algumas vezes…e me irritou profundamente, não a toa meu rancor de classe segue aqui vivão)
No meu ponto de vista, tão criando um antagonismo que não existe, e de forma completamente tendenciosa, na qual “quem saiu tem a verdadeira fórmula do trabalho de base revolucionário, e quem ficou é muito burro e não sabe o que fazer…”. Um leninismo meio raso, mas que eu respeitaria se fosse colocado abertamente.
E por fim, se for pros militantes e coletivos começarem um debate público, bora lá! Nois!
Mas eu não vou legitimar um posicionamento que é tendencioso pá caralho e parte desde de passar pano pra homem que bate em mulher e daí pra baixo, até manter a dissimulação como forma de militancia.
E se for pra discutir publicamente enquanto MPL, todos os coletivos tem site não? To passando aqui de saidera, que esse site aqui tá pior que a direita evangélica: pregando morte as feministas e a todos os gays e movimentos negros que querem destruir a luta de classes…oloco.
(aliás, vamos ver se vcs publicam o comentário, que outra utopia de discutir movimento social aqui é esquecer que o grupo de amigos que gere o site além de tudo censura, né)
O comentário acima, assinado por Mayara V, expressa de forma clara o que temos denunciado como feminismo excludente. Ao não aceitar as críticas a essa vertente específica do feminismo, suas defensoras passam a caluniar e desqualificar os críticos, baseadas em informações infundadas. Em nenhum espaço desse site houve qualquer defesa de “morte as [sic] feministas e a todos os gays e movimentos negros que querem destruir a luta de classes”. Tal posicionamento apenas demonstra o caráter sectário e reacionário dessa vertente, e por aí se vê o ambiente de debates instaurado em certos movimentos aos que ousam apresentar uma opinião divergente.
Coletivo Passa Palavra.
Mayara, meu bem … eu que sou homossexual , vim da periferia, já passei por tantas agressões, lutas, dificuldades e blá blá blá tenho um certo nojinho em ver você usando, ainda indiretamente, minha história de resistência (e de meus amigos) para fazer demagogia.
Se pudesse pedir algo, pediria para que você excluísse a homossexualidade de sua listinha de “causas para lutar”. Certamente, nós não precisamos desse tipo de militância. Fia, o babado é fortíssimo e o preconceito deixa marcas pesadíssimas, quando não mata . Talvez por isso , por se apropriar de algo que não é seu, você se sinta tão tranquila para usar como moeda de troca uma questão tão séria. Fica a dica já consagrada na nossa “comunidadchi” ” : Bicha, melhore !
Engraçado que em nenhum momento, desde minha saida até agora, eu vi alguem do MPL-SP discutindo politicamente a questão, falando das divergencias que existiam, sobre os caminhos estrategicos ou do projeto pro movimento de hoje em diante, sobre como ele não esta morto como uma possibilidade de criar novas relações sociais mas agora tem firmeza no caminho que segue
A quase totalidade do que teve por aqui em são paulo, foi só piadinha e comentarios ironicos sobre tudo(reflexo do grupo de afinidade?), o maximo que apareceu como resposta politica foi algo como “estamos nos reinventado” mas não dizendo que reinvenção é essa. Para a mesma coisa que era em 2013, muito mais um coletivo autonomo do que um movimento social, mas agora com um pouquinho mais de gente e mais legitimidade do que antes?
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“E quem saiu, pelo menos aqui de sp, tinha uma visão completamente paternalista e idiotizante de trabalho de base, que não encara quem é da quebrada como sujeito político…”
“É engraçado colocar essa galera como defensora do trampo em quebrada, quando na real são os que mais se articulam nas costas da galera da quebrada, e tratam geral com inferioridade”
Engraçado é que o comentario diz que a divergencia era sobre como fazer e evoluir o trabalho de base mas não fala explicita qual era essa divergencia e quando ataca quem saiu, ataca do jeito que o trashing gosta e segue do mesmo jeito ao falar sobre o passapalavra.
Pra que se discutir as posições politicas quando pode se falar mal de quem as mantem?
Um inseto se aproximou de um Leão e disse sussurrando em seu ouvido: “Não tenho nenhum medo do Senhor, nem acho que o Senhor seja mais forte que eu. Se o Senhor duvida disso, eu o desafio para uma luta, e assim, veremos quem será o vencedor.”
E voando rapidamente sobre o Leão, deu-lhe uma ferroada no nariz. Assim, o Leão, tentando pegá-lo com as garras, apenas atingia a si mesmo, ficando assim bastante ferido, e por fim, deu-se por vencido.
Desse modo o Inseto venceu o Leão, e entoando o mais alto que podia uma canção que simbolizava sua vitória sobre o Rei dos animais, foi embora cheio de orgulho, com ares de superioridade, relatar seu grande feito para o mundo.
Mas, na ânsia de voar para longe e rapidamente espalhar a notícia, acabou preso numa teia de aranha. (O leão e o inseto)
Cara… o que mais me incomoda mesmo é não ver um pingo de autocrítica de boa parte dos que permaneceram no MPL-SP. Dizer que o setor que saiu do movimento tinha uma concepção paternalista e idiotizante, que não considera a a quebrada como sujeito político! E de onde vem a crítica? Justamente do setor que impedia que a quebrada entrasse pro movimento por “falta de confiança política”!
Se o MPL quer se reinventar, e eu torço por isso, que comece a olhar pros seus erros com sinceridade e pare de levar essa questão como se fosse um Fla x Flu.
Tenho acompanhado de longe o debate rememorado neste texto, já que não tenho e nunca tive ligação alguma com nenhum coletivo do MPL. Apoio a luta auto-organizada pela tarifa zero, e sou leitora assídua do Passa Palavra há alguns bons anos. Dessa minha perspectiva, minimamente distanciada, eu gostaria de pontuar algumas coisas sobre os comentários que surgiram aqui nesse texto:
Entre os textos citados e linkados acima, o primeiro que realmente nomeia, aponta, apresenta e de fato começa (apenas começa) a discutir as divergências e caminhos estratégicos do movimento é justamente esse aqui, assinado pelo Tarifa Zero Goiânia.
Quando se menciona a existência de duas diferentes tendências de atuação e trabalho de base e os conflitos e discordâncias que dela surgiram – como se fez em textos anteriores – não se está automaticamente fazendo uma discussão pública e política da questão. Tampouco fazer uma crítica genérica da existência de espaços exclusivos e identitários – como a que aparece no texto do Lucas Legume – é olhar para os seus erros com sinceridade e parar com FlaxFlu. O texto do Legume é muito bom, mas não se preocupa em “discutir politicamente” a existência destes espaços, por exemplo.
Esse texto do Tarifa Zero Goiânia, bem como a carta de desligamento do Legume e o texto sobre a ritualização da autonomia no MPL apontaram discussões e críticas urgentes que a esquerda autônoma, junto com o MPL, precisa encarar e atravessar. Mas apontar uma série de críticas não é sinônimo de “discutir politicamente a questão, falando das divergencias que existiam, sobre os caminhos estrategicos”.
Ao meu ver, todos os textos até agora sofrem do mesmo problema que os comentários aqui acima acusam a Mayara V.; ainda não aprofundam estas questões e críticas, e os comentários aqui caem na mesma virulência de que ela é acusada.
Acompanhando esse debate sobre o MPL e mais especificamente os comentários feitos neste texto até agora, eu – que já aprendi pra caramba com as reflexões, discussões e discordâncias que aparecem no Passa Palavra – fico me perguntando sobre o caráter do ambiente de debate instaurado por aqui nos últimos tempos.
A posição do Legume foi fantástica. Só discordei do fato de ele generalizar os problemas de São Paulo.
Eu imaginava que a coisa estava feia, mas fiquei assustado ao ver uma liderança do MPL-SP ter dito que o Legume não deveria fazer crítica pública, reclamou dos debates no PassaPalavra e ressaltou que todo o debate deveria ser apenas interno. Uma coisa digna de Stálin.
A moça quer tocar na política pública, nos destinos do dinheiro público, tocar na vida de milhões de pessoas mas entende que isso deve ficar restrito e silenciado sob as mãos de um grupinho de amigos. É mais autoritário que política partidária.
Sou produto de junho/13.
De acumulo tenho pouco, comecei a participar ativamente de movimentos sociais só em 2014. Veja só, estamos em 2015 e a única coisa que me bate agora é desânimo.
Lamentei muito ouvir as pessoas, logo após junho: “O MPL nos abandonou!” Sabia que a proposta do movimento não era a mesma que daquelas pessoas, aliás, nem a visão política se afinava com muitas delas.
Hoje, em pleno 2015, uma vez fora desses mesmos movimentos, vejo no MPL o que aquelas pessoas, em 2013 já o viram. Não desacredito na militância, no movimento autônomo. A nossa saída está escancarada, pesquisas como a do Pablo Ortellado, que saiu recentemente, mostram que a polarização é falsa. Uma saída, à esquerda, voltado para quem está fora dessa sociedade, está na nossa frente.
Não há ingenuidade em ignorar que existe um problema estrutural, bastante grave, num dos principais movimentos autônomos do país. Mas talvez esse seja o momento.
“Toda revolução é impossível até que se torne inevitável.”
Não sou muito de fechar com revoluções, – quem irá lucrar com as armas? – mas será que na hora do aperto, onde tudo parece perdido, dar a cara a tapa, começar a correr contra o tempo e voltar a se colocar no campo de disputa política, na hora mais desesperadora, não é lá a grande revolução a ser feita, nesse momento?
Bia, eu te indico a leitura deste texto: http://passapalavra.info/2012/05/58400, que critica a noção de que “as críticas não contêm, por si mesmas, quaisquer propostas”, afirmando, ainda, que “refletir sobre a prática e o cotidiano dos movimentos por fora das instâncias diretivas faz perder o controle da crítica e, em certa medida, estimula visões diferentes do rumo tomado” e que “é precisamente por este motivo que a atividade crítica contém em si uma proposta — a de romper com o monopólio da reflexão estratégica”. Outro trecho importante do texto, que eu acho que tem tudo a ver com o que está sendo debatido, é aquele que afirma que “se um militante for rechaçado por fazer a crítica da sua organização, isto significa que a organização abandonou seu caráter revolucionário”. Ora, o que vemos, hoje, são pessoas fazendo críticas e sendo acusadas de não fazerem propostas, ao mesmo tempo em que, dentro do MPL, consolidam-se instâncias diretivas que pretendem (1) estabelecer um controle da crítica, confinando-a ao debate interno; (2) estabelecer uma perspectiva específica de enfrentamento às opressões (de gênero, de raça etc.) como a única válida; (3) estabelecer limites ou obstar a participação deste ou daquele indivíduo, recorrendo ao argumento da falta de confiança política; (4) recorrer, demagogicamente, à bandeira da luta contra todas as opressões para desqualificar a perspectiva estratégica deste ou daquele indivíduo.
Por outro lado, no que se refere aos espaços exclusivos, o que vemos não é apenas uma crítica genérica. Eu mesmo tentei dialogar em muitos momentos, dizendo que os espaços exclusivos, em determinadas situações, seriam necessários, mas que, em outras, sobretudo em organizações que se propõem a praticar a horizontalidade, impediriam que homens e mulheres debatessem e combatessem, juntos, as opressões de gênero. A minha última tentativa de diálogo foi num comentário postado, neste site, no dia 31 de julho deste ano, às 17h08 (aqui: http://passapalavra.info/2015/07/105552). Em certos casos, a discussão até avançou, mas, geralmente, o que se dá é uma indisposição ao debate ou uma reafirmação dogmática da necessidade dos espaços exclusivos em qualquer contexto, e uma reafirmação que desconsidera e desqualifica, por completo, qualquer argumento divergente (foi o que aconteceu no caso do comentário citado acima). O que você ouve ou lê, em resposta aos seus argumentos, geralmente é que “esses espaços são necessários e não cabe a você, um homem, dizer às mulheres o que elas têm que fazer” ou que “você está partindo do seu espaço de privilégio e não entende a necessidade dos espaços exclusivos”. Contudo, se se tratasse apenas de uma impossibilidade de conciliar ideias, sem qualquer resultado político mais grave, não haveria problema algum. Porém, trata-se não apenas de uma impossibilidade de conciliar ideias mas de pessoas cujas opiniões têm sido desconsideradas, de pessoas que têm sido “atropeladas”, de pessoas que têm sido isoladas, de pessoas que têm sido moralmente linchadas, de pessoas que têm sido forçadas a deixar o movimento, enquanto outras pessoas agem sem consultar os demais e condenam qualquer crítica e proposta divergente. Creio que a virulência dos debates resulta justamente desse tipo de postura, sendo algo inevitável.
Viu gente, só pra esclarecer uns pontos básicos:
Primeiro que, em muitos espaços, inclusive públicos, alguns compas tem especificado melhor estas divergencias. A gente debate dentro e fora do movimento isso, inclusive sempre debatemos (me espanta, por exemplo, que o projeto de quem saiu nunca foi colocado como projeto de fato, apenas no momento da saída…)
Questões como o que significa um trabalho de base idiotizando e etc, as críticas que apontei acima…um exemplo é querer decidir as coisas antes de uma atividade e fingir que não discutiu, que eh tudo espontaneo…autoritário, né? E teria uma série de exemplos. De como tratar as pessoas envolvidas nos trabalhos de base como incapazes de entender nada que não seja superficial…de achar que as pessoas envolvidas no trabalho de base não tem capacidade de discordar, etc.
Vi necessidade de exemplificar pra tornar mais palpável, mas não acho que esse é o espaço que eu considero passagem obrigatória de posicionamento militante, imprensa oficial da esquerda autonoma. Acredite: existem outros espaços políticos, e-ou públicos de discussão sem ser esse site, e a gente tem debatido, como sempre, bastante.
Eu sinto como se a gente tivesse voltado pra esquerda tosca, que ficam ali os mentores intelectuais cagando regra, dando linha, e que o resto fica a reboque. Não é esse o tipo de debate que eu aprendi com o movimento autonomo, isso não é horizontalidade: quem passa mais madrugada escrevendo texto e se articulando por fora, pauta mais o movimento e ponto. Eu tinha entendido que todo mundo discutindo junto a gente crescia mais coletivamente, e construía, ao invés de disputar espaço.
E acho engraçado Arabel, que eu não me lembro de ter vetado ngm por falta de confiança política, acho que vc confunde muito o fato de eu ser simpática com ter confiança política ou não, sei lá. Vc especificamente dá um gás em várias lutas, mas preciso te dizer que a forma como vc coloca seus posicionamentos é muito arrogante (e não é só dentro do mpl que as pessoas acham isso): vc não debate, vc ‘explica’ pras pessoas como elas não são capazes de ler corretamente a conjuntura, talvez vc mesmo não tenha percebido isso, como eu tbm tenho dificuldade de perceber outros tantos defeitos.
Ao compa gay que se sentiu incomodado: sinto muito se te ofendi em algum momento, sei muito bem que é treta, já tomei apavoro de skin na rua pq tava andando de mão dada com uma mina. Mas não tinha considerado que a minha expressão retórica lançou alguma postura política no seu nome, peço desculpas se vc se sentiu ofendido em algum momento.
De qq forma, seu comentário me lembrou muito os comentários de uma companheira que era contra qualquer tipo de denúncia, mesmo em casos de espancamento: ela dizia que ela era mulher e achava aquilo, então pronto, acabou o debate.
Sim, nós argumentamos, ao contrário do que o povo fala por aí, e temos muitas notas sobre isso, que por acaso não estão publicadas aqui… e inclusive discutimos em espaços mistos de forma não biologizante, e o que incomodou esse povo todo aí foi o simples fato da gente não aturar mais coisas absurdas, estabelecer limites: a gente já teve militante ameaçada de morte, assediada e o caralho, e alguns compas seguiam insistindo que isso era pessoal, que a gente deveria deixar quieto: aí não rola debater, não existe debater o seu direito de denunciar um abuso, cara.
Mas é isso que os compas que fazem parte desse site (alguns deles) tem feito: colocado qualquer forma de reação a agressões e escrotices como trashing…trashing, pra mim, é ficar num movimento e conviver com alguém que bate em mulher, que abusa sexualmente, e não poder sequer debater isso.
Trashing é o companheiro falar que é uma vergonha um companheiro homem chegar de cabeça baixa na reunião, mas não ter reparado nos últimos 10 anos as companheiras que saíram do movimento por serem caladas e agredidas.
Melhore amigo, bora debater, porque a postura que os compas tem adotado é de achar que a discussão de genero e raça é algo pós-moderno que só ‘desvirtua’ a luta de classes (incluindo a sua, e a minha, e a nossa). Só que eles não deixam isso tão claro …parece até que eles tbm são contra o machismo, mas vai ver a postura dessa galera quando rola uma agressão de fato…
Desculpa me alongar, fiquei na dúvida se voltava para rever o comentário e o debate, pois como nossos endereços eletrônicos são públicos (tanto do mpl, quanto o meu, e estou colocando um posicionamento individual), acredito que a melhor forma de debater como movimento é através de nossos posicionamentos públicos e dos nossos debates nas quebradas e com os parceiros (outro dado: esse site não é o portal do mpl).
No mais, a gente se tromba na rua, gente.
Acho que auto-crítica é bom, pra todos os lados, e seguir na luta também.
E é isso que a gente tá fazendo.
É muito frágil a forma como esta se dando a pretensa polarização entre ‘trabalho de base’ e ‘agitação e propaganda’ no caso do MPL-SP, acho que esta é uma dicotomia que nunca se colocou verdadeiramente de forma clara dentro do movimento e que só foi assim expressa no momento de ruptura de alguns militantes – de forma que a meu ver só se colocou explicitamente quando já não podia mais ser válida.
Notem que muitas das meninas que seriam do setor ‘femi excludentes contra o trampo de base’ estão nos atos e atividades na M’boi nas últimas semanas que são em muito semelhantes ao ‘trabalho de base’ defendido pelo setor dos que saíram do movimento, por ser algo de semelhante ao que se faz no extremo sul (aliás é importante lembrar que o extremo sul também conta e contava com militantes desse mesmo grupo feminino).
Pessoalmente estou refletindo bastante sobre o movimento e buscando melhor me informar depois desse racha, pois me parece que afirmações como que o “MPL deixou de possuir potencial de produzir relações sociais de tipo novo” ou “que virou um grupo de afinidades dominados por feministas excludentes reacionárias” algo muito passional, injusto e sem grande base na realidade histórica do próprio movimento.
A coisa toda me parece triste, o grupo dissidente por vezes me parece que sobretudo se ressentiu da forma como as garotas manobraram a questão de gênero numa conjuntura que lhes foi desfavorável (o que dentro da desorientação geral do movimento, da qual eles também não estão isentos de culpa, se torna uma ocasião perfeita pra passar a bola pro outro lado), se de fato saiu principalmente por esse motivo cairiam na mesma questão de grupo de afinidade que criticam nas garotas.
Parece que o grupo dissidente incluía alguns dos membros mais articulados intelectualmente do movimento, além de notoriamente alguns dos mais bem favorecidos economicamente, o que explica o ‘elitismo’ de tal grupo que esta denunciado no comentário da mayara, que também acaba sendo um comentário muito passional e injusto.
Pessoalmente ainda não tenho uma visão formada sobre a cisão, gosto e admiro pessoas dos dois lados do embate e vejo bons argumentos também dos dois lados, como permaneço no movimento estou longe de vê-lo como esgotado. Infelizmente também a excessiva polarização que se deu no momento da ruptura obscurece o assunto e a possibilidade de debate sério.
Por fim gostaria de ressaltar mais duas coisas: Apenas o lado dissidente publiciza suas opiniões articuladas o que faz com que o debate nesse site exponha as opiniões desproporcionalmente de um só lado, acho que não dá pra dizer sequer que o outro lado tenha sistematizado suas opiniões em qualquer momento neste site, o que torna o debate aqui excessivamente desequilibrado. Por conta do que foi dito anteriormente dizer que não há uma autocritica dentro do MPL-SP é bobagem, apesar de essa autocritica ou da posição de quem permanece no movimento de fato não transparecerem muito por aqui.
Só tenho uma dúvida: por que até agora ninguém falou nada sobre o que foi denunciado na carta de Rafael e Cristina, por exemplo? Sobre os militantes que foram sujeitos a uma inquisição e forçados a fazer a “autocrítica”, como acontecia nas organizações stalinistas? O texto não toca apenas na questão do trabalho de base x agitação e propaganda (como fala o Gabriel aí). Ele toca em outras questões que parece que as pessoas estão se desviando. Por que? Quando tem denúncia de agressão de gênero, as pessoas tem que se posicionar com urgência, inclusive com o coletivo de mulheres do MPL-SP fazendo cobranças a coletivos da federação pelo posicionamento. Agora quando tem outras denúncias tão graves quanto, parece que não é preciso se posicionar com urgência.
Conversando com pessoas de alguns coletivos da federação, me espanta a miopia que reina, diversas pessoas tem saído de diversos coletivos e tal fato não pode ser pessoalizado tampouco minimizado como uma questão regional.
O presente texto ddo TZ Goiania refuta cabalmente a hipótese/resposta antes tentada.
A outra resposta/acusação, de intelectualismo, ainda que fosse um fato não refutaria a argumentação colocada e os próprios militantes do MPL reconhecem a falacia desta resposta quando acusam a companheira de arrogância, análise obviamente muito pessoal diga-se de passagem, na militância.
O que dizer das mulheres que saíram de coletivos pois foram hostilizadas por outras mulheres devido ao seu posicionamento?
Faço coro a questão a respeito do pedido de retratação de opiniões e posicionamentos, fato gravíssimo para uma organização libertária secundarizada.
Triste é ver a baixa capacidade de critica na organização e se de fato toda e qualquer criação coletiva tem capacidade de se reinventar, me parece difícil que isso ocorra em um ambiente tão toxico a tão falada diversidade ( também de pensamento ora!) e a critica.
Se como na ultima figura o espanto é grande com o ressuscitar do morto ou com a própria morte, isto se dá devido as grandes esperanças depositadas na primeira grande organização (?) ou rede de coletivos libertário a se organizar no Brasil nos últimos 30 anos.
O MPL tem de ligar em tal panorama, no sentindo que estas discussões que tem se dado nesse canal tem se esforçado a contribuir, na construção de um horizonte com maiores e melhores patamares de luta!
Nenhuma critica abala ou nega os acertos, muitos deles aqui mesmo reportados, avaliados e propagados aqui, pelo coletivo e seus leitores.
Caro Gabriel Silva e demais,
Agradecemos o comentário em nosso site e gostaríamos de lembrar que o PassaPalavra é um site aberto a todos que queiram pensar e dialogar sobre as lutas dentro da nossa política editorial anticapitalista e internacionalista, tanto na contribuição de textos quanto nos comentários. Para saber mais sobre a política editorial do site veja aqui e aqui.
Cordialmente,
Coletivo Passa Palavra
Mayara, tomar um enquadro na Augusta é chato, mas é só uma coisa. Outra coisa é ter que reconhecer o corpo de um amigo seu no IML, que foi encontrado em um terreno baldio com um saco plástico na garganta.Isso sabendo que poderia ser você. Sem me alongar, a questão da homofobia é tão grave, principalmente nas periferias, que ou se mergulha nela profundamente ou talvez seja melhor nem começar. Não dá para tomar como bandeira sem ter uma real dimensão.Abraços
cara mayara vivian,
este comentário é somente para começar a comentar, então, brevemente, lá vamos nós:
seguinte, vi seu nome nesse comentário e, sem maldade, se um site pequeno construído por uma parte da esquerda está “pregando morte as feministas e a todos os gays e movimentos negros que querem destruir a luta de classes” (não está, e gostaria que você provasse o contrário, a partir da minha singela lógica e leitura), por que você dá entrevistas e teu nome aparece em veículos da grande mídia como folha de são paulo e estadão?
só achei estranho.
Parabéns,coletivo de Goiania!! Ótimo texto, com muitas reflexões importantes! Até agora parece ser o único dos MPLs que sistematizou as críticas que surgiram,há algum tempo, e elaborou um posicionamento sério sobre elas. É o que dá alguma esperança no MPL e na luta autÔnoma de massa.
Só acho que os comentadores estão em sua maioria deixando de tratar da questão mais importante trazida pelo texto, pelo menos na minha forma de ver: o MPL vai ser um movimento que vai se reconstruir permitindo uma pluralidade de idéias e de projetos (incluindo a questão dos gêneros) e vai tentar recuperar o terreno perdido desde junho de 2013 ou vai se fechar e deixar de pautar a luta pelo transporte público pela perspectiva da tarifa zero e da luta de classes? Acho que isso que o texto traz é mais importante do que a questão que está sendo debatida, do “trabalho de base vs a agitação e propaganda’. E é engraçado que apenas um coletivo da federação se posicionou ainda defendendo que o movimento autônomo deve ser plural e não deve ter práticas que deploramos e que vem dos grupos stalinistas, leninistas, etc…
Enfim, parabéns aos compas de Goiânia, por estar na vanguarda do debate!
Todo o debate é muito pertinente.
Particularmente, eu não concordo com o Legume que junho tenha sido o que houve de maior para o autonomismo. Isso porque eu penso em autonomia de verdade, vindo da sociedade e, assim, para mim a maior força autônoma da sociedade brasileira ficou demonstrada na forma como ela reagiu historicamente toda vez que o Estado começou a matar. Uma tradição antiga que passa pelas revoltas indígenas, escravas, Canudos, operárias, os morros do RJ, e teve seus últimos episódios durante as matanças de 2006 e 2012.
No caso aqui a análise é importante para vermos os limites de organizações ideologicamente direcionadas, sua burocratização, cisões internas e, principalmente, o surgimento de novas elites e estruturas de poder.
Tudo começou com a revolta do Buzú, teve Floripa como ponto máximo e várias particularidades históricas. Mas com a coincidência de os coxinhas terem confundido a luta contra o aumento com atos anticorrupção ou anti PT, ficou uma coisa na qual o MPL pensa que é dono da esquerda, o MPL-SP pensa que é dono do MPL e a Mayara Vivian pensa que é dona do MPL-SP. Nunca na minha vida eu teria imaginado, na pior das situações, uma cena tão grotesca de tão autoritária. E os devaneios da Mayara só existem porque realmente há um devaneio maior que foi plantado. È necessário muita autocrítica e muita discussão pra dar uma limpada nisso tudo. O risco para a esquerda é grande.
Sobre o segundo comentário da Mayara V, de que não lembra de ter vetado ninguem por falta de confiança política, é necessário ler uma mensagem assinada pelo Coletivo de Mulheres do MPL-SP (e publicada no CMI: http://midiaindependente.org/pt/blue/2015/08/544058.shtml). Pode ser que ninguém tenha vetadado ninguém, mas o discurso da “desconfiança política” contra os que pensam e atuam de forma diferente do Coletivo de Mulheres serviu como argumento para pedir o adiamento de um debate sobre conjuntura. Parece haver um ranço autoritário nesse tipo de postura do Coletivo de Mulheres do MPL-SP.
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“Carxs militantes,
Como a maioria de nós ja sabe, houve há alguns meses uma série de agressões de um militante até então ligado ao MPL-RJ a uma companheira do mesmo coletivo. As agressões foram expostas em uma carta publicizada
por um coletivo feminista desta cidade. O Passa Palavra abriu espaço para a publicação de um ?direito de resposta?, que mais ameaçava do que respondia àquela carta, ainda que essa não tivesse sido veiculada
inicialmente por meio do Passa Palavra. Isso gerou um extenso debate em espaços informais e no próprio site.
Muitas mulheres do coletivo MPL-SP estão extremamente incomodadas com a publicação do Passa Palavra, por abrir espaço de ?resposta? a um agressor em detrimento ao espaço destinado à denúncia de agressão ou a qualquer discussão sobre as práticas machistas, por antecipar ou realizar, ainda que apenas nos comentários, uma discussão que deveria ter sido realizada em todo o coletivo ? enquanto agressão machista a uma companheira e enquanto fato político dentro da federação do mpl- por instrumentalizar a dor de uma companheira para combater um chamado feminismo excludente e pelo posicionamento, ou falta deste, de
companheiros que fazem parte de ambos coletivos.
Realizamos uma reunião de mulheres na qual foi expressado o extremo desconforto e falta de confiança política nestes militantes. Em função desta situação a maioria de nós não conseguiu participar de atividades
do movimento desde a publicação do Passa Palavra, como o encontro com garis ou atividades políticas como a jornada em solidariedade aos 43 desaparecidos de Ayotzinapa.
A atividade de troca com os garis, por exemplo, foi um evento sintomático de como o processo afetou a militância e participação política das mulheres, bem como a forma como alguns companheiros tratam ou valorizam a relação com o Passa Palavra em detrimento das próprias companheiras de militância: a atividade foi chamada em espaços formais como uma troca dos garis com o coletivo do MPL e na prática o que se deu
foi um esvaziamento dos espaços por parte das mulheres ? que se sentiam ofendidas pela postura de desrespeito dos companheiros e do Passa Palavra ? e ampla presença justamente de membros do coletivo Passa Palavra. Observamos essa postura como uma continuidade da agressão à companheira do Rio e uma agressão à militância cotidiana de mulheres do MPL. Ainda, no dia seguinte, em que os garis iriam permanecer em São
Paulo para conhecer experiências de militância DO MPL, foi realizado um evento com eles que sequer foi chamado nos espaços formais, e que as pouquíssimas mulheres do movimento que foram ?arbitrariamente?
convidadas não compareceram novamente pelo extremo desconforto em realizar atividades políticas com militantes do Passa Palavra neste contexto. Mais uma vez, usando o nome do movimento que todxs nós
construímos, criou-se um espaço político em que as mulheres do movimento passe livre não estavam, e o Passa Palavra estava.
Assim, decidimos em nossa reunião, que não há possibilidade de realizar uma reunião sobre conjuntura sem antes discutir as implicações do ocorrido dentro do nosso coletivo, porque o que se passou no coletivo do Rio e em seus desdobramentos é sintomático e um dado conjuntural de como o machismo está presente nos nossos meios de militância e os coletivos tem a responsabilidade política de lidar com isso. Os desdobramentos da agressão no rio nos colocam a possibilidade e a necessidade de discutir e avançar em questões que já existem em nosso coletivo há certo tempo.
No entanto, avaliamos que todo este processo têm acontecido sem respeitar quem sempre apontamos como a principal ofendida pela agressão: a mulher agredida. Estamos todxs discutindo o caso sem a presença da
companheira e quiça sem sua consciência e permissão. Dessa forma, ainda que avaliando as possíveis consequências negativas, gostaríamos de adiar a reunião de conjuntura, por avaliar que não conseguiríamos fazê-la e por considerar que esse momento pode ser especialmente frutífero para discussões de gênero dentro e fora do MPL.
Assim, propomos que nosso calendário se altere para que haja tempo de falar com a companheira e nos prepararmos para uma reunião sobre o caso no dia 21 de Junho, domingo à tarde, deixando a discussão de conjuntura para ser remarcada a partir desta atividade.
Coletivo de Mulheres do MPL ? São Paulo”
Acho importante a iniciativa de sistematizar o debate até agora feito pelas dissidências do MPL e se posicionar publicamente a respeito. Nesse sentido os companheiros expressam uma importante prática anti-burocrática, que é a do debate pública sobre as questões de organização e estratégia do movimento. Com isso dito, no entanto, gostaria de pontuar algumas discordâncias com as reflexões (ou afirmações consensuadas) colocadas no texto.
A QUESTÃO DO THRASHING
A definição do thrashing do coletivo é insuficiente e facilita a confusão em torno da prática. A prática que Jo Freeman denunciou não é apenas a prática de tentar resolver divergências políticas através de ataques pessoais (ou a transformação de um em outro).
Trata-se de uma prática em que se busca anular a totalidade das contribuições de um indivíduo ao projeto político por uma série de motivos: divergências políticas, inadequação a certas normas de comportamento e identidade implícitas (ou explícitas) em uma dada comunidade, às quais se somam desavenças pessoais. Um exemplo de norma implícita é a tal da “fala arrogante”, outra seria colocar suas divergências abertamente, outra ainda seria a primazia das reuniões sobre todos as outras práticas coletivas de luta, ou ainda a participação na “cerveja pós reunião” etc. etc. Estou colocando exemplos genéricos que percebo não só em Goiânia, mas que ficaram claros pra mim em Salvador, São Paulo e na militância autonomista em geral. A comunidade autonomista/libertária (seja em sua fração identitária ou classista) é uma das mais herméticas que já conheci. Seus mecanismos de depuração interna são bastante implacáveis. Mas veja só: são mecanismos, não são práticas individuais.
Dessa maneira, só pode ser um empreendimento coletivo, nunca individual. Por isso, me parece sem sentido colocar que existiu “thrashing mútuo” ou, como os colegas de Salvador, que “os praticantes de thrashing foram colocados em observação”. O thrashing vem de uma dinâmica organizativa particular, não de indivíduos ou interesses específicos. O efeito, no entanto, é sempre pessoal. Como coloca a Jo Freeman, poucas coisas são tão violentas quanto sentir que sua própria existência é nociva ao movimento e às causas em que você acredita e que o melhor seria desaparecer. Por isso é difícil conseguir achar pessoas como a própria Jo, que conseguem articular o processo que sofreram racionalmente e colocar essas questões perante o grupo.
Trata-se de uma prática que penso sempre se encontrar em embrião dentro de ambientes em que qualquer divergência constante inviabiliza a prática política do coletivo, ou seja, penso que é especialmente presente em movimentos sociais que buscam resolver pela via do consenso suas divergências e heterogeneidade em termo de interesses e políticas. Ou em que a forma de resolver essa divergência se encontra nos laços criados fora dos espaços de produção ou exploração: seja os laços do bar, da afinidade, os casos, familiares etc.
Convido os camaradas, portanto, a pensar como combater o mal nos seus mecanismos: no hermetismo no grupo, na sua dificuldade de lidar com divergências, no disfarce fácil que vem das desavenças pessoais, na existência de códigos de comportamento implícitos; e enfatizar o caráter de massa, pautado em lutas concretas e com o menor número possível de entraves à participação, intervenção e transformação dos rumos do movimento. Vejo que estão querendo avançar nesse sentido. Porém, penso que é aí que se encontra o ponto mais fraco do texto, que se reduz a reafirmação ideológica dos postulados afirmados no Encontro Nacional do MPL em 2013. Vou comentar sobre isso posteriormente, porque tenho que sair de casa agora.
Eu acho que a questão é que, dentro de cada grupo social, sempre existem outros grupos sociais. E, dentro destes, sempre existem outros mais. Então, se existem, dentro de um grupo social mais amplo (um grupo A), dois grupos que praticam mutuamente o trashing (um grupo a’ e um grupo a’’), não se trata de pensar o trashing como prática individual, desviando-se da perspectiva de Jo Freeman, mesmo porque isso, uma prática restrita ao indivíduo, simplesmente não existe. Trata-se de pensá-lo como prática que se desenvolve na relação entre grupos sociais (o grupo a’ e o grupo a’’), existentes dentro de um grupo social mais amplo (o grupo A). Nesse sentido, seria um mecanismo que, sendo praticado por a’ contra a’’, e vice-versa, e toda “prática por” é uma “prática contra”, se verifica em ambos. Então, é possível que, dentro de um coletivo A, um grupo de pessoas a’ (que têm determinadas afinidades) pratique o trashing contra um grupo de pessoas a’’ (que têm outras afinidades), e vice-versa. Será que não foi isso o que aconteceu, segundo os autores do texto? E será que, em ambos, a’ e a”, não se verificaram os problemas, ou parte dos problemas, apontados no terceiro parágrafo do comentário de Grouxo?
A página que “E agora Maria?” publicou foi removida do CMI. Pode-se verificar o conteúdo no cache do google. O movimento pode ter morrido, mas o estalinismo tá vivo.
parece que ainda está disponível o conteúdo em outra postagem. http://www.midiaindependente.org/es/red/2015/08/544056.shtml
Convite para ler e comentar:
O MOVIMENTO PASSE LIVRE E O ALMOÇO GRÁTIS.
TUDO BEM PRA VOCÊ PAGAR A CONTA?
http://wp.me/p4alqY-mP