[No acampamento em frente a uma das garagens da linha 60] “Faziam tantas noites que estávamos juntos que todos já sabíamos sobre a vida dos demais. Para relaxarmos, começamos a divagar: alguns comentavam que na noite anterior haviam visto ovnis e outros diziam que uma velha vestida de branco caminhava pelas vias do trem em direção à estação. A teoria dos extraterrestres foi reforçada quando apareceu, no meio da noite, Carlos ‘el Marciano’ Seitur, um companheiro que tinha se aposentado meses antes do inicio do lock-out, com um grande senso de humor. Sempre assumiu o papel de Marciano, tanto é assim que chamava os passageiros de terráqueos e ao frentista da garagem pedia que enchesse o tanque de kriptonita. Aquela noite ele esteve conosco aguentando o frio e fazendo a vigília mais amena com suas histórias. Contou, por exemplo, de quando se fantasiou de polícia e começou a ordenar o trânsito e de quando lhe haviam feito uma notificação que dizia ‘explique os motivos pelos quais conduzia sua unidade fantasiado de Papai Noel’ e na resposta se defendeu escrevendo ‘Ho Ho Ho’.” A maioria de nós já conhecia de memória cada uma destas histórias, mas por gosto e para passar a noite distraídos, as escutamos novamente. Santiago Menconi, em Sessentaço

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