Breve cronologia do movimento e das atividades anarquistas e da repressão que sofreram das autoridades soviéticas após a Revolução Russa. Por Nick Heath
“Mas nós não tememos vocês ou seus carrascos. A ‘justiça’ soviética pode até nos matar, mas vocês jamais matarão nossos ideais. Morreremos como anarquistas e não como bandidos.”
Anarquista Fedor Petrovich Machanovski em seu julgamento, antes do
Tribunal Revolucionário de Petrogrado, 13 e 22 de dezembro de 1922.
Após o extermínio dos Machanovistas, das insurreições na Sibéria e da Revolta de Kronstadt, a propaganda anarquista no interior da URSS foi severamente reprimida em março de 1921. Foram poucas as atividades após esse período como, por exemplo, a publicação de um livro de iniciativa de Golos Truda em Moscou e em Petrogrado; as ações do Black Cross, um grupo anarquista de apoio aos prisioneiros e a abertura do Museu Kropotkin – assim nomeado após a morte do anarquista russo Peter Kropotkin; e a publicação das obras completas de Bakunin e um livro de Alexander Borovoi sobre o anarquismo russo de iniciativa do jornal Golos Truda. Além disso, o museu Kropotkin foi inaugurado em 1921 na casa onde ele vivera em Moscou e foi estimulado por um grupo de anarquistas e pela sua esposa.
Os visitantes do museu, no entanto, eram fotografados, como forma de intimidação, pelo organismo contrarrevolucionário Cheka. O Black Cross foi igualmente tolerado, mas suas atividades ficaram bastante reduzidas, e ainda assim a Cheka colocou informantes infiltrados na organização. Fora de Moscou e Petrogrado a repressão foi generalizada. As duas grandes cidades russas sempre estiveram abertas ao ocidente e o regime quis apresentar uma imagem de tolerância para com os radicais para a Europa e Estados Unidos. Já em outros lugares do país, os trabalhos de Kropotkin foram desapropriados em Yaroslav – uma cidade próxima de Moscou – e o mesmo aconteceu com os livros publicados pelo Golos Truda em Kharkov, leste da Ucrânia.
1921
A velha política de exílio do Czar é restaurada, e as primeiras vítimas são três jovens mulheres anarquistas, estudantes da Universidade de Moscou. Enviadas para Arkhangelsk – cidade localizada na costa do Mar Branco – por um ano, Isayeva, Ganshina e Sturner ainda se encontravam lá três anos depois.
Alexei Borovoi, um notável anarquista acadêmico, foi demitido da Universidade de Moscou (ele tinha permissão para lecionar sob o governo do Czar) e permaneceu um longo período desempregado. No entanto, os estudantes da Academia Comunista (localizada nas dependências que foram previamente ocupadas pela Federação de Grupos Anarquistas de Moscou) decidiram organizar uma discussão sobre “Anarquismo versus Marxismo” e convidaram Borovaoi e Bukharin para defenderem suas ideias. Mas a discussão foi banida pelas autoridades Bolcheviques.
Verão
Em Zhmerinka – centro-oeste da Ucrânia – um grupo de 40 anarquistas é descoberto. Todos são fuzilados.
Em Odessa – centro-sul da Ucrânia – vários anarquistas são alvejados por “razões de Estado”.
Julho
Greve de fome de 13 prisioneiros anarquistas (incluindo Voline e Aron Baron) na prisão de Taganka em Moscou.
Setembro
Fanya Baron, Lev Tcherny, Potekhin, Tikhon Kachirin, Ivan Gavrilov e outros nove anarquistas que trabalhavam clandestinamente são mortos a tiros nos porões da Cheka.
17 de setembro
Sob pressão, o regime libera dez anarquistas de Taganka: Voline, Vorobiov, Mratchny, Mikhailov, Yudin, Yartchuk, Goreik, Feldman e Fedorov. A maioria deles é deportada para Berlim.
Novembro-Dezembro
Os Anarco-Universalistas de Moscou são reprimidos. Alexander Shapiro, Stetzenko e Askarov são presos.
Fim
92 Tolstoianos são executados por se recusarem a servir no exército.
Em um determinado dia de 1921 o trabalhador anarquista Gordeyev é baleado por quebrar a disciplina do trabalho em uma fábrica em Izhevsk, centro-oeste da Rússia. No mesmo ano a Juventude Anarquista é liquidada. Os Bolcheviques estão bastante preparados para evitar a difusão das ideias anarquistas entre os jovens.
I.S. Bleikhman morre em virtude do tratamento recebido em um campo de trabalho bolchevique.
O trabalhador anarquista Nikolai Beliaiv é exilado em Arkhangelsk.
Maria Veger (Weguer), professora, é presa em Petrogrado (atual São Petesburgo, oeste da Rússia) por possuir livros anarquistas. Condenada ao exílio por dois em Arkhangelsk, contrai malária.
1922
Veger foge e se esconde com um nome falso em Petrogrado.
É dada a permissão para Aron Baron, preso desde 1920, deixar a Rússia. No entanto, a GPU (sigla dada à antiga Cheka, após esta se transformar em um órgão de administração política do estado) se opõe à decisão e ele acaba preso e posteriormente condenado sem julgamento a três anos no campo de Pertominsk, costa do Mar Branco. Em 1923 é transferido para Solovki (uma ilha, localizada também no Mar Branco), onde contrai uma infecção séria nos olhos e então é novamente transferido para a Sibéria. Em 1925 é novamente preso, depois de se corresponder com anarquistas de outros países, e é enviado à Lenissei, uma cidade na região central da Rússia. Ali, preso novamente, é enviado a um vilarejo isolado, onde os postais chegam somente três vezes ao ano.
Janeiro
O anarquista russo-americano Alexander Berkman e Emma Goldman, após total desilusão com o regime bolchevique, deixam a URSS.
Primavera
Novas incursões sobre o movimento anarquista em toda Rússia.
O trabalhador anarquista Fedor Machanovski é preso em Petrogrado e sentenciado à morte, que foi atenuada para 10 anos na prisão de Butirki, Moscou, (onde Makhno e Arshinov tinham sido presos sob o Czar) em 1927.
22 de maio
Tentativa de suicídio coletivo dos anarquistas que tentaram se queimar em resposta às aterradoras condições no campo de Pertominsk.
1° de novembro
Os anarquistas Mollie Steimer e Senya Flechin são presos e mandados para a Sibéria.
Dezembro
Mais anarquistas são expulsos da Rússia.
Fim
O trabalhador anarquista Moise Zuckermann é preso em Moscou. É aprisionado no terrível campo prisional de Solovki por três anos e então no campo de Verknei-Uralsk, onde permanece até 1925. Realizou várias greves de fome entre os dias 7 e 13. Contrai malária e infecção intestinal. É transferido para Solovki em 1925. Muito doente, ele é internado na enfermaria da prisão e é operado. Logo depois, ainda fraco e doente, é mandado para um exílio de três anos no vilarejo de Kolpatchevo na Sibéria. Isso exigiu uma longa e dolorosa viagem de três meses.
Ao longo do ano de 1922, anarquistas são enviados para um dos primeiros campos de concentração, o de Kholmogory, no Mar Branco.
1923
Zilberg, um alfaiate anarquista preso em Moscou por ter feito parte de um círculo de estudos de livros anarquistas proibidos pela censura do Estado, pega três anos de exílio em Tobolsk, na Sibéria. E posteriormente condenado novamente a três anos de exílio em Tver, uma cidade próxima a Moscou.
Yuri Reidmane, preso e enviado para o vilarejo Parabel, no distrito de Tomsk, no centro-sul da Rússia. Outros anarquistas também são enviados para lá – Boris Neerzki, e os irmãos Yuri e Alexander.
De 26 de fevereiro a 12 de abril
Prisão em massa de anarquistas, Maximalistas e membros da Esquerda Socialista Revolucionária no extremo leste da União Soviética.
Vários dissidentes são fuzilados na cidade de Nikolaievsk, em Amur, extremo leste russo.
Primavera
Participação dos anarquistas em uma greve de fome de 17 dias em Pertominsk.
Julho
Maria Veger é presa novamente e enviada para o campo Solovki e então para Verkhnei-Uralsk (noroeste do Cazaquistão) e, em 1926, é exilada em Arkhangelsk. Contrai malária e escorbuto e perde todos os seus dentes. Faz greve de fome de seis a onze dias em várias ocasiões.
9 de Julho
Steimer e Flechin são presos novamente.
19 de Julho
Julgamento em Chita (cidade a leste do país) de alguns daqueles que foram presos em fevereiro no extremo oriente. Oito são fuzilados e outros dez pegam longas penas.
Agosto
No jornal Correspondência Internacional (porta-voz do regime) é publicada a Declaração dos Anarquistas e Anarco-sindicalistas Russos anunciando apoio ao regime Bolchevique: Geitsman Gopner, Vinogradova, Simonovic, Lepin, Tinovitskaia, Bekovski, Rotemberg. A tática dos bolcheviques é também usada contra os Mencheviques e os Socialistas-Revolucionários. Como desdobramento, esses indivíduos são expulsos de suas organizações, ao mesmo tempo em que continuam sendo vistos com desconfiança pela GPU.
Fim
Tatiana Polosova, trabalhando na editora de Golos Truda, é presa como membro do Comitê de Apoio aos Prisioneiros Anarquistas e condenada a três anos em Solovki, posteriormente transferida para Verjne-Uralsk e cumpre o fim da sua sentença em Tver.
1924
Um grupo relativamente ativo de anarquistas existente entre os trabalhadores de Petrogrado cessa suas atividades após ser descoberto pelo GPU.
Iurtchenko, um trabalhador membro do grupo Karelin, uma organização anarquista que é tolerada pelo regime, é preso na província de Minsk, região central da Bielorússia, por portar livros de Kropotkin e Tolstoi (livros que, inclusive, estavam liberados pela censura) e exilado em Arkhangelsk.
Nicolas Lazarevitch organiza um grupo anarcossindicalista com outros trabalhadores na fábrica Dynamo em Moscou. O grupo é responsável por publicar vários folhetos contra os baixos salários, contra o tratado econômico entre Grã-Bretanha e a URSS, contra as campanhas pelo taylorismo promovidas pelo regime, sempre oferecendo uma alternativa libertária. Escondidos sob os casacos, os folhetos são distribuídos à noite e colados sobre as notícias oficiais.
Na Ucrânia, o Grupo de Anarquistas do Sul da Rússia lança um documento que é enviado aos camaradas exilados e publicado em um jornal no oeste do país. Essa é a sua única atividade conhecida.
Outubro
Fechamento forçado da comuna anarquista de Yalta, no extremo sul da Criméia.
1925
O Black Cross é liquidado e seus principais ativistas são presos.
Yarchuk retorna à Rússia e se junta ao Partido Comunista.
Um grupo de alfaiates anarquistas é exilado de Moscou por ter liderado uma greve contra os altos salários dados aos “especialistas” em uma fábrica.
Fevereiro
Pavel Uskov, um trabalhador anarquista é preso em Petrogrado. Após uma greve de fome de seis dias é espancado pelos carcereiros e enviado a um pequeno vilarejo de Khantaik, em Turukhansk, distrito da Sibéria.
8 de fevereiro
Maria Poliakova é presa em Leningrado junto com outros 80 trabalhadores e estudantes. Ela e outros 15 deles são sentenciados a três anos de prisão. Estudante de medicina, abandona seus estudos para se tornar uma enfermeira em um hospital e posteriormente em uma fábrica. Enfrenta uma greve de fome antes de ser enviada à Solovki e colocada entre criminosos comuns. Enfrenta uma nova greve de fome. Os carcereiros a despem e a jogam só com as roupas de baixo no alojamento de criminosos comuns. É finalmente exilada em Khantaik em 1927.
Raia Chulmann também é presa e enviada à Verkhne-Uralsk. As terríveis punições que ela testemunha lá causaram um colapso mental em 1926. Transferida para um hospital em Moscou, ela é posteriormente mandada de volta à prisão. A caminho de lá ela enfrenta novamente um profundo colapso mental.
1926
O camponês anarquista Grigoriev tenta se matar ateando fogo em seu corpo para escapar do confinamento numa solitária. Enfrenta uma greve de fome de sete dias junto com outros prisioneiros, reivindicando ser colocado em uma cela junto com o anarquista Kalimassov. Sem obter sucesso, Grigoriev acaba morrendo em uma segunda tentativa de suicídio.
Em Tobolsk, os vigias provocam os anarquistas da cela número 6, após frustrar uma tentativa de fuga. Como forma de protesto eles tombam o vaso sanitário no corredor. A cela é declarada coletivamente responsável e todos são punidos. Dá-se início a uma greve de fome. Ao nono dia de greve, o diretor da prisão volta atrás da decisão, mas dois prisioneiros, Axelrod e Gurievitch, são transferidos para Moscou. Acusados de desobediência, são enviados para os campos de Solovki.
Golos Truda publica um panfleto sobre o 50° aniversário da morte de Bakunin, com a permissão dos censores do Estado. A Cheka, no entanto, apreende os panfletos e os queima. Um membro do Golos Truda, Ukhin, é preso e exilado em Tashkent, centro-oeste russo, por distribuir os panfletos.
Fim do verão
Vários anarquistas são presos em Leningrado sob a acusação de propaganda proibida.
1926/1927
Um grupo de anarcossindicalistas é preso em Moscou.
1927
Segundo as informações oficiais, 60 anarquistas foram presos em Verkne-Uralsk.
Verão
O anarquista Jonas Warchawski edita e distribui secretamente panfletos abordando a hipocrisia do Regime Soviético em defender a causa de Sacco e Vanzetti ao mesmo tempo em que persegue anarquistas em seu território. Acaba preso em Odessa.
2 de outubro
Nikolai Beliaev e Artyon Pankratov, anarquistas exilados em Kizil Orda, centro-sul do Cazaquistão, presos quando organizavam uma reunião e um protesto contra uma base aérea que mais tarde receberia o nome de Sacco e Vanzetti, são, mais tarde, mandados ao exílio na Sibéria.
1928
De acordo com oficiais do governo, 30 anarquistas são presos em Verhne-Uralsk. No final de 1928 e início de 1929, Avraam Budanov e Panteleimon Belochub junto com sete ou oito outros anarquistas são presos por organizarem um grupo de resistência Makhanovista-anarquista na Ucrânia. Budanov e Belochub são fuzilados, os outros são sentenciados a 10 anos de prisão.
Início da década de 1930
Socialistas-Revolucionários, sociais-democratas e anarquistas exilados em Tchimkent começam a levantar um fundo para ajudar seus camaradas exilados no norte. O trabalho de encontrar exilados em Tchimkent foi relativamente fácil, ao contrário do que foi no norte, bem como com relação à formação do fundo.
1930
Ivan Kologriv, um estivador anarquista, é preso e sentenciado por propaganda antimilitarista.
50 anarquistas e socialistas estão presos em Verkhne-Uralsk, de acordo com o escritor e opositor do regime Ciliga.
Um grupo de 50 anarquistas é massacrado em Tchelianbinsk, no sudoeste da Rússia. Eles possuíam uma gráfica que publicava textos anarquistas, a maioria deles com tradução em outras línguas, e tinham contatos com anarquistas de fora da URSS. Sergei Sergeyevich Tuzhilkin (Tujilkin) (nascido em 1909), um jovem eletricista natural de Kazan, que gerenciava a gráfica, é sentenciado a cinco anos no isolador político de Verkhne-Uralsk. Ele diz a Ciliga que os anarquistas estão ativos e obtêm êxito em fundar uma organização eficiente.
Olga Andreevna, W. W. Kozhukov and Alexander S. Pastukhov organizam o grupo de resistência clandestino União dos Trabalhadores Anarquistas, baseado nos princípios da Plataforma Organizacional do grupo Dielo Truda. São descobertos pela Cheka e presos.
1933
80 anarquistas estão presos em Verkhne-Uralsk, também de acordo com Ciliga.
1934
Julho
Um artigo aparece na revista anarquista belga QFD, editada por Hem Day, falando sobre a perseguição aos anarquistas. Ele se refere a Nikolai Rogdaiev e Alfonso Petrini e menciona outros 98 anarquistas perseguidos, dentre eles Andrei Andreyev exilado em Novosibirsk e Andrei Zolotarev, exilado em Poltava, leste da Ucrânia.
1935
O anarquista italiano Alfonso Petrini é expulso da Rússia para a Itália fascista depois de cumprir cinco anos em um campo prisional desde o outono de 1927!
Novembro
Borovoi morre no exílio em Vladimir, cidade localizada a leste de Moscou.
1935-1938
Muitos dos anarquistas que se uniram ao regime “desaparecem” durante o expurgo. São vítimas desse processo alguns anarquistas notáveis como Novomirsky, Sandomirskii, Bill Shatov e Yarchuk em 1936; e Arshinov, Dimitri Venediktov de Tobolsk, e o italiano Otello Gaggi em 1937.
1936
Nikolai Lebedev, quem gerenciava o Museu Kropotkin morre de causas naturais.
1937
Janeiro
Última greve de fome coletiva dos prisioneiros de Solovki no isolador de Yaroslav. Após 15 dias de greve, são forçados a comer, e obtêm, somente meses depois, apenas algumas das demandas que reivindicavam. Essa foi a última ação coletiva unificada entre os prisioneiros anarquistas, socialistas-revolucionários e social-democratas.
O alfaiate judeu e anarquista Aizenberg, que ficou preso por sete anos nas prisões do Czar, é torturado pela polícia secreta em um campo prisional por 31 dias ininterruptos – aparentemente um recorde. Ao final, enlouqueceu. “De 12 mil detidos, ele foi o único que lutou por uma ideia. Nós? Nós fomos vítimas da opressão. Ele? Ele lutou contra a opressão” – Alexander Weissberg.
O anarquista italiano Francesco Ghezzi é preso e deportado para o campo prisional de Vorkuta – centro norte do país.
Em 5 de agosto de 1937 o NKVD – Comissariado do Povo Para Assuntos internos, que incorporara o GPU – da região de Omsk, sul da Rússia, sentencia os seguintes anarquistas à morte: Prokop Evdokimovich Budakov, Zinaida Alekseevna Budakova, Avram Venetsky, Ivan Golovchanskii, Vsevolod Grigorievich Denisov, Nikolai Desyatkov, Ivan Dudarin, Andrei Zolotarev, Andrei Pavlovich Kislitsin (o mais velho, nascido em 1873), Alexander Pastukhov, Anna Aronovna Sangorodetskaya, Mikhail G. Tvelnev, Vladimir Khudolei-Gradin, Yuri I. Hometovsky-Izgodin, Nahum Aaronovch Eppelbaum (trata-se de uma lista parcial, pois suspeita-se que outros, como Shabalin, também tenham sido condenados à morte ao mesmo tempo). Eles foram executados no dia 12 de agosto em Tobolsk, centro-oeste da Rússia.
Em 19 de agosto o anarquista Alexander Lukyanchikov é fuzilado em Novosibirsk, cidade do sudoeste russo.
No dia 28 o anarco-comunista Fritz Ernestovich Stubis foi executado na região de Moscou.
No dia 7 de setembro o anarcossindicalista Igor Vladimirovich Rimsky-Korsakov é fuzilado em Omsk. No mesmo dia, na região de Moscou, o membro da Golos Truda e soviete anarquista, Vladimir Filippovich Oborin, também é fuzilado.
Antes, no dia 3 do mesmo mês, o veterano revolucionário Fyodor Lavrentyevich, que primeiro fora um socialista-revolucionário e depois um anarquista, é fuzilado em Moscou. No mesmo dia, Yegor Maltsev, anarcossindicalista, também é fuzilado em Sverdlovsk, região do centro-oeste russo.
No dia 8 de setembro de 1937, em Leningrado, o velho anarquista da Nabat (Confederação Anarquista da Ucrania), Boris Nemiritsky, é fuzilado junto com Samuil Grigorevich Riss, que tinha sido bastante ativo entre os estudantes anarquistas de Petrogrado na década de 1920 e enfrentou uma longa sentença na prisão. Georgy Karlovich Weber, anarco-místico, também é fuzilado em 1937.
1938
O Museu Kropotkin é fechado.
No dia 8 de fevereiro Olga Taratuta é julgada e executada.
No dia 5 de abril o anarquista búlgaro Hristo Zarezankov também é executado. No dia 26 do mesmo mês o Makhanovista Ivan Chuchko tem o mesmo destino. O mesmo acontece com Sergei Tuzhilkhin e com um grupo de mencheviques, no dia 20 de julho. No dia 1° de abril, 40 makhanovistas do vilarejo ucraniano de Gulyai Polye são sentenciados e ao longo dos meses de abril, maio e julho são executados em conjunto. No dia 7 de julho o makhanovista Nazar Zuychenko também é executado. Lev Zadov e Daniilo Zadov, que tinham sido umas das principais lideranças do movimento makhanovista são igualmente executados no dia 25 de setembro. O mesmo acontece com outro importante makhanovista, Viktor Belash. Antes, no dia 27 de agosto, o anarcossindicalista Efrem Borisovich Rubinchik-Meer, é igualmente executado na região de Moscou. Também na região de Moscou, no dia 7 de setembro, o membro da Golos Truda, que depois se tornou um anarquista soviético, Vladimir Filippovich Oborin, é fuzilado.
1941
Ghezzi morre em Vorkuta.
1941-1945
Na Ucrânia, durante a II Guerra Mundial, uma guerrilha anarquista, o grupo Makhanovist Black Cat, opera na Bielorrússia. Osip Tsebry organiza o “Exército Verde”, uma unidade organizada em torno dos princípios makhanovistas e anarquistas que luta tanto contra o exército vermelho como contra os nazistas, também na Ucrânia. Os anarquistas estão presentes entre as forças de ocupação russas na Europa Oriental: os “Bakuninistas” na Bulgária e os Zavietti Kronstadta na Alemanha.
1947
Anarquistas tomam parte nas revoltas nos campos de Promyshleny, Jeleznodorjny. Em Vorkuta são os “Anarquistas Religiosos” (tolstoianos).
1950
Um pequeno grupo de “anarco-marxistas” é formado em Moscou.
1952
Anarquistas espanhóis, membros da CNT-FAI, se envolvem nas revoltas no campo de Karaganda – sudoeste do país, na divisa com Cazaquistão.
1953
Os anarquistas participam de diversas revoltas nos campos, com destaque para Norilsk – centro-norte do país. As bandeiras negras tremulam nas revoltas do campo de Vorkuta.
A maioria dos testemunhos dos campos de concentração contam que os anarquistas se mostravam rebeldes, presos às suas convicções, duros como cascalhos, polidos pela crueldade e pelos maus-tratos” – Louis Mercier Vega.
Fontes
Skirda, Alexandre – Nestor Makhno
Skirda, Alexandre – Les anarchistes dans la revolution russe
Ciliga, Ante – The Russian Enigma
Mercier-Vega, Louis – L’increvable anarchism
Avrich, Paul – The Russian Anarchists
Iztok no. 1 – Sur l’anarchisme en URSS (1921-1979)
Maximov, G. P. – The Guillotine at work
Traduzido por Fagner Firmo de Santos Souza revisado pelo Passa Palavra a partir do original publicado no site Libcom, este artigo integra o esforço de traduções de 100 anos da Revolução Russa (confira aqui o chamado e a lista completa de obras).
Perfeito. Fica claro que uma revolução estatista já possui em seu cerne a contra-revolução. O que Bakunin havia nos dito em seus embates com Marx e sua dialética de antítese. Que os anarquistas aprendam daqui pra frente.