Por Labournet.tv

Terça feira, 4 de outubro de 2018, trabalhadores em restaurantes de fast food organizaram uma enorme greve por todo o Reino Unido contra os baixos pagamentos. Os restaurantes McDonalds, TGI Fridays e Whetherspoons foram fechados e as entregas do UberEats e Deliveroo foram interrompidas. Trabalhadores de Londres, Cambridge, Cardiff, Glasgow, Edinburgh e uma dúzia de outras cidades juntaram forças, cantando “Eu acredito que nós podemos vencer”.

“Eu estou em greve para acabar com os contratos de zero hora e por um salário mínimo maior. Nós estamos reivindicando 10 libras por hora”, disse um grevista que trabalha no McDonalds em Cambridge. Outro grevista, que trabalha no TGI Fridays, explicou como eles começaram a se organizar depois que 40% de suas gorjetas foram dadas para os trabalhadores da cozinha, para evitar que um aumento de salário fosse dado a eles.

“Eu conheço pessoas que estão morando no sofá dos seus amigos porque não têm como pagar um aluguel. Algumas pessoas têm de parar de comer para poder ficar com suas casas” explicou um trabalhador jovem na Wetherspoons. Estes trabalhadores em restaurantes de fast food, além de não terem horário fixos ou um salário mínimo garantido, também recebem salários de aprendizes, o que significa que um trabalhador com menos de 21 anos pode ganhar 5,90 libras por hora.

Entregadores do UberEats e Deliveroo também se juntaram à greve e recusaram-se a entregar pedidos em cidades da Inglaterra, País de Gales e Escócia. Os entregadores não têm direito legal a um salário mínimo e nenhuma garantia de renda quando os negócios vão mal, fazendo com que muitos deles vivam em uma luta constante para sobreviver de uma semana a outra.

“Nós estamos em greve por um pagamento mínimo de 5 libras por entrega, o que vai nos permitir alcançar o salário mínimo” disse um dos entregadores entrevistado durante a greve em Glasgow. “Nós decidimos entrar em greve hoje porque é o mesmo dia em que trabalhadores no McDonalds e Wetherspoons estão em greve. Eles são pessoas com quem a gente trabalha muito, então queríamos demonstrar a nossa solidariedade.

Contratos de zero hora e salários de fome são muito comuns no setor de serviços, mas os filiados ao sindicato são menos de 2,5%. Esta greve nos restaurantes de fast food é um enorme exemplo da força de uma ação unificada, e mostra que trabalhadores em lugares supostamente difíceis de organizar estão resistindo com mais determinação e vontade do que nunca.

“Eu sinto que as pessoas estão ganhando mais confiança agora. É encorajador saber que estamos nisso juntos” conclui o trabalhador no McDonalds de Cambridge.

A energia por detrás destas greves e protestos sem dúvida vai inspirar outros a fazerem o mesmo. As organizações no setor de fast food têm crescido massivamente nos últimos anos, como o Sindicato dos Padeiros, Trabalhadores da Alimentação e Similares (BFAWU – Bakers, Food and Allied Workers Union, no original em inglês), o IWW (Industrial Workers of the World) e IWGB (Indepedent Workers Union of Great Britian). E parece que o movimento vai continuar crescendo. Eles acreditam que podem vencer, e nós também!

Publicado originalmente pelo Labournet.tv e traduzido para o Passa Palavra por Marco Túlio Vieira.

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