Um empregado de restaurante com quem gosto de conversar dizia-me há dias: «Este coronavirus está a fazer o que a Greta Thunberg quer». Mas seria um elogio ao coronavirus ou uma crítica à menina Greta? Passa Palavra

7 COMENTÁRIOS

  1. O Diário de Notícias de 17 de Março de 2020 informa que, com a diminuição do consumo de petróleo e de carvão provocada pela pandemia, o site Carbon Brief calculou que as emissões mundiais de CO2 podem reduzir-se em 2020 em cerca de 7%. Perante esta situação, o presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, declarou que a redução no consumo de petróleo é ainda assim muito baixa e sublinhou que «é precisa uma redução de 7,6%» todos os anos. Por seu lado, a associação ambientalista Quercus chamou a atenção para o facto de aquela quebra de emissões não ser a longo prazo e disse, em comunicado, que «ou se aproveita a crise para mudar comportamentos, ou mais tarde a recuperação económica poderá, provavelmente, ser ainda mais prejudicial».

    Estas declarações servem talvez para elucidar quem ainda tenha dúvidas sobre o carácter genocida das propostas dos ecologistas. Para eles os efeitos da pandemia são desde já positivos a curto prazo, e com a condição de provocarem uma mudança de comportamentos tornar-se-ão positivos a longo prazo. Mas quem paga essa mudança de comportamentos, quem paga esse regresso à barbárie? Pagam os mortos, antes de mais, e em números cada dia mais elevados. Mas pagam os vivos também. Tomemos como exemplo o pequeno país onde a Zero e a Quercus estão estabelecidas. Segundo o site de notícias ZAP.aeiou, no seu número de 17 de Março de 2020, a taxa de desemprego em Portugal, que em Janeiro de 2020 era de 6,9%, um número inferior à média na União Europeia, poderá ultrapassar os 15% devido à quebra da actividade económica resultante da pandemia. O economista Eugénio Rosa, autor de um estudo sobre o impacto do coronavírus na situação económica portuguesa, considerou que o turismo, um dos motores da economia portuguesa, será um dos sectores mais afectados pela pandemia. «Em 2019, 31,8% das exportações portuguesas foram serviços e a grande maioria era constituída por receitas do turismo (18 431 milhões)», escreveu Eugénio Rosas naquele seu estudo.

    Viva a pandemia! Viva a ecologia!

  2. Já em 1949, Bertrand Russell escrevia que: “estamos acostumados atualmente a ouvir protestos contra o domínio da máquina e eloquentes apelos para um retorno a dias mais simples. […] Se levarmos a sério essa ideia de volta à natureza, estaremos condenando à morte por inanição 90% da população dos países civilizados. O industrialismo atual envolve, sem dúvida, graves dificuldades, mas estas não podem ser resolvidas por um retorno ao passado […]”. Trata-se da obra “The Scientific Outlook”, 2ª ed., Londres, George Allen and Unwin, Ltda., 1949, que consulto na tradução em português “A Perspectiva Científica”, 4ª ed., São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1977, p. 111.

  3. Capital fictício, hiperliquidez no cassino planetário, baixíssima taxa de lucros (decorrente de uma insustentável composição orgânica do capital), colapso epocal da civilização mercantil e covariantes guerras comerciais que implodem os substratos sistema capitalista histórico-mundial? Nada disso! Covid-19 e catástrofes ambientais, eis o quiasma do apocalipse…

  4. O Passa Palavra colocou uma tradução no final deste comentário.

    Bonjour tout le monde,
    Si on voulait avoir une démonstration de ce qu’est la décroissance, on en a une illustration. Cette épidémie est une véritable catastrophe. En terme sanitaire les taux de mortalités sont particulièrement élevés comparés à une grippe, de plus la propagation du virus est aussi très importante et rapide. Selon les autorités médicales nous en sommes qu’au début, d’importantes vagues épidémiques vont toucher l’Europe et le continent américain, la situation en Asie semble s’être stabilisée (voir améliorée si on peut dire) … C’est une récession mondiale qui va ébranler durement de nombreux secteurs de l’économie, on risque d’observer: une augmentation du chômage, une augmentation des prix, une baisse de la production, une diminution des salaires; la liste est longue. Comme on dit par chez moi “on va manger les pissenlits par la racine”. Pour ce qui est de la France la gestion par le gouvernement de l’épidémie révèle une imbécillité structurelle au sein des plus hautes sphères de l’État d’une ampleur soviétique. Le gouvernement bien aidé par le peu scrupuleux président du sénat (Gérard Larcher) et le président de l’association des maires de France (François Barroin) ont appuyés pour le maintiens des élections du premier tour des municipales le 15 mars dernier, décision irresponsable car un confinement total devait être décrété début mars ! Dans la plupart des hôpitaux on manque de lits, de machines pour l’assistance respiratoires des patients en réanimation, de personnels ect …
    Sans trop s’avancer on peut faire les hypothèses suivantes:
    – Que les thèses nationalistes et post-fasciste les plus offensives vont devenir une option de sortie de crise pour une grande partie du prolétariat.
    – Que l’Europe va être durement touché au point qu’une dislocation de l’UE devient de plus en plus probable.
    – Que l’écologie va devenir l’idéologie des classes dominantes en temps de récession.
    Comment le prolétariat va t-il absorber le choc ? Ce qui est sûr est que cette crise sanitaire nous montre qui fait “tourner” l’économie, qui est réquisitionné dans les usines et les boites, quelle est la classe sociale produit de la valeur et est en retour exploité.
    J’ai une forte pensée pour les tout les travailleurs réquisitionnés, toute les personnes isolées par le confinement, toutes les personnes qui sont dans la galère et dont la récession va encore plus les toucher, aussi pour tout le personnels soignants en première ligne face à cette épidémie.
    Prenez soin de vous et respectez les règles permettant la non propagation du virus.
    Cordialement

    *** *** *** ***
    Tradução pelo Passa Palavra:

    Olá a todos!

    Este é um bom exemplo do que é o decrescimento. Esta epidemia é uma verdadeira catástrofe. Em termos sanitários, as taxas de mortalidade são especialmente elevadas, por comparação com a gripe. Além disso, a propagação do vírus é também significativa e rápida. Segundo os especialistas médicos, estamos apenas no início e grandes vagas epidémicas irão atingir a Europa e o continente americano. A situação na Ásia parece ter-se estabilizado (ou melhorado, se for o caso…). Trata-se de uma recessão mundial, que atingirá cruelmente numerosos sectores da economia e corremos o risco de sofrer: um aumento do desemprego, um aumento dos preços, um declínio da produção, uma diminuição dos salários — a lista é longa. Como aqui se diz, «on va manger les pissenlits par la racine», ou seja, vamos fazer tijolo. No que diz respeito à França, a gestão da epidemia pelo governo revela uma tão grande imbecilidade estrutural no seio das mais altas esferas do Estado que só faz lembrar o regime soviético. O governo, com a ajuda do pouco escrupuloso presidente do Senado (Gérard Larcher) e do presidente da associação dos prefeitos de França (François Barroin), decidiu manter a primeira volta das eleições municipais, no passado dia 15 de Março, o que foi uma grande irresponsabilidade, já que deveria ter sido decretada uma quarentena total desde o começo de Março! Na maior parte dos hospitais faltam camas, assim como faltam máquinas para a assistência respiratória aos pacientes em reanimação, falta pessoal, etc.

    Sem sermos demasiado ousados, podemos propor as seguintes hipóteses:
    – Que as teses nacionalistas e pós-fascistas mais ofensivas vão aparecer a uma grande parte do proletariado como uma opção de saída da crise.
    – Que a Europa vai ser duramente atingida, a ponto de uma desagregação da União Europeia se tornar cada vez mais provável.
    – Que a ecologia vai-se tornar a ideologia das classes dominantes numa época de recessão.

    Como é que o proletariado vai responder a este choque? O certo é que esta crise sanitária serve para nos mostrar quem “faz mexer” a economia, quem é requisitado para trabalhar nas fábricas e noutros estabelecimentos, qual é a classe social que produz valor e que em troca é explorada.

    Exprimo a minha solidariedade para com todos os trabalhadores requisitados, todas as pessoas isoladas pela quarentena, todas as pessoas em condições difíceis e que pior ainda vão ficar devido à recessão, e também para com todo o pessoal da saúde, que ocupa a primeira linha no combate à epidemia.
    Cuidem-se todos, e respeitem as regras que permitem que o vírus não se propague.

    Cordialmente.

  5. Olha… sem dúvida alguma as propostas dos ecologistas carregam em sua natureza as questões que são tão comumente tratadas aqui no PP. E, em toda situação de crise, cria-se um terreno fértil à proliferação de ideias alinhadas com o fascismo, ou mesmo com essas ”pautas da esquerda global atual” como a ”inclusão”, a ”sustentabilidade” etc. Entretanto me parece de certa forma exagerada a reação que por vezes vejo aqui nos colegas.. Não é como se um ambientalista atual fosse enaltecer a pandemia ou justificá-la de alguma forma, nem acho que é assim que devemos dirigir-lhes a crítica.
    Vi em outra série de comentários de um outro artigo aqui um repeitado colega de luta criticar um outro comentarista dizendo-o algo to tipo que, quanto a algumas coisas, não cabe ficar criticando sem apresentar uma proposta no lugar. Ora, me parece que é isso que mais fazemos, não?

  6. O CETICISMO MOVE MONTANHAS
    customização do apocalipse em
    inúmeros formatos tamanhos e cores
    a conferir: filosóficos científicos
    espíritas materialistas
    ad nauseam

    no hipermercado espetacular
    ideologemas em promoção
    é o que mais há

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