Por Invisíveis

Este é um relato de uma trabalhadora do bandejão da UERJ sobre sua companheira de trabalho que faleceu em decorrência do coronavírus.

Uma das nossas amigas aqui, copeira, contraiu COVID E veio a falecer, Dentro mesmo do Hospital Pedro Ernesto. Ela tinha um problema de vesícula muito sério, tinha uma anemia muito profunda. Ela tava internada pra tratar os rins que tava parando, os dois. O médico que trata quem tem COVID, trata os outros pacientes. Ela contraiu lá mesmo e não demorou muito, uma ou duas semanas ela faleceu. Ela ainda tinha bronquite.

A Claudinha. Ela tem uma filha, que tem 18 anos, outra menina com 14 e outro garotinho de 4 anos. Parece que o pai tem como cuidar, mas a questão é a falta da pessoa né.

Antes mesmo de parar tudo, Já tinha gente lá no Pedro Ernesto entubada. Em fevereiro mesmo já tinham dois médicos muito ruins com corona. No caso a gente leva comida pro Hospital pra fazer os médicos não levar o corona pra rua.

Não tenho nenhuma notícia ainda do que a empresa PRIME ta fazendo sobre isso. Vamo ficar atento pra ver se tem alguma novidade.

Esse choque emocional que tira isso de mim, foi desde a morte do meu filho por leucemia. No ano em que ele faria 30 anos, ele morreu. Foi um choque emocional muito grande que eu tive, que eu fiquei mais de um mês sem lembrar de muita coisa. Aí é mais um choque assim brabo, mexe muito comigo. Eu faço acompanhamento com psicóloga ali na UERJ mesmo. Que tá parado agora. To com bastante problemas pessoais, aí vem isso aí da Claudia. É só mais uma bomba, que nunca vem só uma. Aí que que a gente faz, sorrir? A gente tenta sorrir pra não baixar a imunidade. A minha estima é alta. Mas aí que que a gente faz? Vamo sorrir na cara dos problemas. É melhor coisa que a gente faz.

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