Por Ricardo Mezavila

As manifestações programadas para domingo podem ser o início do divisor de águas na sociedade brasileira. Se, por um lado, o governo fascista de Bolsonaro dá claras demonstrações de que irá infiltrar seus agentes para tumultuar e abrir caminho para o endurecimento de uma política ainda mais policialesca e covarde, por outro lado, se os manifestantes mantiverem a concentração das pautas que estarão nas ruas, não aceitarem provocações e criarem um cordão, na segunda-feira estaremos respirando ares mais democráticos.

Parece que a manifestação tem a adesão de organizações e partidos acostumados com a repressão policial, com experiência no confronto, e devem se posicionar na linha de frente. Seria temerário uma ação da polícia infiltrada em um ambiente de manifestantes voluntários e inexperientes.

Os motivos para a manifestação são muitos, não seria possível enumerá-los, mas temos consciência de que os principais são o Fora Bolsonaro, o combate à ascensão do fascismo e o racismo estrutural.

Essas questões precisam estar no dia a dia dos debates, não só na mídia independente, mas em casa, do café da manhã ao jantar. Precisamos desmontar pensamentos enraizados como a de que negros são minoria, porque não são.

O Brasil é o segundo país em população negra, atrás da Nigéria. Negros são minorias nas universidades, na política, na ocupação de cargos de comando, na valorização e reconhecimento de sua ancestralidade.

Temos o direito de ocupar as ruas e o dever de resgatar o que de nós foi tirado. A única preocupação deve ser com a aglomeração, já que com as tropas infiltradas temos gente para detê-las; porém, o contato será inevitável. Vamos protegidos com equipamentos individuais, calcular a distância entre espaços, pois assim, na segunda-feira, o chão será nosso de novo.

Na imagem de destaque, uma das obras do artista László Moholy-Nagy (1895-1946).

9 COMENTÁRIOS

  1. Eu era contra por conta da aglomeração, mas não podemos deixar que os fascistas tomem as ruas.
    Fora Bolsonaro, urgente!

  2. Se quem vai à luta política ou trabalhista são jovens com pouco a perder, sabemos já desde o começo da pandemia que este não é o grupo de risco. E que com toda a questão dos assintomáticos, a maior ameaça ao grupo de risco é o contato direto com um grande número de pessoas, especialmente desconhecidos nas ruas.
    Se há necessidade de estar nas ruas, por entender a urgência da situação – seja para combater o movimento fascista, seja para garantir o direito de não ir ao local de trabalho durante a pandemia- então a questão é como fazer isso minimizando os possíveis danos colaterais.

    Com companheiros chegamos a uma conclusão um pouco óbvia: é impossível ir a manifestações de rua e respeitar qualquer pauta de distância social. E isso não apenas em casos óbvios como convocatórias grandes com possíveis enfrentamentos físicos. A pauta não é seguida mesmo em pequenas convocatórias de entregadores de aplicativos com menos de 50 pessoas. Logo, ir a qualquer um destes eventos de rua já nos torna possíveis vetores do virus.
    A conclusão provisória a que chegamos é que neste momento devemos identificar quais companheiros estão em contato direto com pessoas do grupo de risco, por exemplo compartilhando casa, ou que possivelmente tem algum individuo do grupo de risco sob sua responsabilidade (familiares idosos, pessoas com discapacidades, etc, que dependem de outros para os cuidados da quarentena). Estes companheiros deveriam evitar completamente as manifestações de rua e o contato com outros companheiros que estão realizando este tipo de atividade. Desta forma é possível atuar de forma coletiva, criando condições para uma atuação em ambientes de urgência e ao mesmo tempo garantindo uma rede de apoio para o contexto sanitário.

  3. Estão acontecendo neste momento as concentrações para os Manifestos. Que corra tudo na PAZ!

  4. o pessoal da editora monstro dos mares,debatendo as manifestações num canal do Telegram, considera as manifestações “pouco eficientes para combater o fascismo”, além disso, acham que as manifestações buscam somente o “retorno a nornalidade” (sic e sic)e que nada mudam. Bem,se é esse o estado de ânimo das lutas que essa pretensa esquerda anticapitalista ,fadada a ver a vida pelas lentes das redes sociais,quer levar adiante,eu prefiro correr o risco do covid e não deixar de lutar. E deus me livre dessas esquerda morta.

  5. Torcedor do Corinthians perde emprego após protesto e fala em perseguição . Que merda é essa mano?

  6. Segunda-feira respiraremos ares mais democráticos. Que chute na lua! Tudo bem que eu não avalio que os militares vão decretar uma GLO de domingo pra segunda e sair à caça às bruxas, mas achar que um desfile de rua irá nos fazer respirar ares mais democráticos pq eu fiz uma catarse coletiva é demais também.

  7. Muitos motivos para ir às ruas… e um para não ir. Mas esse para não ir é superior aos outros…

    A base do fascismo não vai ser destruída com essas manifestações de rua. O máximo que elas poderiam fazer, se houvesse possibilidade de massificação e contágio (aliás, capacidade de contágio me parece que é só de covid-19), seria dar uma legitimidade popular para a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. O que evidente seria bom. Mas se massificar para isso significa contribuir para o espalhamento do vírus.

    Foi interessante e positivo o dado novo ds torcidas organizadas antifascistas serem uma espécie de vanguarda das ruas… Mas a empolgação e o espontaneísmo não deve substituir a análise fria das condições sociais.

  8. Graças a Deus passamos por mais uma luta. Discordo do amigo que disse que é pouco para que respiremos ares democráicos, mas tem que começar de alguma forma. A segunda – feira é a primeira de outras onde os ares serão cada vez mais democráticos..;..;

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