Por Ricardo Mezavila
Ao que parece, com a ascensão do bolsonarismo e a decadência da esquerda e da direita tradicional, a tendência é que o Brasil viva um longo período de hibernação civilizatória, comum em sua trajetória de expropriação e escravidão.
O bolsonarismo raiz, como estamos experimentando, ainda é uma novidade no campo da ciência política, que precisa se debruçar sobre sua estrutura e desdobramentos.
A história é cíclica e uma alteração na sua rota é completamente compreensível e até saudável, considerando alguns aspectos. O Brasil já passou pelos ciclos econômicos do pau-brasil, cana-de-açúcar, algodão, ouro, café, borracha.
Após a revolução industrial ter eclodido nos principais países, o Brasil entrou nessa era com pequenas indústrias de bens e consumos, até construir empresas do porte da Siderúrgica Nacional, Vale do Rio Doce e a Petrobrás. A literatura, música popular, culinária e a dança também passam por processos de acordo com os hábitos e costumes de cada época.
Na nossa história recente passámos por retrocessos, como o período do regime militar, que implantou uma ditadura sanguinária e persecutória, onde a tesoura da censura agia de forma deliberada contra o pensamento livre.
A estética atual nos apresenta uma harmonia desagradável no campo da política e no geral. Não é uma condição indissolúvel a esfera política da essência geral. Na ditadura, por exemplo, quanto mais censuravam os artistas, mais eles produziam, mais acrescentavam, e de maneira definitiva para a cultura.
A questão é que a nova ordem política e social, que veio sob as bênçãos de uma pandemia, parece ter entrado em nossa casa, sentado em nossa mesa, sem que notássemos sua presença nauseabunda e repugnante.
Agora que está alojada em nosso quarto, mudou nossa mobília de lugar, rasgou nossos livros e jogou fora nossas roupas, arrumou suas armas nas gavetas e pendurou suas fardas e suas togas nos cabides.
Pensamos em reagir, mas olhamos para nossos filhos e eles cresceram sentados na frente de um computador, não assistiram desenhos da Hanna-Barbera, não jogaram bola na rua e hoje fazem ‘arminha’ com as mãos e odeiam a esquerda.
E agora, José? Essa geração está indo no caminho das urnas com o legado das redes de fake news, são os filhos do Bolsa Família que não conseguimos politizar para que tivessem pensamento crítico e independente. Essa geração sem luta e ideologia, somada aos que dependem de benefícios paternalistas e populistas, forma a legião sem rosto que apagará a luz por um longo período.
As imagens que compõem a ilustração deste artigo são de Alfred Freddy Krupa
ESTRELAS NO CÉU DA BOCA
O phuturo já se apresentou. E o presente, adeus Pertence…
SCHADENFREUDE: Afeto predominante entre as duas alas -sedizentes antagônicas, direita e esquerda- do kkkapital.
MASSACRE DOS PROLETÁRIOS ou DIVISÃO DO TRABALHO: Enquanto a ala esquerda leva para o matadouro, a ala direita afia os cutelos…