Por 1010010
Uma pessoa mais curiosa a esta altura vai perguntar: “o que é aquele ‘3G’ que aparece no celular? É seguro quando desce do 4G para o 3G”? Cada “G” é uma geração da técnica de comunicação dos celulares. É coisa técnica, mas basta entender o seguinte: quanto mais o “G” aumenta, mais segura fica sua ligação telefônica. O padrão hoje é o 4G, que garante ligações com mais segurança e qualidade que o 3G, mas há situações em que a conexão do celular fica tão ruim que o aparelho mostra apenas o “G”. A tabela a seguir compara as gerações da tecnologia dos celulares, e o que veio junto com elas.
Geração | Técnicas de comunicação | O que faz |
“0G” | Rádios VHF, UHF | Comunicação bastante limitada, uma pessoa fala de cada vez (estilo walkie-talkie). |
1G | Celular analógico | Comunicação em dois canais (duas pessoas falam ao mesmo tempo). Faz e recebe ligações. |
2G | Celular digital | Faz e recebe ligações, envia e recebe SMS. |
3G | Celular com internet banda larga | Faz e recebe ligações, envia e recebe SMS, envia e recebe mensagens multimídia, acessa sites e redes sociais de forma limitada. |
4G | Celular com internet banda larga (10x mais rápido que 3G) | Faz e recebe ligações normais, comunica-se pela internet com áudio e vídeo de qualidade (WhatsApp, Messenger, Skype etc.), envia e recebe SMS, envia e recebe mensagens multimídia, acesso completo a sites e redes sociais, transmite para a internet (“live”). |
5G | Internet das coisas (IOT) | Além dos usos anteriores, vários ainda em fase de estudos: conexão com eletrodomésticos, carros autônomos etc. |
A esta altura, depois de ter lido que o celular funciona como se fosse um walkie-talkie e usa rádio para se comunicar, você pode estar se perguntando: “onde está a antena?”
Modelos antigos de celular tinham antenas externas, como um rádio de pilha: bastava puxar a ponta da antena e ela aumentava, melhorando a comunicação. Aparelhos mais modernos, capazes de se comunicar a maiores distâncias com as torres ERB, têm antenas muito maiores. Onde está a antena, então?
Simples: dentro do aparelho. Como o tamanho das antenas crescia, foi preciso inventar um meio para que antenas maiores coubessem em aparelhos cada vez menores e mais finos. O jeito foi transformar a antena numa espécie de “fio” que dá voltas na placa interna do celular, e de lá de dentro ela envia e recebe o sinal de rádio.
Uma das peças que envolve mais mitos sobre o celular é a bateria.
Em alguns dos primeiros celulares vendidos no Brasil, como o Motorola PT 550 e o Fujitsu PCX, só era possível carregar a bateria fora do aparelho. Ela era destacável. E assim permaneceu por mais de quinze anos. Hoje, como há uma exigência do público por aparelhos menores, mais finos, mais leves e mais confortáveis, as baterias são coladas nos aparelhos para poupar espaço (assim como outros componentes que antes eram soldados), e por isto as baterias só podem ser retiradas por quem tenha conhecimento técnico.
Existem três grandes mitos sobre baterias de celulares: o da bateria na geladeira, o da bateria que vicia e o de tirar a bateria do celular para evitar ser localizado.
O mito da bateria na geladeira tem um pouco de verdade. Dentro da bateria existem substâncias que geram a energia. Estas substâncias são sensíveis a temperaturas altas; temperaturas mais baixas (como os 16° C da geladeira) podem ajudar a evitar que a bateria descarregue, mas o efeito é tão pequeno que não vale a pena correr o risco de danificar a bateria. Pior: se a temperatura abaixar demais, pode danificar a bateria, ou o próprio celular, e causar acidentes sérios.
Já o mito da bateria que vicia – ou seja, que descarrega rápido demais, não consegue mais ser carregada, esquenta ou incha – não faz mais sentido. As primeiras baterias de celular eram feitas com base em níquel, metal que as tornava fáceis de “viciar”. Acontece que desde 2017 os aparelhos saem de fábrica com baterias feitas à base de lítio, construídas especialmente para evitar os problemas que levavam ao “vício”. Via de regra uma bateria viciada precisa ser trocada para evitar acidentes, mas antes disto um teste de carga completa pode dar uma sobrevida: desligue o aparelho, deixe-o carregar até 100%, retire-o da tomada, aguarde 60 segundos e veja se ainda está em 100%; se não estiver, repita o processo cinco vezes; se mesmo assim o aparelho não conseguir segurar 100% de carga, a bateria precisa ser trocada o quanto antes. Mas se seu aparelho permite tirar a bateria e você viu que ela está inchada, troque-a antes que cause algum acidente grave.
O último mito diz que para evitar a localização de um celular basta retirar a bateria. Além de falsa, esta história induz muita gente em erro, porque dentro do celular há uma pequena bateria de relógio que serve exatamente para manter ativo o relógio interno do aparelho, e para conectar-se aos satélites que dão a hora certa. Bastam os pequenos sinais trocados entre o celular e o satélite, mesmo com o aparelho desligado e sem bateria, para que ele seja rastreável. A única forma de fazer com que um celular fique completamente “desligado do mundo” é colocá-lo dentro de um aparelho chamado gaiola de Faraday, sobre o qual há muito material disponível na internet. Maiores informações sobre este assunto serão vistas mais à frente, quando mostrarmos como o celular se localiza.
Se você tem mesmo curiosidade por celulares, deve ter também perguntado: “e o chip?”
O chip – ou cartão SIM, que é seu nome técnico – serve para duas coisas: identificar você, e criptografar a ligação. A função principal do chip é armazenar dados básicos de identificação do aparelho, como informações do assinante, agenda, preferências (configurações), serviços contratados, SMS e outras informações.
Outra função do cartão SIM é garantir um pouco de segurança e privacidade nas ligações. Por meio dele, o que se fala é criptografado, com o objetivo de embaralhar os dados da chamada para impedir que alguém que esteja próximo use um aparelho de escuta e ouça a conversa.
Quando os dados chegam à operadora, eles precisam ser desembaralhados para serem novamente embaralhados de acordo com o código que será entendido pelo receptor dos dados. Entre essa decodificação e a nova codificação, a operadora possui os dados “limpos” da chamada, sem nenhuma segurança. Com uma ordem judicial, ela só precisa registrar esses dados em vez de simplesmente descartá-los.