Por Isadora de Andrade Guerreiro
Em 2000 foi publicado um texto de Otília Arantes chamado “Uma estratégia fatal: a cultura nas novas gestões urbanas”[1], que considero fundamental desde aquele momento do urbanismo até hoje. Otília dava contornos mais precisos para seu diagnóstico de “fim de linha”[2] da modernização urbana, tendo como foco o que vinha sendo chamado de “terceira geração urbanística”: nem modernista nem contextualista, 20 anos atrás a novidade no urbanismo era seu caráter “estratégico”. Atuante desde então, o que ficou conhecido como Planejamento Estratégico criou mecanismos, me parece, cada vez mais sofisticados (como as Parcerias Público-Privadas), sem perder seu núcleo central. Para Otília, a emergência desta geração urbanística não significava exatamente uma ruptura com a segunda geração, considerando sua crítica anterior ao próprio contextualismo que, desde o final da década de 1970, deixou claro seus limites ao mercantilizar a dimensão cultural por meio do “discurso do lugar”[3]. Para Otília, em “Uma estratégia fatal…”, p.12-13:
“Se há novidade, ela se resume ao ‘gerenciamento’, como se diz no novo jargão, agora assumidamente empresarial, de um lado e do outro do oceano – o que a levou, não por acaso, a ressuscitar o vocabulário descartado do ‘planejamento’, posto em descrédito pela voga contextualista anterior”.
E continua, expondo sua hipótese central, que me interessa aqui:
“Assim, para começar: em comum com a geração que a antecedeu, e que tomou o caminho de volta à cidade, a mesma e paradoxal ‘animação urbana’, ao que parece, cada vez mais intensa, na medida mesma em que as escolhas alternativas se estreitam (inclusive no Brasil (…)). Animação que se expressa na convergência entre governantes, burocratas e urbanistas em torno de uma espécie de teorema-padrão: que as cidades só se tornarão protagonistas privilegiadas, como a Idade da Informação lhes promete, se, e somente se, forem devidamente dotadas de um Plano Estratégico capaz de gerar respostas competitivas aos desafios da globalização (sempre na língua geral dos prospectos), e isso a cada oportunidade (ainda na língua dos negócios) de renovação urbana que por ventura se apresente na forma de uma possível vantagem comparativa a ser criada. Dito isso, devo esclarecer que enfrentarei o problema (como aliás venho fazendo) de um ângulo bem específico, e não por razões estritamente profissionais, mas porque este aspecto particular tornou-se central. E é precisamente o porquê desta centralidade que pretendo analisar, ou seja: por que o novo planejamento urbano, dito estratégico (…), não só relançou como manteve o foco na alegada dimensão cultural do impulso dito (também) historicista do paradigma prevalecente durante a fase de reação ao naufrágio histórico do Movimento Moderno?”
Retomo aqui este texto de Otília para pensar sobre o contexto atual pandêmico das cidades em meio ao período festivo. Chama a atenção o fato de que este período de férias e festas levou a mais um ponto crítico de tensão social e política causada pela quarentena – somando os fatores de fim do Auxílio Emergencial e disputas em torno da vacina. Em meio à segunda onda e com mais de 200mil mortos oficiais, vemos a população se mobilizar em massa, predominantemente, não pela vacina, contra o trabalho presencial ou pelo Auxílio Emergencial, mas, pelo contrário, pelas festas e contra os lockdowns. Estas atitudes de parte da população precisam ser entendidas não apenas de um ponto de vista de seus desejos e necessidades individuais ou de grupo, mas também como parte integrante de interesses de mercado e ações estatais, articuladas de forma “estratégica”. Não se trata de dizer que há concordância absoluta entre todos estes interesses, pois há inúmeras tensões entre eles. Entre a tensão e o acordo, parece-me necessário detectar, para além das aparências, estratégias de governo (em sentido amplo, não apenas estatal) que permeiam as disputas políticas e acabam por “dar o tom” da conjuntura – que certamente será explosiva no carnaval.
E, como Otília adiantava, a gestão urbana combinada à “animação cultural” parece ser central nessas estratégias amplas de governo: elas não fazem apenas negócios a partir da mobilização espacial, mas, como veremos adiante, também geram novas identidades e ideologias, numa formação conjunta. Numa época de transformação política, vale dar alguma atenção à participação da gestão urbana na formação do ideário de extrema-direita. Observando a atitude dos gestores urbanos no fim de ano, parece que está em andamento a já conhecida dinâmica de competição entre cidades por fluxos de recursos – típica da era do Planejamento Estratégico, como ressalta Otília acima –, na medida em que é necessário criar uma “vantagem comparativa” para se salvar da enorme crise fiscal que a quarentena aprofundou.
Mas há aqui uma diferença em relação a 20 anos atrás: as “vantagens” comparativas são no sentido inverso daquele momento, ou seja, uma dinâmica “mais animada” tem sentido deletério em relação à vida, dado o onipresente vírus. E isso é considerado uma vantagem – e funciona concretamente como uma vantagem, na medida em que cidades antes esquecidas se tornaram points massivos durante o Réveillon, esvaziando outras tradicionais. Tais festas de sentido macabro poderiam ser então a expressão da disputa interna da “terceira geração urbanística”, ou seja, uma disputa dentro da ordem?
Não me parece ser uma crise geracional no sentido de uma “quarta geração”: é a mesma, porém num processo de tensionamento brutal com seus próprios fantasmas. Digamos, é a terceira geração em guerra com sua própria sombra. De um lado, a terceira geração clássica, como o governador de São Paulo, que faz imagem de grande responsabilidade sanitária cancelando grandes festas públicas ao mesmo tempo em que permanece sua epopeia contra as classes populares apoiada em remoções durante a pandemia para a implantação de PPPs e andamento de grandes obras e projetos de concessão de espaço público ao capital privado (como o Anhangabaú e o Complexo Esportivo do Ibirapuera); de outro, cidades médias se utilizam da mesma estratégia – a gestão das festas e eventos públicos – de forma inversa: as promovem ativamente sob gestão estatal deliberadamente omissa do ponto de vista sanitário (e legal), se justificando por estarem do lado das classes populares que precisam trabalhar. A atuação da gestão pública urbana como agente privado em busca de diferenciais competitivos acontece nos dois casos, porém de maneira inversa, com vantagem para a opção macabra. Certamente Otília Arantes não imaginava que o caráter “fatal” que atribuiu a esta geração urbanística seria, em algum momento, tão literal.
O ponto é esse: as cidades “tradicionais”, agarradas ao modelo “clássico” da terceira geração urbanística, ao apostarem no “consenso sanitário” que as traria vantagens econômicas pós-vacina, neste momento mais imediato, perderam. Essas cidades “modelo” perderam na luta macabra e os gestores de outras cidades que pretendem seguir seus passos estão com medo das mobilizações contra os lockdowns. À primeira vista, parece que perderam de maneira pontual, sendo que suas medidas têm em vista o médio e longo prazo – e, por serem, predominantemente, grandes metrópoles, tem caixa para aguentar. No entanto, há algo muito maior sendo gestado – e gerido – junto a esses eventos, que é a própria formação, ou melhor, expansão de um ideário de extrema-direita de caráter fascista que celebra o auto-sacrifício e, também, hiperliberal, no qual a noção de sociedade deixa de existir. Por isso a importância de atentar, atualmente, para a mobilização do caráter cultural da “terceira geração urbanística”. No mesmo texto, Otília continua (p.16-17):
“O ‘tudo é cultura’ da era que parece ter se inaugurado nos idos de 1960 teria pois se transformado de vez naquilo que venho chamando de culturalismo de mercado. De tal forma que a cultura – que nos primórdios da Era Industrial se cristalizara como esfera autônoma dos valores antimercado –, ao tornarem-se imagem, quer dizer, representação e sua respectiva interpretação (como se sabe qualquer gerente de marketing numa sociedade do espetáculo), acabou moldando, de um lado, indivíduos (ou coletividades ‘imaginadas’) que se autoidentificam pelo consumo ostensivo de estilos e lealdade a todo tipo de marca; de outro, o sistema altamente concentrado dos provedores desses produtos tão intangíveis quanto fabulosamente lucrativos. Trocado em miúdos, esse o verdadeiro ‘poder da identidade’. Daí a âncora identitária da nova urbanística. E como o planejamento estratégico é antes de tudo um empreendimento de comunicação e promoção, compreende-se que tal âncora identitária recaia de preferência na grande quermesse da chamada animação cultural. Inútil frisar nesta altura do debate – quase um lugar comum – que o que está assim em promoção é um produto inédito, a saber, a própria cidade, que não se vende, como disse, se não fizer acompanhar por uma adequada política de image-making”.
O “image-making” macabro atual envolve a particularidade hiperbólica das redes sociais, que mostram não apenas as festas, mas também os gestores urbanos dizendo coisas do tipo “existe o decreto estadual, mas aqui a gente não vai respeitar, venham!”. Isso não é só cinismo, é governança: disputa discursiva de interpretação, que envolve estratégia de comunicação, logística e orçamento. Que gera imagens importantes para o carnaval, a próxima etapa da corrida maluca, valorizando o passe de algumas cidades em detrimento de outras. E a interpretação, como assinala Otília, molda “coletividades imaginadas” e identidade pelo “consumo ostensivo de estilos e lealdade a todo tipo de marca”. No caso atual, parece estar formando, na prática, mais adeptos do bolsonarismo, ou, pelo menos, do seu ideário: não se trata apenas de apoiá-lo ostensivamente, mas de formar grupo, de espalhar valores, criar resistência ao “consenso sanitário”. Isso também se faz com governança urbana, como estamos vendo.
O “fim de linha” urbanístico efetivado com a quarentena – que maculou a vida urbana – parece também colocar questões relativas à disputa sobre o espaço público: quando o “consenso sanitário” se retira dele, dá abertura para outras “identidades” ocuparem e resignificarem o “lugar” (no sentido forte do termo, dentro do contextualismo urbanístico). Enquanto o Planejamento Estratégico clássico fecha as ruas pretendendo ter vantagens competitivas econômicas no médio prazo em cidades vacinadas e esterilizadas, bem como o “consenso sanitário” se preocupa em ocupar o espaço virtual criticando de maneira leviana as festas públicas (sem enxergar seu caráter econômico e político por meio da “animação cultural”, para além das decisões individuais), observamos uma virada um tanto sem volta acontecer: a experimentação espacial de amplas camadas sociais adquirir caráter político de extrema-direita, por meio da lógica da competitividade associada à dimensão cultural. Forma-se uma esfera pública atomizada por identitarismos bem geridos que tem como expressão e meio também a festa macabra que, diferente de ser o avesso do trabalho, é uma continuidade dele, um trabalho-festa (ou festa-trabalho) precário e potencialmente fatal pela pandemia, sem nenhum valor libertário, mas sim produtivista – e a miríade de selfies nas redes sociais não deixa dúvidas em relação a isso, pois elas também são um veículo desta formação de grupo, relacionando a experiência espacial com a virtual. Afinal, se já se está trabalhando presencialmente e pegando transporte lotado, por que não ir à festa? A questão é que não se trata de decisão individual, como parece ser, mas de uma gestão dos desejos e necessidades, combinada ao trabalho como consenso social.
Vale ficarmos atentos aos próximos passos deste processo que, ao que me parece, terão no carnaval um momento importante – é só lembrarmos que, no ano passado, o evento foi central para a difusão do ideário bolsonarista na polêmica do golden shower – ainda que seus executores o tenham feito de forma política contra o presidente. O que já era contraditório, com a presença da pandemia ganha ainda mais elementos. Como será que o bolsonarismo vai catalisar o carnaval neste ano ainda pandêmico? Apoiar-se-á na gestão urbana que mercantiliza a “animação cultural”? Apropriar-se-á dos valores libertários desta festa em nome do ultraliberalismo suicida, convocando para a sua realização, embora tenha sempre se posicionado contra? Seria importante nos perguntarmos agora qual será o significado de ir para a rua neste carnaval, para qualquer um de nós. Não ir e deixar os valores carnavalescos serem apropriados pela extrema-direita, ou ir e dar mais lenha para a sua fogueira política? Um dia a quarta-feira chega para toda a sociedade…
Notas
[1] ARANTES, O.B.F. Uma estratégia fatal: a cultura nas novas gestões urbanas. In: ARANTES, O.B.F.; VAINER, C.B.; MARICATO, E. (Orgs.). A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000.
[2] Ver ARANTES, O.B.F. Urbanismo em fim de linha. São Paulo: Edusp, 1999.
[3] Ver a esse respeito os dois textos da Parte II de seu livro “O lugar da arquitetura depois dos modernos” (São Paulo: Edusp, 1993): “A ideologia do ‘lugar público’ na arquitetura contemporânea (um roteiro)” e “Os dois lados da arquitetura francesa pós-Beaubourg”. De forma rápida, pode-se dizer que o contextualismo urbanístico foi uma geração que criticou duramente o urbanismo moderno, durante o pós-segunda guerra, buscando retomar o caráter cultural local das cidades na sua multiplicidade, em detrimento do caráter universal e abstrato do Movimento Moderno. Por isso a força da noção de “lugar”, carregado de identidade histórica, ao invés do planejamento racional e funcionalista da primeira geração urbanística, que remonta à década de 1920.
Direita e esquerda unidas pelo carnaval?
A autora faz uma leitura apressada da conjuntura ao dizer que atualmente as pessoas se mobilizam em massa pelas festas e contra os “lockdowns”. Vimos o resultado das mobilizações patronais no Amazonas, que não se repetiram recentemente após a lição amarga do colapso do sistema de saúde, fato que levou o estado a alcançar os maiores índices de isolamento social no país. Ao invés de buscar uma chave de explicação para o fenômeno dos protestos que, principalmente no caso dos trabalhadores informais, pode ser compreendido como um grito desesperado por renda, vemos um conformismo com a narrativa do bolsonarismo no texto, como se o componente ideológico fosse o fator predominante. Fazer esta análise não é o mesmo que negar que o bolsonarismo tenha tentado surfar nessa onda, mas a atual situação sanitária tem mais o encurralado do que fortalecido. Outro ponto é pensar se a forma esperada de contestação em prol do isolamento, de suporte financeiro e imunização seria mesmo a manifestação de rua. A autora parece ignorar que um dos setores que mais sofreram perdas em decorrência das restrições governamentais foram os de eventos e turismo, pelo cancelamento generalizado de viagens, festas e shows. Os governos obtiveram relativo sucesso em barrar as comemorações mais tradicionais de réveillon, e isso não teria sido possível se não houvesse respaldo e colaboração popular. O relaxamento da população em relação ao combate à pandemia nos últimos meses se explica em grande parte pelo fôlego adquirido nos sistemas de saúde, motivo pelo qual os governos ganharam confiança para relaxar as medidas restritivas, sinalizando que o problema do vírus se atenuou. Mas estamos num cenário de retomada da pressão sobre esses sistemas, reforço de restrições e indicativos de aumento nos índices de isolamento social.
A ignorância das grandes ausências exagera um lado da realidade, que é aquilo que “aparece na rua”. Essa importância do “aparecer na rua” encontra seu ponto mais problemático num dos questionamentos da autora sobre se a esquerda deve ou não comparecer ao “carnaval de fevereiro”, num momento de piora global da pandemia; colapso do sistema de saúde do Amazonas (com risco real de colapso em outros estados); cancelamento oficial dos carnavais com anuência das escolas de samba, grandes blocos e do próprio Ministério do Turismo (até agora nenhuma cidade bancou manter as comemorações de carnaval). Ainda que o trabalho e os transportes públicos sejam focos de novas contaminações, não se deve menosprezar a importância dos protocolos sanitários e da escolha pelo isolamento social em relação aos lazeres, antes que casos como Manaus nos relembrem na marra que a situação atual exige um esforço coletivo – e individual – sem precedentes. Isto com certeza gera indignação aos esquerdistas liberais que acreditam não possuir responsabilidades “por tudo ser culpa do capitalismo”, e que ofendem-se ao ouvir falar em “autodisciplina”. Talvez podemos encontrar um extremo deste tipo de posição nas manifestações contra o lockdown em Berlim, em meados do ano passado, quando extrema-direita e extrema-esquerda estiveram juntas disputando visibilidade nas ruas.
A teia dos raciocínios na coluna de Isadora e o comentário de Davi levam-me a regressar a uma questão que me ocupa há anos.
Até uma data recente, pelo menos recente para mim, a esquerda reivindicava uma alteração nas relações de produção. Uma parte da esquerda referia-se à propriedade dos meios de produção, justificando assim o capitalismo de Estado. Outra parte referia-se às relações sociais no processo de trabalho, exigindo a alteração das hierarquias de gestão. Mas ambas convergiam no lugar da reivindicação, que era o lugar onde decorria o processo de trabalho.
Ora, se nas décadas de 1960 e 1970 o grande lema da extrema-esquerda era a conquista e a ocupação dos lugares de trabalho, nas últimas décadas passou a ser a conquista da rua. Gritam a rua é nossa!, como se isto não deixasse satisfeitos os patrões, já que as empresas continuam a ser deles.
Pode argumentar-se que o toyotismo e depois o seu desenvolvimento com a uberização retiraram uma parte da realidade à noção de local físico do trabalho. Mas a isto respondo que, em primeiro lugar, essa remodelação ainda atinge só uma percentagem reduzida da força de trabalho. E, em segundo lugar, a substituição de um espaço físico por um espaço virtual não deveria aparecer problemática a trabalhadores que investem os seus desejos, os seus sonhos e os seus ócios nos espaços não menos virtuais das redes sociais. Se as gerações anteriores aprenderam a ocupar empresas, estas devem aprender a ocupar espaços virtuais. O problema não é esse.
A questão é que o pós-modernismo substituiu a noção de realidade pela de narrativas. E os filhos — ou antes, os abortos — do pós-modernismo, quero dizer, os identitários de variados e intermináveis matizes, assumem essas presumidas identidades como outras tantas narrativas. Não se trata de espectáculos. São só cenários.
É neste contexto que se entende a tal conquista da rua e a ocupação dos espaços do ócio. As festas converteram-se na nova narrativa. E se nas empresas e nos locais virtuais de trabalho existe uma permanente demarcação de classes, entre quem tem e quem não tem, entre quem gere e quem obedece, nas ruas, pelo contrário, o espaço fica livre para as classes se confundirem. Já o velho barão Haussmann havia compreendido isto, quando traçou o plano da modernização de Paris.
Mas, e paro aqui um pouco, espaços comuns, mistura social, barreiras de classe a apagarem-se, a substituição da realidade por um cenário, não será que isto me lembra alguma coisa? Lembra-me o fascismo, claro.
Porque é o fascismo a recobrar alento com as medidas sanitárias indispensáveis para debelar a pandemia. Em artigos publicados neste site chamei a atenção para a convergência entre uma certa esquerda e a extrema-direita e os fascistas nos protestos de rua contra as quarentenas e os confinamentos em vários países europeus. Agora mesmo, em Portugal, onde a situação se tornou subitamente catastrófica, o reforço das medidas de quarentena depara com a oposição no parlamento da extrema-direita e dos fascistas, muito minoritários, mas em franco crescimento, e do Partido Comunista, enquanto o Bloco de Esquerda estupidamente se abstém. É o outro ingrediente que falta para o fascismo, esta convergência, ou este cruzamento, entre direita e esquerda.
Parece-me ser este o problema, no Brasil e no mundo.