Por Serafim Polydoro
Desde criança aprendi
que um gigante adormecido
é pouco, mas não bagulho:
tem cuca, índio e balão
e tem soldado pintando
tudo de ouro, verde, anil.
Vacina, só pra civil.
Mais velho, olhando bem,
tingi em preto meu humor
ao descrer nesse milagre –
fermento no bolo alheio,
Glória e Tarcísio em cartaz
com “Pra frente, sem um pio”.
Vacina, só pra civil.
Do milagre camuflado
acordei cansado e livre,
sem no entanto perceber
que verde-oliva é moldura,
condão que transforma o povo
em um, nenhum e cem mil.
Vacina, só pra civil.
A imagem que ilustra o texto é do fotógrafo Egor Myznik
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