‘Você entende de feminismo?’ Perguntava-me um colega do trabalho. Respondi: ‘Acho que entendo um pouco. Por quê?’ Ele então me conta o seguinte: ‘Estou tendo um caso com uma mulher casada, que é feminista e praticamente só quer ter comigo sexo anal. Disse-me que seu marido é mais feminista do que ela. Sendo assim ele se nega a praticar certas coisas; afirma que não vai contribuir com a submissão de uma mulher ao machismo.’ Passa Palavra

7 COMENTÁRIOS

  1. Vocês têm certeza que ainda não rolou cancelamento?

  2. Quem estiver interessado na perspectiva aberta por este Flagrante Delito e pelo anterior gostará de seguir o personagem da Profª Brinks, no romance de Andrew Klavan, Shotgun Alley.

  3. Já vi na vida real caso semelhante, envolvendo a mesma prática sexual e motivos, talvez não tão abertamente declarados, do rapaz se negar a realizá-la para a namorada. O que mostra uma moral sexual repressora laica, em substituição à religiosa, com todas suas interdições e sentimentos de culpa envolvidos. Há que ser puro. E nisso o sexo anal ainda por cima tem todo um simbolismo (e realidade) de sujeira, de impureza.

  4. No Brasil colonial e certamente noutros lugares, no final da Baixa Idade Média e na passagem para a modernidade, o sexo anal era considerado um “pecado nefando”, responsável por inúmeros processos perante o Santo Ofício. Existem diversos artigos acadêmicos a respeito na internet. Como as sociedades pré-modernas eram marcadas pela escassez, imagino que a prática do sexo anal aparecia como uma solução, ao mesmo tempo propiciando o prazer sexual e evitando ter uma boca a mais para alimentar, para além das consequências negativas da maternidade para a mulher e do grande número de mortes maternas. Claro que existia a roda dos enjeitados, as técnicas abortivas, etc., mas o sexo anal não deixava de ser uma das alternativas à disposição. Por outro lado, a Igreja condenava o prazer sexual e impunha um sexo meramente reprodutivo, tolhendo a sexualidade feminina e condenando a mulher a uma vida doméstica e patriarcal, quando não à alta probabilidade de morte. Que uma/um feminista se recuse então a praticar o sexo anal por motivos ideológicos, associando-o ao machismo, é no mínimo curioso.

  5. O sexo anal é mal visto por alguns esquerdistas porque remete a uma sujeição e a um rebaixamento da pessoa passiva, dominada em uma posição de “sexo de cachorro” e também por conta de que sentir dor é em geral mal visto, também pq se associa isso a uma forma de agressão e violência. É um moralismo que mostra a pobreza de visão que temos com respeito ao prazer, a libido, e formas livres de satisfazer os desejos. Aparentemente não se é tão livre quando se escolhe ser subjugado, humilhado, agredido etc. Esse FD me deixou pensativo com respeito a quem são os sadomasoquistas de hoje. São pessoas de direita? E também me lembrou o filme La belle de jour, em sua infelicidade e insatisfação caseira.

  6. Mas repare, Fagner, que quem se recusa a fazer sexo anal é o maridão, que tenta politizar suas preferências sexuais (no caso, a sua recusa). Por melhores intenções que existam, costuma ser sábio desconfiar de homens que se dizem feministas. Não por não o serem, mas pelos motivos que os levam a declará-lo.

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