Por Juliana Antunes
O presente ensaio se trata de uma síntese da comunicação apresentada na XIV Reunião de Antropologia do Mercosul, realizada em Agosto de 2023 na cidade de Niterói (RJ). O artigo original, apresentado na comunicação, pode ser lido AQUI .
Propor uma discussão que debata a despeito de ditames relacionados à arte e à estética requer, em um primeiro momento, o esclarecimento daquilo que compreendemos enquanto o significado de estética. Parto, aqui, da concepção de João Bernardo, expressa na série de ensaios “Arte e Espelho”, onde o autor descreve que
A estética não é um bibelot que se possa pôr e tirar. A estética é inelutável. A estética é a maneira como. A escolha da visão, do ângulo e do enquadramento é estética, uma pintura sem tinta nem pincel. O balancear do corpo a andar e o ritmo dos passos são estética, uma música sem instrumentos. O uso das mãos e a cadência dos gestos são por si só estéticos, e qualquer objecto que fabriquemos é estético, mesmo a letra que traçamos com o lápis, porque reproduz aqueles ritmos. Tudo o que fazemos, fazemo-lo de certa maneira, e essa maneira é a estética. [1]
A estética, nesse sentido, permeia a performance, os movimentos, o modo de falar, o comportamento. E a estética se insere, ainda, naquilo que nos é exterior, de modo a exercer influência à maneira como enxergamos ou concebemos uma obra de arte dentro de um determinado contexto.
Os traços que permeiam a estética têm sua definição concedida pelo código do grupo social ao qual pertencemos, pela época em que nos situamos, enfim, pelos emaranhados que constituem aquilo que Clifford Geertz [2] nomearia enquanto teia de significados, isto é, todo o emaranhado invisível que envolve, interage e molda as bases que concedem a capacidade interpretativa dos indivíduos, dando-lhes capacidade de ação e significação – ou, em palavras menos extensas, aquilo que denominamos cultura .
À maneira como a estética se apresenta, enquanto “guia” às nossas ações, quando pensa na arte, João Bernardo, ainda no Arte e Espelho, denomina-a enquanto objetificação da estética. Ressalto aqui, ademais, que a arte escapa das díades concentradas entre o belo e o feio, de modo a abranger, simultaneamente, aquilo que consideramos beleza e aquilo que consideramos monstruosidade. Além disso, ao passo em que a concepção da obra de arte é ditada pela estética, e a estética permeada pela cultura, as concepções associadas àquilo que é bonito ou feio se tornam relativas.
A partir dessas reflexões, podemos trazer à tona aquilo que surge enquanto ponto de confluência entre a arte e a política. A arte, para além de significar a objetificação da estética, também é um meio de comunicação e representação humana, capaz de interferir e ser interferida pelo meio onde se insere. Nos termos balzaquianos, poderíamos significar a arte enquanto meio de representação da realidade.
Ao passo em que a arte é influenciada pela realidade, a mesma também detém a capacidade de influência sobre a realidade. Uma exemplificação desse processo está guardada no caso do futurismo italiano, onde os ideais expressos por Marinetti no manifesto publicado em 1909 – que se voltavam, nas palavras do próprio autor, ao objetivo de “[…] glorificar a guerra – única higiene do mundo – o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo pela mulher.” [3] foram capazes de exercer influências ímpares sobre aquilo que seria o movimento fascista no país ao longo de alguns anos do século XX.
Tendo em vista o uso da arte enquanto elo à propaganda fascista, Walter Benjamin traria à tona o conceito de estetização da política, afirmando que
O fascismo tenta organizar as massas proletarizadas recentemente formadas sem tocar nas relações de propriedade para cuja abolição elas tendem. Vê a sua salvação na possibilidade que dá às massas de se exprimirem (mas com certeza não a de exprimirem os seus direitos). […] o fascismo procurava dar-lhes expressão conservando intactas aquelas relações. Consequentemente o fascismo tende a estetização da política. [4]
Assim, fica evidente o trabalho desempenhado pelo fascismo na geração de símbolos que tivessem o intuito de produzir um elo de identificação do povo para com os seus ideais. Os símbolos atuavam, nessa interpretação, em prol de um ocultamento dos reais ideais fascistas, de modo a produzir, através do aparato estético-artístico, algo como um invólucro.
Partindo, pois, à discussão concentrada no kitsch, quando pensamos em tal termo é comum que venha-nos à mente composições bregas, exageradas, toscas. Essa imagem “automática” não é de tudo errônea, se levamos em consideração que o sufixo do termo, derivado da palavra alemã verkitschen refere-se a um significado próximo ao vulgar se traduzido para nossa língua.
Um dos primeiros autores a se utilizar do termo kitsch foi Edgar Morin, em 1962. Morin definiria que o kitsch é uma arte própria para o consumo, uma “arte mastigada”. O kitsch, de maneira diferente ao pompier, que reproduzia os estilos clássicos das obras de arte, executava uma ação de cópia das obras, tendo seu ápice de sucesso no período referente à predominância da cultura de massas.
Uma exemplificação primorosa do kitsch nos nossos tempos poderia ser feita a partir da recordação da obra “A última ceia”, de Leonardo da Vinci. A obra original, produzida em 1495, levou dois anos para ser finalizada e levou em sua composição materiais como a têmpera, a mástique, o gesso e um tipo de betume – além de ter a disposição das imagens retratadas milimetricamente calculada. Hoje, entretanto, a obra que se tornou um ornamento predominante em diversas residências, é reproduzida em segundos a partir de impressoras eletrônicas, utilizando enquanto material o plástico e propondo deformações em sua composição.
O kitsch, nesse sentido, é a materialização da reprodutibilidade técnica descrita por Walter Benjamin, artifício responsável pela destruição da aura da obra de arte, de seu testemunho histórico e de sua autenticidade.
No prisma das características que permeiam o kitsch, por sua vez, se inserem o melodrama, o exagero, o apelo religioso. Em outros termos, há, no kitsch, a busca ferrenha pelo trabalho com os sentimentos mais fervorosos daquele que se apresenta enquanto receptor da obra.
É, pois, justamente por conta do vínculo do kitsch com as emoções e com os meios de reprodutibilidade técnica que o mesmo foi – e é – usado nos fascismos. Haja vista a necessidade já descrita por Walter Benjamin de dar às massas a capacidade de se expressar, ou o descrito por João Bernardo – no “Labirintos do Fascismo” –, onde, nos fascismos, a forma teria superioridade em relação ao conteúdo, visualiza-se a necessidade ritualística do fascismo [5]. Esses rituais, por sua vez, possuem características como o retorno ao passado glorioso, encenado por representações festivas em datas específicas [6].
Outro aspecto do kitsch vinculado aos fascismos se dá no âmbito do discurso. Ao passo em que, enquanto estilo estético, o kitsch busca a construção da ideia de que as pessoas que o consomem estão em contato com a mais alta e nobre das artes, no âmbito discursivo, o kitsch, como descreve Luis Felipe Miguel [7], teria o ínterim de dar às massas a ilusão de se inserir nas mais altas discussões políticas – quando, na realidade, estas estavam fadadas apenas à posição de espectadoras das relações de poder. Mais uma vez, observa-se a confirmação da teoria benjaminiana da estetização da política, no que tange à ilusão das massas de que as mesmas estariam se exprimindo.
Relacionar toda essa discussão ao bolsonarismo requer, em um primeiro momento, refletir que, tal qual em outras representações do fascismo, no bolsonarismo o uso da estética também se apresentou em latência. Ao longo de seu governo – e mesmo fora do poderio –, Jair Bolsonaro criou e utilizou de diversos símbolos que permitiram uma expansão de sua influência e a consolidação de sua base de apoio.
Ainda no decorrer da campanha eleitoral de 2018, não apenas a própria base eleitoral de Bolsonaro, mas também ele próprio, intitulava-o sob a alcunha de mito, de messias. A denominação em questão seria derivada, tanto da apresentação de Bolsonaro enquanto uma representação outsider, antônima ao establishment, quanto enquanto uma própria narrativa mística de “enviado divino”.
O eixo místico do bolsonarismo, que certamente é um dos vieses mais marcantes de sua estética, também se dá na martirização de Jair Bolsonaro, constituída com vigor em dois momentos: primeiramente diante da facada na campanha eleitoral de 2018, e, posteriormente, diante do ensaio fotográfico de 2023, consecutivo à decisão de sua inelegibilidade.
No ensaio em questão, Bolsonaro exibe a cicatriz resultante da facada anteriormente referida. Ao divulgar a fotografia, o ex presidente afirmou que, no presente, o mesmo recebeu uma “facada pelas costas”, dada pelo sistema político. Ações como essas consolidam a imagem de Bolsonaro enquanto representação última e injustiçada de um movimento que o vangloria e o enxerga enquanto figura sobre-humana Em um ensaio redigido em Janeiro deste ano afirmei que o bolsonarismo independe de Bolsonaro, o que se comprova real, haja vista a sua ausência no poder ou a própria dissidência de alguns membros da base bolsonarista em relação ao mesmo; todavia, no que tange este último ponto, é importante destacar que o bolsonarismo não é hegemônico, de modo que algumas pessoas que compõem tal grupo seguem com firmeza no culto ao seu líder, enquanto outras continuam proferindo seus ideais de modo distanciado à sua imagem.
A religiosidade e misticismo bolsonarista se apresentam, ainda, no fulgor pelo cristianismo. A performatividade religiosa representada por ações como se atirar de joelhos e orar nas manifestações, as recorrentes correntes de oração realizadas nos grupos virtuais, a presença de símbolos como Bíblias e terços em seus cotidianos, ou a criação da ideia de uma “guerra espiritual” – principal articulador do nós vs eles do bolsonarismo – ilustram bem esse aspecto.
Ademais, o bolsonarismo se utiliza, também, do culto à morte, ilustrado por falas de auto-sacrifício – como “Soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde” – pela forte atração pela violência contra os seus rivais ou contra aqueles que enxergam enquanto “sujeira do país” – aspectos ilustrados a partir de falas que almejam a morte dos membros do Partido dos Trabalhadores (PT), como o “Vamos fuzilar essa petralhada do Acre!” ou a partir do “Bandido bom é bandido morto”, que se tornou uma das principais bandeiras do movimento. O fulgor pelas armas, outrossim, que chegam a ser instrumentos ornamentais, tal qual ilustram as obras de Rodrigo Camacho, carioca que produz obras políticas com cartuchos da Polícia Militar, pode ser também tomado enquanto aspecto desse culto à morte e à violência.
Outro aspecto latente da estética bolsonarista se dá no âmbito nacionalista. Os slogans e bordões como “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, o ato de cantar o hino nacional de maneira emocionada e a plenos pulmões, ou o uso de vestimentas que quase se tornam uniformes do movimento – como as camisetas da seleção brasileira de futebol, as vestes de caráter militar, ou as bandeiras penduradas às costas como uma espécie de capas àqueles que se enxergam enquanto heróis da nação – são exemplificações disso.
Tendo isso em vista, podemos lançar – e responder – a uma questão: o bolsonarismo se utiliza do kitsch?
Para além de tudo o que já foi destacado em relação à estética bolsonarista nas últimas linhas, uma representação clara do kitsch bolsonarista – se levarmos em conta as características do kitsch que busquei destacar em linhas anteriores do presente ensaio – estaria vinculada às obras escandalizantes de Lucimary Billhardt, marcadas pelo melodrama, pelo exagero ou, simplesmente, pelo brega.
Todavia, para além dessa que poderia ser uma das mais óbvias representações do kitsch bolsonarista, outras caracterizações referentes ao mesmo estariam presentes à recorrente proposta de retorno a um passado glorioso – representado aqui pela Ditadura Militar Brasileira –, ou pela própria ilusão das pessoas que integram o meio bolsonarista, que se enxergam enquanto pertencentes às mais altas discussões sobre política – o que é performado a partir de frases referentes a um suposto “despertar” desse grupo, objetificado em bordões como “Brasil, teu povo acordou!”.
Outras representações, vigentes no exagero das motociatas ou dos desfiles dos 07 de Setembro, ou ainda, na própria performance de Bolsonaro de modo análogo ao ridículo – como se deu em uma reunião em 2019 que visava definir o texto da Reforma da Previdência, onde Bolsonaro apareceu de terno, camiseta colorida, calça de pijama e chinelos, por exemplo, ou em falas toscas como o “Imbroxável” no 07 de Setembro de 2022 – representam o uso do kitsch pelo ex-presidente.
Jair Bolsonaro soube se utilizar do kitsch de modo ímpar, construindo um gozo estético que promove a ação de um grupo massivo de maneira incendiária. Além disso, o uso dos novos meios de reprodutibilidade técnica pelo presidente foi ímpar à criação de uma identidade e uma teia cultural, que tem seus próprios mitos, crenças, performances e ideias.
A partir de tudo isso, retornemos à pergunta anteriormente lançada: o bolsonarismo se utiliza do kitsch? Não. Muito mais que isso. Na política brasileira contemporânea, o bolsonarismo é o próprio kitsch .
Notas:
[1]: BERNARDO, João. Arte e Espelho. Passa Palavra. 2021. Disponível em: <https://passapalavra.info/2021/05/138186/> Acesso em 23 Jun. 2023.
[2]: GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1989.
[3]: MARINETTI, Filippo Tommaso. Manifesto do Futurismo. 1909. Disponível em: <https://comaarte.files.wordpress.com/2013/06/manifesto-do-futurismo.pdf> Acesso em 25 Jun. 2023.
[4]: BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época da possibilidade de sua reprodução técnica (5a versão). In: BENJAMIN, Walter. Estética e Sociologia da Arte. Belo Horizonte: Autêntica. 2021.
[5]: BERNARDO, João. Labirintos do Fascismo: fascismo como arte. Labirintos do Fascismo, volume 5. São Paulo: Hedra. 2022.
[6]: BERNARDO, João. Três Percursos no Labirinto.2. Passa Palavra. Mar. 2023. Disponível em: <https://passapalavra.info/2023/03/147230/> Acesso em 28 Jun. 2023.
[7]: MIGUEL, Luis Felipe. Falar Bonito: o kitsch como estratégia discursiva. Revista Brasileira de Ciência Política. N.6, jul./dez. 2011.
A imagem em destaque se trata de uma fotografia da estátua feita por um apoiador de Jair Bolsonaro em 2021.
Discussão essencial! No início do governo Bolsonaro, me lembro de enviar para um camarada das artes visuais uma dessas pinturas kitsch que começaram a surgir do “mito”, provavelmente aquela de Romero Britto (rimou), dizendo que estava começando a surgir uma arte fascista no Brasil, ao que ele me respondeu com algum ceticismo: “não sabia que existia arte fascista!” (ou algo assim…). Por isso, não abro mão do texto de Walter Benjamin em minhas aulas…
Seriam os memes o kitsch 2.0?
Uma pergunta para a autora: esse kitsch que você afirma se confundir com o bolsonarismo se resume a ele ou podemos encontrá-lo também do outro lado do espectro político, ou seja, na esquerda?
Uma pergunta para o curioso PH: ele interpela a autora ‘enquanto’ fotógrafa ou bolsonaróloga?
Ulisses, enquanto bolsonaróloga.
Atualmente no Brasil em pleno século XXI. Em 2023…
Falta arte séria e verdadeira.
O PT venera a indústria cultural. O mau gosto.
Tudo quanto é breguice e baranguice vinda de Brasília. A saber:
PT é brega.
PT é kitsch político.
O mula é um aPedeuTa.
Nivela tudo por baixo: a cultura, a “arte” e a educação.
Paulo Henrique,
Talvez aqui tenha um exemplo:
https://youtu.be/VRijgIgrDUI?si=Jo5J8G8G0vPQRv4P
CONVESCOTE DUGUINISTA
fresquinha tarantela assedia PH, arriscando-se a uma represália ultrabolchevique de Cordame de Notre Cunda ‘enquanto’ lésbico-bordiguista.
Irado,
Certamente Benjamin teria uma arritmia ao ver a circulação dos quadros do Britto. Mas me arrisco a dizer aqui que não creio ter sido Romero Britto o “precursor” dessa arte fascista no Brasil, já que o mesmo pintou também imagens (como do Obama, da Dilma e até da princesa Diana, por exemplo). Creio que ele tende muito mais a ser um “surfista” em ondas políticas e um fetichista de figuras que detenham algum tipo de autoridade – além de uma representação viva do kitsch no Brasil.
A obra do Romero Britto é, claramente, produzida para o mercado, para ser reproduzida cada vez mais (quem nunca viu, no Brasil em qualquer lojinha de bugingangas, objetos variados estampados com artes dele?). É, evidentemente, a “arte mastigada” descrita pelo Morin, que citei no texto.
Ah, e existe nesse site – não sei se viu – um texto especificamente sobre o Romero Britto: https://passapalavra.info/2020/11/135251/
Forte abraço,
J.A
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Anarco-aceleracionista,
Se partimos das características da alta circulação e, muitas vezes, do ridículo, creio que acabaríamos sim pensando no meme como uma vertente do kitsch. Até se buscarmos o significado da palavra “meme”, o mesmo seria próximo da mimese, do ato de imitar, termo vinculado às publicações compartilhadas de maneira massiva no campo virtual.
Mas eu creio que existam entre o humor, o kitsch e o meme linhas muito tênues. Isso porque o humor muitas vezes apela ao kitsch, ao passo em que o meme costuma usar do recurso do humor – e da ‘mimese’. Assim, essa é para mim uma pergunta com uma resposta incerta, já que no âmbito estético nem sempre o meme vai ter a caracterização de apelo emocional do espectador que está guardada no kitsch – ao passo em muitos memes, sobretudo aqueles com uma tendência mais política, estariam empenhados nesse acesso às emoções calorosas do receptor, outros são apenas mais uma gracinha em um mundo efêmero, que não atingem propriamente essa esfera das emoções.
Então, para sintetizar, creio existirem relações muito estreitas entre o meme e o kitsch – e que alguns memes sejam sim kitsch. Porém não seria o caso de cravar o meme enquanto um “kitsch digital”.
Forte abraço,
J.A
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Paulo Henrique,
Primeiramente não sei como reagir à atribuição de “bolsonaróloga” (rs).
Ainda que o vídeo linkado pelo ‘Quentinho’ possa ter respondido à sua pergunta, sugiro que pesquise pelas edições computadorizadas de autorretratos da Frida Kahlo (as que a colocam em uma estética “moderna”, com camiseta de bandas de rock e calças jeans). Ainda que eu não seja a “fã número 1” da artista, acho que esse tipo de edição mostra que a esquerda não está imune ao kitsch (assim como também não está imune às tendências fascistizantes).
Forte abraço,
J.A
Cara Juliana, conforme conversávamos em outro espaço, entendo que Romero Britto estimulou com seu retrato de Bolsonaro outros “artistas” a fazer o mesmo. Não conhecia o artigo publicado aqui no site sobre o pintor, mas gostei bastante. Só não tenho certeza se a tal “guinada” citada pelo autor, ao identificar que Britto não representou Bolsonaro com um coração no rosto como fez com outras “celebridades”, signifique uma possível e inusitada postura crítica. Pode muito bem ter sido uma forma de respeitar a “masculinidade” misógina e homofóbica tão propalada pelo então eleito Presidente. Como saber? Por outro lado, me parece que o simples fato de Britto ter sido um criador dessa celebração massificada do pastiche do poder, independente de quem o personifique – o que queda demonstrado pela variedade de “celebridades políticas” representadas por ele, dos mais variados espectros políticos -, pode ser a característica de uma estética fascizante, de caráter populista, muito anterior e independente do bolsonarismo. Apenas uma hipótese… Grande abraço,
Uma vez mais, o Passa Palavra previne os leitores de que não serão publicados comentários com insultos e obscenidades.