“Não sou de esquerda, nem de direita. Muito pelo contrário.” Dizia ele aos colegas, nos anos 1990, numa escola qualquer, no interior do Mato Grosso do Sul, Brasil. Quem ouvia tomava aquilo como mais uma prova da falta de juízo do colega. Passa Palavra

7 COMENTÁRIOS

  1. Mas odisseu verbalizou com frequência nos comentários deste blog que “esquerda e direita são braços do kkkapital.”

  2. Acho que basta dar uma olhadinha na história e ver a importância da esquerda para o desenvolvimento e legitimação do capitalismo. Atualmente, a esquerda só quer saber de desenvolver questões identitárias e sexuais e a lógica de exploração capitalista absorve isso totalmente, sem nenhum ônus. Quando se aventura na seara econômica é para mexer na distribuição e não na esfera produtiva (que deve ser sempre o centro de ataque da classe trabalhadora, afinal somente a partir dali que poderemos desenvolver uma nova forma de produção e organização social, substancialmente superior ao atual sistema).

  3. Então não há falta de juízo em se declarar “nem esquerda, nem direita”, afinal, se a esquerda se converteu em uma das facções política-partidárias da gestão do sistema econômico, por que não seria legítimo a declaração de não alinhamento a quaisquer um dos que postulam esse gerenciamento? Nota: odisseu=ulisses.

  4. As frases, “a esquerda só quer saber de desenvolver questões identitárias e sexuais” e, “a esfera produtiva […] deve ser sempre o centro de ataque da classe trabalhadora”, não demonstram uma contradição.

  5. Também não há contradição entre “esquerda e direita são braços do kkkapital.” e “Não sou de esquerda, nem de direita, aliás muito pelo contrário.” Na verdade, quem toma a primeira assertiva como verdadeira – ou pelo menos verossímil – deveria pelo menos considerar razoável a segunda, porque, se duas coisas são braços de uma terceira, isto é, de um mesmo organismo, ainda que diferentes, não deixam de ser complementares. Não haveria, portanto, falta de juízo na segunda assertiva, porque esta é uma conclusão desdobrável da primeira, tomando-se por premissa que o autor da primeira assertiva e seus seguidores sejam contrários a quaisquer processos de estratificação racial(daí a referência à KKK)e socioeconômica(o capital).

  6. A propósito, “nem de direita nem de esquerda, sou comunista”, eram os dizeres de uma camisa vendida pelo Círculo de Estudos da Ideia e da Ideologia (CEII). A meu juízo, a questão principal não são as decisões tomadas pela esquerda ou pela direita. A capacidade do terreno institucional no interior do qual esquerda e direita se digladiam é superior à qualquer intencionalidade de qualquer um dos “braços” venham a ter. A “esquerda só quer saber de desenvolver questões identitárias e sexuais” ou foi esse o papel que restou às esquerdas no âmbito disso que chamam de “política”?

  7. Então você não considera “falta de juízo” em alguém afirmar “nem esquerda, nem direita”, certo?

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